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A arte é como um escape para o artista Alex Senna

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Desde 2006, o artista plástico e ilustrador Alex Senna, transforma os muros da capital paulista em telas para os mais variados desenhos. As relações humanas e aquilo que envolvem – amor, rivalidade, alegria, tristeza ou solidão – são seus temas prediletos: “Por ser algo comum, o link acaba acontecendo. E quando a mágica acontece, meu trabalho está feito”. Influenciado por cartunistas como o renomado Mauricio de Sousa, o norte-americano Will Eisner, o inquieto Ziraldo e o argentino Quino, o ilustrador e artista plástico mergulhou no grafite por insistência de dois amigos do ramo. Com os pés no chão, além de um olhar firme sobre a sua vida e trabalho, o artista hoje cada vez mais conhecido e reconhecido diz: “A arte salva. A arte muda pessoas, transforma, comunica, é o dever e responsabilidade do artista de usar suas habilidades em prol de causas sociais que estimulem a reflexão sobre como vivemos. A arte é como um escape, um vômito que faz toda a diferença na vida, é o que me dá combustível pra sobreviver. O mundo é um lugar lindo, porém, hostil. (…) Tento ser sincero com a minha arte, sem muitas pretensões. Faço o que posso dentro dos meus limites. (…) O que vivo não é necessariamente o que está sendo retratado, são pensamentos e ideias que acredito. (…) Mas quando fui pra rua, na influência do graffiti, fazia desenhos mais coloridos”.

Alex, você disse que várias pessoas de sua família desenham, porém, você foi único que foi atrás para que o seu desenho não fosse um simples hobby. Em que momento você colocou como objetivo, que seria um ilustrador?

Era a única diferença entre mim e o resto das pessoas. Comecei a me dedicar mais em 2002 e daí pra frente nunca mais parei.

A maioria dos seus desenhos são em preto e branco. Isso se deu para diferenciar o seu trabalho dos demais, ou por outros motivos que não este?

Sempre desenhei em preto e branco, mas quando fui pra rua, na influência do graffiti, fazia desenhos mais coloridos, quando percebi que não fazia sentido colorir, já que nunca gostei disso, fui pro preto e branco, onde fico mais a vontade. A diferença penso que está nas influências, gosto de quadrinhos, fui mais pra essa onda.

A arte deve ter um papel social?

Claro, a arte salva. A arte muda pessoas, transforma, comunica, é o dever e responsabilidade do artista de usar suas habilidades em prol de causas sociais que estimulem a reflexão sobre como vivemos e o sistema que nos rege.

Seus temas favoritos são os relacionamentos e a melancolia. Por que esses assuntos são tão centrais em sua arte?

Desenho o que vejo ao redor, esse lado me chama mais atenção, acho um lado mais verdadeiro do ser humano.

Em alguns de seus desenhos (e para nós os mais sentimentais) existe um personagem de boné com a sua amada, ora de mãos dadas, ora se beijando e, ora se abraçando. Ele é o seu alter-ego?

Às vezes sim, às vezes não. O que vivo não é necessariamente o que está sendo retratado, são pensamentos e ideias que acredito.

Qual o lugar mais inóspito e distante que você gostaria de impactar com o seu trabalho?

Gosto de lugares antigos e que de certa forma, já tenham uma carga histórica.

Qual de seus desenhos lhe causou mais impacto pessoal quando criava?

Cada um tem seu momento particular, não posso escolher um. Cada experiência é diferente, a interação com as pessoas, a adrenalina, os riscos… Cada vez é uma vez.

Por que a frase do poeta Ferreira Gullar “A arte existe porque a vida não basta”, fala tanto com você?

Não me conformo muito com o suposto jeito de viver, nascer, estudar, casar, ter filhos, é tudo programado. A arte é como um escape, um vômito que faz toda a diferença na vida, é o que me dá combustível pra sobreviver. O mundo é um lugar lindo, porém, hostil. Se deixar você é engolido pela coisa toda.

Alguns dizem que sua arte é sensível e lúdica. E você, como enxerga as suas criações?

Tento ser sincero com a minha arte, sem muitas pretensões. Faço o que posso dentro dos meus limites.

Quando visitou a Whitburn Church of England Academy, algumas publicações do exterior, diziam que seus trabalhos são inspiradores. Como foi essa experiência em particular?

Essa escola era linda e de frente pra praia, mas a cidade era meio bucólica, havia vários casos de suicídio, além de um passado na Segunda Guerra, onde serviu de base para soldados por conta do local estratégico no mar. Então senti a necessidade de fazer algo positivo.

Quando entrevistamos um de seus ídolos, o cartunista Mauricio de Sousa, uma das coisas mais interessantes que ele disse foi que o sucesso não se planeja, simplesmente acontece. Como você lida com a exposição cada vez maior do seu trabalho, enfim, com o sucesso que criador e criações estão tendo nesses últimos anos?

Tudo é trabalho, tem que correr atrás, o sucesso pode ser o reconhecimento de anos de produção. O que importa é sempre estar na ativa.


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