O Brasil ocupa o 5º lugar em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de adultos afetados, perdendo apenas para China, Índia, Estados Unidos e Paquistão, de acordo com o Atlas do Diabetes, da Federação Internacional de Diabetes (IDF). A previsão é que esse número aumente para 21,5 milhões até 2030.
O tipo 2 é o mais comum, afetando cerca de 90% dos casos de diabetes, enquanto o tipo 1 representa aproximadamente 5 a 10% dos casos e é causado pela destruição das células produtoras de insulina, pelo sistema imunológico.
No entanto, nos últimos sete a oito anos, o tratamento do diabetes tipo 2 passou por uma revolução significativa. Anteriormente, os medicamentos antidiabéticos disponíveis focavam em controlar os níveis de açúcar no sangue, diminuindo o risco de utilizar insulina no futuro e reduzindo as complicações metabólicas associadas ao diabetes. Porém, duas novas classes terapêuticas surgiram, oferecendo avanços consideráveis no tratamento.
De acordo com o endocrinologista Dr. Joel Heitor Filho, do Hospital Mater Dei Santa Genoveva, a primeira classe é composta pelos Inibidores de SGLT2, um grupo de medicamentos em forma de comprimidos. Esses inibidores atuam nos rins, permitindo a eliminação de glicose e sódio, pela urina. O mecanismo resulta em benefícios renais, reduzindo o risco de insuficiência renal a longo prazo, além de benefícios cardíacos, como a redução de eventos cardiovasculares e insuficiência cardíaca. No Brasil, existem duas opções disponíveis: dapagliflozina e empagliflozina.
A segunda classe terapêutica são os análogos de GLP-1, inicialmente desenvolvidos como medicamentos injetáveis e, atualmente, também disponíveis em forma oral. Esses análogos agem em diversos mecanismos fisiopatológicos do diabetes tipo 2, controlando a doença de maneira mais eficaz. “Além de reduzir o risco de complicações e a necessidade futura de insulina, eles também demonstraram benefícios significativos na redução da mortalidade cardiovascular. Os análogos de GLP-1 auxiliam na perda de peso, agindo no centro da fome no cérebro e aumentando o metabolismo”, diz o médico. Atualmente, a semaglutida (comercializada como Ozempic) está disponível no mercado brasileiro, e novos medicamentos, como o WEGOVY (semaglutida em dose mais alta) e o Mounjaro (tirzepatida), estão previstos para serem lançados em breve.
É importante ressaltar que essas classes de medicamentos não são exclusivas para o controle do diabetes tipo 2. Estudos comprovam sua eficácia no tratamento da obesidade, o que torna esses avanços ainda mais promissores para um número maior de pacientes.
No que diz respeito ao diabetes tipo 1, que afeta cerca de 10% dos diabéticos, o tratamento continua dependendo do uso de insulina. “No entanto, houve melhorias significativas nas opções terapêuticas disponíveis. As insulinas modernas, aplicadas subcutaneamente uma vez ao dia, proporcionam um controle mais eficaz da doença e reduzem o risco de complicações. Além disso, há avanços no monitoramento da glicemia, como o dispositivo Freestyle Libre, que permite medições contínuas e precisas da glicose, melhorando a adesão dos pacientes ao tratamento”, explica Joel.
Outra opção para o diabetes tipo 1 é a bomba de infusão contínua de insulina, um dispositivo semelhante a um pâncreas artificial. Essa bomba é implantada subcutaneamente e administra insulina de forma contínua. O paciente também pode calcular a quantidade necessária de insulina antes das refeições, fornecendo uma dose adicional, conhecida como bólus, para cobrir o aumento pós-prandial da glicemia. Embora essa opção seja mais cara e exija uma maior participação ativa do paciente, ela oferece uma alternativa interessante para alguns indivíduos.
Dr. Joel alerta que é fundamental destacar que, independentemente do tipo de diabetes, a adoção de uma dieta equilibrada e a prática regular de exercícios físicos são aspectos essenciais no tratamento. A contagem de carboidratos e o equilíbrio no consumo de proteínas, gorduras e fibras, são fundamentais para controlar a doença. Além disso, a prática de exercícios físicos, tanto aeróbicos quanto resistidos, desempenha um papel vital na gestão do diabetes.
Com a introdução dessas novas classes terapêuticas e avanços nos métodos de controle, os pacientes diabéticos agora têm acesso a opções de tratamento mais eficazes, capazes de controlar a doença e reduzir o risco de complicações. “Esses avanços representam uma verdadeira revolução no tratamento do diabetes tipo 2, além de proporcionar benefícios adicionais no gerenciamento do peso”, finaliza o endocrinologista.
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