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A força de inovação da plataforma Kickante

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Candice Pascoal é formada em administração e comércio exterior pela Universidade Salvador. Atualmente é reconhecida como uma das 10 brasileiras mais inovadoras na área de tecnologia. Ela se especializou no segmento de financiamento coletivo (crowdfunding). É fundadora e CEO da Kickante, site de financiamento coletivo brasileiro. Candice foi a única brasileira ganhadora do prêmio Cartier Women’s Initiative Awards 2017. A premiação é considerada uma das mais importantes iniciativas do empreendedorismo feminino do mundo. Foi também nomeada pela revista ProXXIma como uma das 50 profissionais mais inovadoras da área de marketing e comunicação do país. O renomado meio de comunicação Forbes, nos Estados Unidos, é um dos muitos veículos de comunicação que constantemente relatam o impacto que a brasileira causa ao redor do mundo. Em março de 2018, Candice foi destaque na CNN en Español. A empreendedora lançou em 2017 seu primeiro livro, “Seu Sonho Tem Futuro”. Nele, ela dá dicas para tirar os projetos do papel em 6 meses. Candice buscou em seu próprio site financiamento para publicação de seu livro, e, em campanha inédita no mundo, via Facebook, ofereceu um prêmio de 35 mil reais para um leitor. “A maioria dos unicórnios são empresas falidas com o que chamamos de “vanity metrics”, que são métricas que não representam lucro”, afirma a empreendedora.

Candice, o que o seu trabalho no cenário musical lhe ensinou em sua carreira como empreendedora?

O que ele me ensinou foi que existem muitos, mais muitos artistas com talento e que não tinham vez e que da mesma maneira que o YouTube mudou para que tenham visibilidade no audiovisual, o crowdfunding mudou para quem tenham visibilidade para projetos artísticos. Também para projetos de ONGs, também para causas, para empreendedores, enfim… essa foi a minha grande paixão que é dar oportunidade para todos terem seu espaço, para lançarem os seus projetos e conseguirem ter o sucesso que esperam.

Quais os maiores desafios em financiar um projeto no Brasil?

O funil. Muitas vezes o dinheiro dos poucos vão para os poucos iguais a eles. Com o crowdfunding é democrático. As pessoas financiam e apoiam projetos que lhes representam. Então, acaba que os projetos que saem do papel, tem muito mais a cara do país.

Foi pensando nisso que a Kickante surgiu?

Com certeza. A Kickante surgiu de uma inquietação minha de querer fazer com que os projetos que não conseguiam se financiar, ou, porque os valores para aquele seguimento estava indo sempre para os mesmos nomes e os mesmo tipos de projetos, para as mesmas pessoas, etc. Assim também outros projetos que são muito custosos para captar em grande escala, como para ONGs. Isso custa muito (criar um projeto sério de captação para uma ONG, mas não pelo crowdfunding).

Ajudamos qualquer tipo de projeto a sair do papel, mas também de maneira super democrática em que todo tipo de projeto pode ser financiado desde que o público deseje, e quando falo o público não é só o público da comunidade Kickante, é o público do próprio projeto. Todo projeto pode sair do papel, vai depender da magnitude disso de acordo com quanto aquele artista, empreendedor, ONG ou causa já mostrou para sua comunidade e que eles de fato podem fazer um projeto acontecer. E aí o último ponto é que também faz com que a gente consiga fazer isso sem cobrar antecipadamente das pessoas. Ganhamos se o outro ganhar. Ganhamos um percentual super baixo, porque todos os custos da captação, de manutenção da plataforma e de processamento de pagamentos são os nossos.

E quais foram os maiores desafios para a Kickante se estabelecer neste mercado?

Somos uma startup no Brasil, e o ecossistema não é tão desenvolvido quanto o ecossistema de startups nos EUA ou até na Europa.

Qual a avaliação que faz do crowdfunding no país atualmente?

