O aumento da competição entre países para atrair profissionais de tecnologia tem crescido nos últimos anos. Para fazer essa medição, desde 1989 o IMD (International Institute for Management Development) sigla em português para Instituto Internacional de Desenvolvimento Gerencial, da Suíça, adotou uma abordagem tripla para medir a mão de obra capacitada em 63 países. No último estudo, em 2022, o Brasil subiu três posições, da 60ª para a 57ª colocação.
O método do IMD mede os recursos destinados ao cultivo de mão de obra própria, avalia até que ponto uma economia atrai estrangeiros e retém talentos e avalia a qualidade das habilidades e competências disponíveis no banco de talentos de um país. Os dados de 2022 mostram o Brasil à frente apenas de México, Bulgária, África do Sul, Colômbia, Mongólia e Venezuela, que é a última da lista.
Quem lidera a lista é a Suíça pelo sexto ano consecutivo. Em seguida, Suécia, Islândia, Noruega e Dinamarca são os cinco países nas melhores posições. Na América do Sul, o chamado Índice Global de Talentos colocou o Brasil atrás do Peru (46º), Chile (47º) e Argentina (56º).
Para Matheus Lúcio, especialista em desenvolvimento de softwares, o cenário de oferta de profissionais de tecnologia no mercado brasileiro é desafiador atualmente. Embora a demanda por profissionais de tecnologia esteja aumentando, há uma escassez de talentos no mercado para atender a essa demanda. “Várias empresas têm dificuldade em preencher suas vagas em áreas como desenvolvimento de software, análise de dados e segurança cibernética”, relata.
A competição por profissionais qualificados
Um estudo divulgado pela KPMG em 2022 mostrou que 88% de 152 executivos de vários países, preveem ampliar seus investimentos em capital humano. A pesquisa mostrou que a insuficiência global de profissionais especializados não é algo novo para o mercado. Já o desafio é a atração de talentos, causado pelo aumento da concorrência provenientes de gigantes da tecnologia e empresas de plataformas, o que preocupa os entrevistados.
Há várias razões para essa escassez de talentos, diz Matheus Lucio. Ele inclui a falta de investimento na educação em ciência da computação e tecnologia e a carência de incentivo para jovens estudantes escolherem carreiras em tecnologia, além da necessidade de programas de formação de talentos e políticas que apoiem o desenvolvimento de carreira. “O Brasil tem um grande número de talentos em tecnologia, mas muitos deles emigraram para outros países devido à falta de oportunidades de carreira e baixos salários”, diz.
O especialista conta que países como os Estados Unidos, Canadá e Reino Unido estão oferecendo incentivos fiscais e programas de visto para atrair talentos de tecnologia de todo o mundo. “O Brasil tem um enorme potencial em tecnologia e pode competir em igualdade com outros países, mas precisa melhorar suas políticas de formação de talentos e incentivar a educação em tecnologia”, aponta.
As soluções para reter profissionais no Brasil
Para atender à crescente demanda por profissionais de tecnologia, é importante que o Brasil invista em políticas que apoiem a formação de talentos em tecnologia e criem um ambiente favorável para a inovação, comenta Matheus Lucio. Ele diz que o país precisa aumentar o acesso à educação em tecnologia e fornecer incentivos para que os estudantes escolham carreiras em tecnologia.
Além disso, o governo precisa implementar políticas fiscais que incentivem a criação de empresas de tecnologia e startups, que possam gerar novos empregos e ajudar a atrair talentos para o país. “Acredito que, com essas políticas, o Brasil pode se tornar um importante hub de tecnologia na América Latina e competir em igualdade com outros países em todo o mundo”, completa.
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