Aos 42 anos, o empresário carioca Walter Filho faz parte da denominada ‘geração X’, que representa cerca de 20% da população brasileira e é conhecida por valorizar a segurança e ser mais conservadora. Ele, no entanto, trilhou uma jornada multifacetada – foi atleta de tênis, cursou administração, conquistou uma bolsa de estudos nos Estados Unidos e hoje aceitou o desafio de gerir a empresa familiar fundada pelo seu pai, o renomado cabeleireiro Walter Cabral: a rede de salões Walter’s Coiffeur. Atualmente as empresas com perfil familiar correspondem a 90% dos negócios no Brasil, de acordo com o IGBE. São elas as responsáveis por 65% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro e pela contratação de 75% dos profissionais no país. “A rede de salão de beleza Walter’s Coiffeur é um sonho que virou realidade através de muito trabalho e esforço do meu pai. E posso dar continuidade a esse sonho com tudo o que aprendi na minha trajetória profissional e pessoal.”, reconhece Walter Filho. Waltinho, como é conhecido, começou a sua jornada profissional guiado por uma paixão: o esporte. Aos nove anos teve seu primeiro contato com o tênis, e, a partir de então, o amor pelo esporte cresceu, passando a competir em torneios pelo Brasil. Na época, pensou em continuar sua dedicação pela modalidade cursando faculdade de educação física, mas, por gostar de administração e atento a oportunidades futuras, acabou optando pelo curso. “Eu sempre amei gerir, entender comportamentos e estar em contato com pessoas.”
Walter, o que você acredita ter sido o grande pilar de sustentação do sucesso da Walter’s Coiffeur nesses 60 anos de existência?
Credibilidade e seriedade no que se propõe a fazer! Sem isso nenhuma marca se sustenta por tanto tempo.
Como essa visão foi passada até chegar em você?
Ao longo dos anos sempre passei para a minha equipe a importância de manter a credibilidade da empresa intacta, pois, é um pilar que demora muitos anos para se construir.
Quais os maiores desafios em gerir uma empresa familiar?
Implantar usos e costumes novos quebrando alguns paradigmas que deram certo no passado e hoje já não funcionam mais. A inserção do “novo” em uma empresa familiar de 60 anos não é fácil, mas longe de ser impossível.
Como fazer essa empresa familiar se perpetuar durante um longo período?
Cultivando o respeito entre os familiares. O respeito dita as regras das nossas condutas, pois, em uma empresa familiar, a referência de tomada de decisão é o seu pai, mãe, parente, e se houver respeito a comunicação e tomada de decisão melhora 100%.
Quais as grandes singularidades do ramo da beleza e que você sempre esteve atento para melhorar o seu serviço?
Para mim, é você saber “tratar” as pessoas. Digo que não temos uma empresa de beleza, mas sim uma empresa de “gestão de pessoas” que executam serviços de beleza. O segredo é entender isso. Quando digo “tratar” significa investir em treinamento, capacitação, inovação, tecnologia, lançar tendências, etc. Todas as nossas ações estão 100% ligadas a beleza!
O que a vivência nos EUA lhe trouxe de visão para que colocasse em prática em seu negócio?
Trabalhar na motivação dos profissionais! Aprendi que um profissional para produzir tem que estar motivado. Contudo, no Brasil esbarrei em fatores sociais, logística, educacionais que não existem na maioria da classe trabalhadora nos EUA. Fizemos alguns ajustes para minimizar esses impactos ao longo desses anos.
Qual a importância de conhecer todos os processos quando está à frente de uma empresa que se tornou referência?
É essencial conhecer todos os processos para saber como tudo funciona. O próximo passo é colocar a pessoa certa com as habilidades certas para executar de forma eficiente cada função.
O peso das pessoas na formação desse processo se torna vital?
Essencial, sem dúvida, pois, como disse somos uma empresa de pessoas que executa serviços de beleza. O resultado dos nossos negócios está 100% associado às pessoas bem treinadas e capacitadas para exceder as expectativas dos nossos clientes e “transformar os seus sentimentos”.
Em que momento esses processos foram dominados por você e por consequência trazidos para a Walter’s Coiffeur?
Após me aprofundar e aprender os processos na época implantei novos que trouxeram melhorias. Um exemplo foi mudança no uso dos produtos credenciados pela empresa na realização dos serviços. Essa mudança trouxe uma economia financeira e mais clareza para os profissionais e empresa. Outra mudança foi a descentralização de algumas funções que serviam de apoio aos salões. Algumas funções estratégicas passaram a fazer visitas periódicas aos salões para ter uma visão mais ampla do dia a dia na “ponta”.
Quantos salões fazem parte da rede atualmente?
Temos atualmente 12 unidades de Coiffeur, 3 Barbearias, 1 Academy (escola que forma e capacita profissionais de beleza e gestores para o mercado de trabalho). Já estão em fase de obra 2 novas para abrir nos próximos 2 meses e mais 2 em negociação para este ano. Iremos concluir o ano com possíveis 16 unidades do Coiffeur.
Como as franquias estão conectadas nesse modelo de negócio?
Um dos nossos DNAs é a credibilidade e gestão de pessoas. As franquias estão dentro do processo, pois, são o espelho da marca e o nosso relacionamento é baseado em manutenção na credibilidade da marca, por isso tratamos as franquias com transparência e profissionalismo. O franqueado bem-sucedido é o sucesso da marca.
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