Zanini de Zanine nasceu no Rio de Janeiro em 1978 e cresceu vendo o pai, José Zanine Caldas, trabalhar. Estagiou com Sergio Rodrigues, quando produziu seu primeiro móvel. Em 2002 graduou-se em Desenho Industrial pela PUC-Rio. A partir de 2003, começou a produzir móveis em madeira maciça, com peças de demolição – colunas, vigas e mourões de casas antigas – batizadas como “Carpintaria Contemporânea”. A partir de 2005, começa a criar uma nova linha de móveis com peças produzidas industrialmente, usando além de madeira com origem controlada, materiais diversos como plástico, metacrilato, metais e partes de outros produtos industrializados. Para representar os móveis dessa nova linha, Zanini cria em 2011 o Studio Zanini. Recebeu os mais importantes prêmios de Design do Brasil e do exterior pelos móveis que criou nos dois segmentos e expôs nos principais eventos nacionais e internacionais da área. Hoje assina peças para grandes marcas nacionais e internacionais como a francesa Tolix, as italianas Cappellini, Slamp e Poltrona Frau, e a americana Espasso. Foi nomeado Designer do Ano pela Maison & Objet Americas 2015. “Os meus trabalhos sempre carregam alguma vivência minha ou alguma carga cultural. Gosto muito de trabalhar com madeira e esse trabalho com carpintaria estão nos projetos do atelier em peças mais artesanais, limitadas ou únicas”, afirma o designer.
Zanini, qual o principal conselho profissional que foi dado a você pelo seu pai, o saudoso e talentoso escultor e arquiteto Zanine Caldas?
Meu pai foi responsável por muitos aprendizados profissionais. A começar na infância. Cresci no atelier dele e tinha a liberdade de construir meus próprios brinquedos, também tive contato com muitos profissionais talentosos que eram do ciclo de amigos dele e hoje são inspirações para os meus trabalhos, como Sergio Rodrigues e Oscar Niemeyer. Naquela época admirava ele como pessoa, mas foi só depois que eu fui descobrir a dimensão profissional dele. Ele sempre teve a necessidade de se melhorar como pessoa e como profissional e isso eu sempre levo comigo.
Você já afirmou em várias oportunidades, que a sua inspiração vem da sua rotina, da sua cidade (Rio de Janeiro) e da cultura brasileira de modo geral. Houve algum momento que sua inspiração partiu de outros lugares e não desses citados?
Tudo o que é da área artística alimenta meus trabalhos, desde a música, o cinema, as exposições, o artesanato… Muitas peças minhas saem daí. Desde pequeno sempre viajei muito com meus pais e conheci muitos lugares no Brasil e fora também. Minha mãe era formada em cinema e sempre me trouxe influências riquíssimas.
Em 50% das ocasiões, seus desenhos ganham um rumo diferente do previsto. Qual das suas criações notórias teveram um desfecho similar daquilo que estava pensando em seu primeiro lampejo?
Durante o processo de criação, desde o desenho até a peça pronta, ela passa por algumas mudanças. Isso porque a ideia depois deve ser adaptada ao material, à ergonomia, etc. Uma peça recente que não teve muitas mudanças foi a luminária Flora, feita com a Slamp.
A poltrona Skate foi o seu primeiro assento desenhado logo após terminar a faculdade. Como se deu essa criação em especial?
Essa peça lembra muito minha adolescência, quando costumava andar de skate e surfar. Gosto de reutilizar materiais e por isso pensei em fazer essa referência às minhas lembranças usando shapes. O resultado foi muito bacana e marcante na minha carreira.
O que existe de igual (tirando as óbvias diferenças) desse seu primeiro trabalho e de outros que viriam logo depois?
Os meus trabalhos sempre carregam alguma vivência minha ou alguma carga cultural. Gosto muito de trabalhar com madeira e esse trabalho com carpintaria estão nos projetos do atelier em peças mais artesanais, limitadas ou únicas. Mas tenho utilizado outros materiais como plástico, metacrilato, vidro, metais, cerâmicas e para produção industrial de mobiliário, objetos de decoração, etc. Gosto de fazer tentativas estéticas e de processos de produção.
Como você lida com a tão falada sustentabilidade em seu trabalho?
O design sustentável já é uma realidade no país há algum tempo e é também uma necessidade. Isso porque as matérias-primas já estão demonstrando que são finitas e o público, as marcas e o cliente final já atentam a isso, pois, é um ponto que agrega muito na venda final. Gosto muito de reutilizar materiais, já falamos da poltrona Skate, mas podemos citar também a poltrona Moeda, produzida com chapas descartadas pela Casa da Moeda, utilizadas para a fabricação das antigas moedas de 10 centavos. Como grande parte do meu trabalho é feito com madeira, seja de demolição no atelier ou madeiras alternativas na indústria, penso bastante no esgotamento desse material. Já fiz contato com uma associação e estão em andamento testes com uma árvore de crescimento rápido.
Designers têm uma visão diferente sobre a palavra design. O que é design pra você?
Pra mim, o design nada mais é do que o casamento da arte e da tecnologia em benefício do ser humano.
Sergio Rodrigues, disse em uma certa ocasião, que o seu trabalho é um dos mais originais dos novos designers. Em que momento você acreditou e teve a percepção, que estava criando algo único e original?
A partir do momento que nos permitimos fazer o que tem a ver conosco, temos mais chance de trazer personalidade ao produto. Partindo desse propósito, fica mais fácil de acreditar que estamos fazendo algo mais autoral.
O quão é importante desenhar com total integridade e com o coração?
Cada designer tem a sua identidade e ela só estará perceptível se ele estiver por inteiro em cada traço daquela produção.
Alguns especialistas afirmam que a Poltrona 50 é a sua grande obra de arte. Quando finalizou este trabalho teve a mesma sensação?
Gosto muito dessa poltrona porque, apesar de ser inspirada no mobiliário da década de 50, ela também ficou bem atual, contemporânea, mas cada um tem uma preferência por peça. Gosto muito do cavalinho Gioco e da poltrona Serfa.
Qual aspecto do seu trabalho que as pessoas interpretam complemente diferente daquilo que você considera ser o ideal?
Acho que tem muito a cobrança de quantidade de peças que o designer deve lançar ao ano e depois de um período elas são meio que esquecidas. Para mim, design em um produto tem uma duração mais longa. A peça tem que ser atemporal, ficar para sempre.
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