Grace Gianoukas é atriz, diretora, autora, humorista, cronista e produtora nascida no RS. Suas atuações chamaram atenção em diversos espetáculos, como “O Amigo da Onça”, de Chico Caruso, com direção de Paulo Betti, e “O Pequeno Mago”, do grupo XPTO, trabalho que lhe rendeu o Prêmio do Ministério da Cultura de Melhor Atriz. Na década de 1980, após as participações em “Acre vai à Rússia”, (Élcio Rossini) e “Dias Felizes” (Samuel Beckett), Grace fundou junto à Ângela Dip, a Cia Harpias e Ogros, e nesta, criou, produziu e atuou em quatro espetáculos e paralelamente, foi convidada para diversas montagens teatrais. No início dos anos 90, participou do programa infantil “Rá-Tim-Bum” da TV Cultura. É idealizadora de um dos projetos que renovou o humor de São Paulo no início dos anos 2000: “Terça Insana” (projeto teatral que incentiva novos atores e autores de humor). O projeto revolucionou o humor brasileiro e ainda permanece em cartaz. Atuou também em “Sobre Amor e a Amizade”, baseado na obra de Caio Fernando Abreu. Fez uma pequena participação em “Cúmplices de um Resgate” (2015), no SBT como Benedita. Em 2016, a atriz passou a interpretar Teodora Abdala na novela “Haja Coração” (uma nova versão de Sassaricando). Em agosto dirigirá o espetáculo “Vamos Falar de Amor, Amor?”, além de participar de séries no Multishow (“O Dono do Lar” e “Vai que Cola”).
Grace, a arte deve ter um papel social?
A arte, sem sombra de dúvida, tem um papel social, ela é uma tradução do contemporâneo ou de questões fundamentais da psique humana.
O que a cultura portuguesa e grega (do seu pai e da sua mãe) acrescentaram em seu lado artístico?
Eu acho que me trouxeram a alegria e a espontaneidade.
Em que momento o humor pode se tornar refém numa sociedade divida como a nossa?
A partir do momento em que quer agradar e não criticar.
A patrulha do politicamente correto já atrapalhou o seu modo de ver e pensar sobre o humor?
Não, nunca, as minhas criações não têm a intenção de ofender ninguém, embora eu, muitas vezes, aborde assuntos polêmicos como uso de alteradores de humor, a visão da sociedade a respeito de suas diversas crenças, o autoengano, a falta de compaixão e o egoísmo.
Terça Insana foi criado em novembro de 2001. Que ingrediente você considera ter sido essencial para o sucesso duradouro do projeto?
A originalidade das nossas criações, a renovação constante de temas, personagens e elenco e o conteúdo filosófico da nossa comédia.
O que não pode faltar em suas criações?
Crítica e respeito ao público.
A liberdade de criação é o “Santo Graal” do humor?
Com certeza, mas não podemos esquecer da maravilhosa frase de Goethe: “O caráter de um homem se mede pelas coisas que ele acha engraçadas”.
É possível fazer algo notório nas artes, mesmo com a liberdade restrita pelos motivos mais variados?
Sem dúvida, geralmente é nos momentos de maior aperto que surgem as melhores ideias, simples, transgressoras e originais.
O que o ato de dirigir lhe acrescentou como atriz e o que arte de interpretar lhe acrescentou como diretora?
Como atriz eu gosto de pesquisar, gosto de inventar e de analisar meus processos criativos e métodos, quando dirijo gosto de dividir essas descobertas, de incentivar e iluminar as descobertas dos atores. É muito enriquecedora essa troca.
Em algum momento você se autocensurou em sua carreira?
Autocrítica sim, autocensura não.
O que as pessoas falam sobre você e que a faz ter um sentimento de “amor e ódio” pelo que foi dito?
Não costumo ligar para o que as pessoas falam de mim, aos 55 anos, 36 anos de carreira, já tenho uma boa noção dos meus erros e dos meus acertos, nunca vou acertar sempre e se erro tento entender onde errei pra consertar, meu objetivo é sempre melhorar. Perfeição não existe, graças aos céus. Eu sou a maior crítica da minha obra, por isso elogios exagerados e críticas destruidoras tem peso zero na minha autoanálise.
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