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A arquitetura magistral do célebre Índio da Costa

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Luiz Eduardo Índio da Costa é considerado um dos principais arquiteto do país. Nasceu no Rio Grande do Sul e se radicou no Rio de Janeiro. Formou-se arquiteto em 1960, pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Brasil, atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Índio da Costa fundou seu escritório em 1972, e com o ingresso de seu filho Guto Índio da Costa, em 1996, passou a atuar no campo do design, passando a chamar-se Índio da Costa Arquitetura e Design. Foi o primeiro arquiteto a receber o prêmio Comenda Niemeyer, em 2006, do Instituto de Arquitetos do Brasil, criado no mesmo ano. Entre suas principais obras podemos citar: O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), 1973; Sesc Madureira, Rio de Janeiro,1974; Colégio Veiga de Almeida, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro,1986; Rio-Cidade Leblon, 1995 e Revitalização do Pier Mauá, 1996. “Há uma musicalidade evidente no lado plástico da arquitetura, mas é forçoso reconhecer que a arquitetura de boa qualidade não se restringe à forma, como acontece com a escultura, por exemplo. A função também é um componente importante da arquitetura e indissociável da sua plasticidade. A definição de Goethe é linda, mas forma e função tem que se equilibrar. Arquitetura, para mim, é uma paixão e definir paixão é quase impossível”, afirma o arquiteto que faz parte do renomado e procurado escritório A.U.D.T.

Arquitetura é uma corrida de longa distância?

A vida é uma corrida de longa distância e a arquitetura perpassa muitas vidas, através de evoluções naturais que acontecem por conta de modificações comportamentais, hábitos e principalmente, através de evoluções tecnológicas, que se refletem em novos métodos construtivos – cada vez mais ousados.

Para Goethe, a arquitetura é a música petrificada. Qual a sua definição de arquitetura?

Há uma musicalidade evidente no lado plástico da arquitetura, mas é forçoso reconhecer que a arquitetura de boa qualidade não se restringe à forma, como acontece com a escultura, por exemplo. A função também é um componente importante da arquitetura e indissociável da sua plasticidade. A definição de Goethe é linda, mas forma e função tem que se equilibrar. Arquitetura, para mim, é uma paixão e definir paixão é quase impossível.

Sua intuição o levou para o seu ofício. O que esta intuição o fez fazer já inserido no universo do seu trabalho?

Considero muito e respeito a intuição, como uma forma suprema de inteligência. A intuição está presente em todas as minhas propostas arquitetônicas. Ela é um atalho para o raciocínio lógico. É um instrumento indispensável, na concepção de todos os meus projetos.

Em que momento o arquiteto pode ser considerado um artista?

A arte perpassa todas as atividades humanas. A sua principal função, é emocionar. A arquitetura só é boa, quando atende o seu objetivo e emociona. É aí que entra a arte na concepção arquitetônica.

O arquiteto também é um pensador?

Entendo que pensar é talvez o grande diferencial entre o homem e os demais animais. Está presente em todas as atividades do nosso dia a dia. O arquiteto é um natural pensador, mas este pensamento se torna mais amplo e abrangente, no urbanismo, onde se aprofundam outros componentes como sociologia, antropologia, política, etc.

A junção entre o artista e o pensador é o que faz o arquiteto ser, praticamente perfeito, no exercício de suas funções?

Não acho que o arquiteto consiga ser perfeito, embora persiga constantemente este objetivo, e não distingo o artista do pensador. Ambos funcionam juntos: emoção e razão em sintonia.

O que não pode faltar em suas obras?

Empenho, amor, dedicação e suor, não só na sua concepção, mas também na sua materialização, no período da obra.

Não ter uma linha definida é um fator que traz benefícios para o seu modo de ver a arquitetura?

Se por linha definida se entende uma plasticidade replicada, como na arquitetura do Calatrava ou do Frank Ghery, sim, concordo. Eu acho que a diversidade enriquece a produção arquitetônica, como no caso do Renzo Piano ou do Norman Foster, que mantêm princípios, mas não são reféns de uma única plasticidade.

O que pode podar a inventividade de um arquiteto?

Nada consegue podar a inventividade de qualquer pessoa, a não ser os limites internos que ela mesma se impõe. Criar, é se desenvencilhar das amarras e, como diz Spinoza: “ser livre é ter conhecimento pleno dos cordéis que nos manipulam. Só o conhecimento destes cordéis, nos liberta dos mesmos e nos torna livres para criar”.

Em uma certa ocasião o senhor falou sobre a capacidade de não se repetir do arquiteto Renzo Piano. Esta busca de não repetição é um estímulo para você também?

Sim, acho a repetição enfadonha e tento sempre renascer a cada novo projeto, que encaro como uma oportunidade de renovação.

Qual dos seus trabalhos tiveram um grande impacto emocional e que foram canalizadores de outras criações que vieram logo a seguir?

Alguns projetos tiveram maiores impactos emocionais do que outros, como: o Sesc Madureira, o INMETRO, o Rio Cidade Leblon (entre os que se transformaram em realidades). Entretanto, não acho que tenham sido catalizadores de projetos subsequentes. Talvez o projeto dos caminhos aéreos Pão de Açúcar tenha me induzido ao projeto Rio Panorâmico, do ponto de vista conceitual. Do ponto de vista puramente formal o Pão de Açúcar me influenciou no projeto do Centro Cultural Sesc Paraty, ora em construção.


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