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A conexão das mulheres na sociedade atual

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Nathália Roberto é professora formada pelo programa CEB (Cultivating Emotional Balance, do Santa Barbara Institute for Consciousness) e sócia-fundadora da Kind. Pós-graduada em marketing pela Fundação Dom Cabral e graduada em comunicação social pela PUC de Minas Gerais. Trabalhou durante oito anos no mercado de moda, foi de trainee a diretora de produto, de empresa grande a startup, sempre com foco no público feminino. Hoje, também conduz grupos de estudos e práticas para mulheres. “No começo, existia uma vontade de juntar mulheres para falar de temas que permeiam nosso universo. Acreditamos que só o fato de nos reconhecermos umas nas outras, de estarmos juntas, conectadas, já é um grande alívio para nossas dores. Mas isso foi amadurecendo, claro. Hoje tem a aspiração de poder ajudar mulheres a investigar o mundo interno para que possamos perceber nossa própria energia, nossa própria força. Essa investigação interna é um cultivo longo, um trabalho que muitas vezes vai ser duro, mas a gente realmente acredita que ele leva a uma liberdade que vai muito além da felicidade condicionada e usual. E que, se fizemos isso juntas, o benefício pode ser maravilhoso. (…) Também, ainda condicionada. Mas percebo que existe uma vontade bem genuína nossa, de maneira geral, em cultivar uma energia mais autônoma. Só muitas vezes não sabemos nomear isso”, afirma a empreendedora.

Nathália, quais foram os maiores aprendizados que você obteve no mercado de moda e que colocou em prática na sua nova diretriz profissional?

Trabalhei, ainda nova, com muitas pessoas em uma grande empresa da área de moda (ou seja, um contexto complexo). Lá, eu aprendi a trabalhar (organizar, planejar, entregar, etc) e, principalmente, a conviver com pessoas. No meu penúltimo trabalho nesta área, liderava uma equipe com 14 pessoas. Isso é desafiador e maravilhoso. Acho que o maior aprendizado é perceber que os seres só precisam de atenção, amor, apoio. Mais do que poder, mais do que dinheiro, nós queremos conexão e presença. E isso pode ser oferecido em qualquer contexto.

Como surgiu a ideia da Kind?

Inicialmente por perceber que nós, mulheres, sofremos por questões comuns, por querermos muitas vezes atender a um padrão inventado e irreal, e por sofrermos sozinhas. Acho que a aproximação com o mercado de moda de alguma forma potencializou esta sensação.

No começo, existia uma vontade de juntar mulheres para falar de temas que permeiam nosso universo. Acreditamos que só o fato de nos reconhecermos umas nas outras, de estarmos juntas, conectadas, já é um grande alívio para nossas dores. Mas isso foi amadurecendo, claro. Hoje tem a aspiração de poder ajudar mulheres a investigar o mundo interno para que possamos perceber nossa própria energia, nossa própria força. Essa investigação interna é um cultivo longo, um trabalho que muitas vezes vai ser duro, mas a gente realmente acredita que ele leva a uma liberdade que vai muito além da felicidade condicionada e usual. E que, se fizermos isso juntas, o benefício pode ser maravilhoso.

Qual a melhor definição da sua empresa e que ainda não foi falada?

Acabamos de falar sobre isso internamente na Kind: nossa motivação é oferecer espaços de conexão e compartilhar experiências e práticas para que todas as mulheres possam cultivar mais liberdade interna, juntas, e com continuidade.

Como está a autonomia emocional das pessoas em nosso país em sua visão?

Muito condicionada, infelizmente.

E a autonomia das mulheres em especial?

Também, ainda condicionada. Mas percebo que existe uma vontade bem genuína nossa, de maneira geral, em cultivar uma energia mais autônoma. Só muitas vezes não sabemos nomear isso. Nós todos, não só as mulheres, queremos ser felizes. O grande problema é que às vezes estamos buscando isso no “lugar” errado e queremos soluções mágicas. A energia autônoma vai vir do cultivo de uma mente mais estável, de um coração maior, de um olho que vê as experiências com sabedoria. E esse cultivo não é mágico. Envolve uma investigação interna, prática, paciência… É um processo não linear, às vezes difícil e maravilhoso.

O programa Cultivating Emotional Balance foi um divisor de águas em sua carreira?

É engraçado ouvir esse termo “carreira”. Eu não tenho uma carreira. Mas o programa Cultivating Emotional Balance foi um grande presente no sentido de ganhar um meio hábil para poder oferecer às mulheres algo de muito útil para nos ajudar a cultivar mais equilíbrio emocional. Acho que não existe nada mais libertador do que isso.

Durante a formação, também, pela primeira vez tive contato pessoal com um grande mestre budista, o Alan Wallace. Passamos três semanas ouvindo ensinamentos dele e aquilo deixa a motivação mais clara, mais viva.

A mídia é uma das grandes culpadas por exigir um padrão de beleza e de comportamento de todas as mulheres?

Também, mas não só.

Quais são os outros culpados então?

É uma cultura inteira, é muito forte isso. Nós crescemos acreditando que é legal casar, ter filho, ser magra, bonita, ter um trabalho legal. E fomos incluindo coisas nesta lista. É uma lista infinita! E é cruel.

Como acredita que elas podem quebrar esse padrão?

Como eu disse, é um trabalho contínuo, que algumas vezes pode ser duro. Acho que a conexão ajuda muito. Quando nos juntamos para falar de nossas “dores”, descobrimos que elas não são só nossas. Acho que esse trabalho, em profundidade, vai envolver também o desenvolvimento de uma estabilidade, porquê só deste lugar estável, autônomo, vamos conseguir entender quais estímulos queremos, de fato, seguir. De todas essas identidades (a esposa, a mãe, a bem-sucedida, etc, etc, etc…) quais fazem sentido para nós. E, indo pouco mais fundo, ainda que fizerem sentido, quando eventualmente essas identidades desabarem, que a nossa energia não desabe junto com elas.

Como projeta o papel da Kind num futuro próximo?

Aspiro que nós, mulheres, possamos de verdade cultivar mais liberdade interna. Se a Kind puder ser um meio hábil para ajudar nesse cultivo, será uma alegria.


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