A Kickante está crescendo muito todo o ano. A gente continua na vanguarda de tudo o que é crowdfunding e financiamento coletivo no país, e vamos continuar com força, inovando e mostrando que o crowdfunding tem força sim e que pode fazer acontecer. A minha avaliação é super positiva. O público abraçou a Kickante e os projetos da plataforma.

O que falta para o Brasil alcançar os patamares de nações mais estabelecidas no que se refere ao crowdfunding?

Ele [Brasil] está num patamar ótimo no que se refere ao crowdfunding. São etapas mesmo de evolução, de mercado de negócios onde aí que volta aquela pergunta (do maior desafio para se estabelecer no mercado). Quanto mais o ecossistema de apoio e de outras startups se desenvolver, o crowdfunding desenvolve, porque como startup, fazemos também o uso de outras startups para alavancar o negócio.

Quantas campanhas já foram publicadas pela plataforma desde 2013?

Mais de 100 mil.

Que erros são os mais comuns nessas campanhas e que são fundamentais para a não adesão do público por elas?

O erro mais comum é quando o criador da campanha espera que com uma postagem no Facebook ou na mídia social com uma semana de divulgação ele vai bater a meta. Parece real, parece, porque as campanhas têm de 60 a 120 dias para captação para bater a meta, mas o emocional não é tão bem explicado. O criador quando faz uma postagem, recebe três contribuições, achando que não teve sucesso. Teve! Continua, continua… se todos os dias você tiver três contribuições, imagina quantas contribuições você vai ter em 120 dias!

Você é uma das expoentes da chamada Economia Compartilhada. Como enxerga o futuro desse ecossistema?

Eu enxergo como uma grande oportunidade para a sociedade em si. A Economia Compartilhada democratiza não só o acesso e as possibilidades, como democratiza a vida. Existem produtos, ferramentas e possibilidades que eram só reservadas a poucos e a um nicho da sociedade e que hoje cada vez mais a população tem acesso. É por isso que sou apaixonada! Que todos possam ter elementos necessários ao dia a dia (ou até luxuosos) com um custo cada vez menor. Que todos possam ter acesso mesmo que não tenham muito dinheiro ou networking muito forte para alcançar. Que todos possam ter acesso às oportunidades da vida. E é isso que a Economia Compartilhada faz.

Quais os principais mitos do mundo do empreendedorismo?

O principal mito do mundo do empreendedorismo é esse mito absurdo dos unicórnios. A maioria das startups, a maioria esmagadora das startups não serão unicórnios e não importa! A maioria dos unicórnios são empresas falidas com o que chamamos de “vanity metrics”, que são métricas que não representam lucro. Então, não foquem em ser um unicórnio, foquem em gerar lucro para a sua empresa (você vai estar muito melhor como empreendedor). Se você fizer 10, 20, 50 ou 100 mil a mais como lucro, é muito melhor do que você ficar correndo atrás de uma ideia de unicórnio, perdendo dinheiro (muito dinheiro) ano após ano e perdendo também a qualidade de vida.

Qual o feedback que recebeu do seu livro “Seu Sonho Tem Futuro” e que era realmente aquilo que queria passar desde a concepção da obra?

O feedback que recebi do livro “Seu Sonho Tem Futuro” foi espetacular! Foi exatamente o que eu queria desde a concepção da obra. Eu não planejei ser um best-seller. Planejei impactar a vida das pessoas. Tornamos um best-seller. O livro é um best-seller no Brasil. Foi a primeira vez que uma empreendedora teve um best-seller no Brasil. Tenho muito orgulho disso. Abriu as portas para várias outras autoras dentro de editoras e também nas livrarias. O feedback que eu tive que foi o melhor de todos são dos leitores. Tenho vários leitores falando que mudou a vida deles; que agora o projeto deles está começando a sair do papel; que está tendo sucesso e que está alcançando o que sempre sonhou. Isso me deixa muito feliz!


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