A recente detecção de uma nova variante da Mpox, denominada Clado 1B, trouxe à tona preocupações significativas na comunidade médica global. A Mpox, também conhecida como Monkeypox, é uma doença viral do grupo das varíolas, e sua nova variante tem mostrado uma taxa de letalidade mais elevada do que as cepas anteriores. Este alerta foi emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que classificou a Mpox como uma emergência de saúde pública de importância internacional devido ao surgimento desta nova variante. O médico infectologista e professor da Afya Faculdade de Ciências Médicas, em Porto Nacional, Tocantins, Dr. Jandrei Rogério Markus, destaca que a Clado 1B apresenta um grande risco de se espalhar rapidamente se não forem adotadas medidas preventivas rigorosas.
A variante Clado 1B da Mpox, que tem registrado muitos casos principalmente na África, possui características preocupantes que a diferenciam das cepas anteriores. Enquanto as variantes anteriores, como a Clado 2, apresentavam um risco relativamente baixo de transmissão e mortalidade, sendo transmitidas principalmente por contato com lesões ou por vias sexuais, a nova variante Clado 1B tem mostrado uma maior transmissibilidade e uma taxa de mortalidade mais alta. Segundo o Dr. Markus, “Estamos diante de um desafio de saúde pública que não pode ser subestimado”, enfatizando que a Clado 1B não requer um contato prolongado para a transmissão, tornando-a potencialmente mais perigosa.
Além disso, a Clado 1B parece ter uma maior capacidade de se espalhar por meio de gotículas de saliva, o que representa uma mudança significativa no padrão de transmissão da doença. Este novo modo de transmissão pode explicar o aumento do número de casos em crianças, um grupo até então menos afetado pelas variantes anteriores. Essa característica de transmissão aérea, combinada com a alta letalidade, faz da Clado 1B uma ameaça maior, especialmente para populações vulneráveis como crianças e pessoas com imunodeficiência.
No Brasil, até o momento, não há registros de transmissão da nova variante Clado 1B. No entanto, alguns estados ainda apresentam casos da cepa Clado 2. De acordo com o Dr. Markus, a variante Clado 2 tem um risco de transmissão e mortalidade relativamente baixo e é transmitida principalmente por contato com lesões de pele. “Durante o surto global em 2022/2023, a infecção se espalhou, sobretudo, por via sexual”, explica o infectologista. O Brasil não registra óbitos por Mpox desde abril de 2023, o que indica um controle relativo da doença até o momento.
Contudo, o potencial de disseminação da Clado 1B preocupa as autoridades de saúde. O Dr. Markus salienta a importância da vigilância contínua e da adoção de medidas preventivas rigorosas para impedir a introdução e a disseminação da nova variante no país. A principal recomendação é evitar o contato com pessoas infectadas, especialmente aquelas que apresentam lesões de pele sugestivas de Mpox. “Os profissionais de saúde devem estar particularmente atentos e adotar o uso de equipamentos de proteção, como luvas e máscaras, durante o atendimento a pacientes suspeitos”, adverte.
A Mpox é uma infecção sistêmica, afetando todo o corpo, e seus sintomas podem incluir febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, apatia e linfadenopatia (inchaço dos gânglios linfáticos). Uma característica marcante da doença é a presença de erupções cutâneas que se assemelham a bolhas ou feridas. O Dr. Markus destaca que, enquanto as lesões na pele não estiverem completamente curadas, o paciente continua a ser uma fonte de transmissão do vírus. “Normalmente, o quadro de Mpox dura entre duas a quatro semanas. Um ponto a favor é que, de maneira geral, as varíolas são doenças únicas, ou seja, a pessoa que teve, adquire imunidade duradoura”, comenta.
As lesões cutâneas da Mpox podem ser encontradas em diversas partes do corpo, incluindo a boca, região genital/anal, virilha e palmas das mãos, sendo mais comuns nas infecções pela cepa Clado 2. O número de lesões pode variar significativamente, de uma única lesão a milhares, dependendo da gravidade do caso. Para o diagnóstico, é fundamental que os profissionais de saúde realizem uma avaliação clínica detalhada e considerem a possibilidade de infecção por Mpox em pacientes que apresentem sintomas compatíveis, especialmente em áreas onde a doença está presente.
O tratamento da Mpox é, em grande parte, sintomático e visa aliviar as dores causadas pelas lesões cutâneas e prevenir infecções bacterianas secundárias através da higienização adequada das feridas. A manutenção da hidratação do paciente é crucial para evitar complicações adicionais. Para casos mais graves, onde o paciente pode necessitar de hospitalização, existe um antiviral chamado Tecovirimat, que foi aprovado para uso pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No entanto, seu uso é restrito a casos graves tratados em ambiente hospitalar. “Portanto, o ideal mesmo é evitar o contato com pessoas doentes”, reforça o Dr. Markus.
É importante também destacar que, até o momento, não existe um tratamento específico amplamente disponível para todas as variantes da Mpox. A prevenção e o controle da disseminação do vírus continuam sendo as melhores estratégias para lidar com a doença. Medidas como a quarentena de casos suspeitos e confirmados, o rastreamento de contatos e a vacinação de populações de alto risco podem ser necessárias para prevenir surtos em larga escala.
A nova variante Clado 1B da Mpox representa um desafio significativo para a saúde pública global. Com o aumento do número de casos na África e a potencial disseminação para outras regiões, a OMS e outras autoridades de saúde têm reforçado a necessidade de esforços coordenados para conter a propagação da doença. Isso inclui a ampliação da capacidade de diagnóstico, a melhoria da vigilância epidemiológica e a promoção de campanhas de conscientização sobre a importância da prevenção.
A colaboração internacional será crucial para enfrentar essa nova ameaça. A partilha de informações entre países, o apoio a sistemas de saúde mais frágeis e a pesquisa sobre vacinas e tratamentos eficazes são medidas que podem ajudar a mitigar o impacto da nova variante. Além disso, o fortalecimento dos sistemas de saúde pública, especialmente em países de baixa e média renda, é essencial para garantir uma resposta eficaz e evitar que a Mpox se torne uma pandemia global.
O surgimento da variante Clado 1B sublinha a necessidade de preparação contínua e de uma resposta rápida a ameaças emergentes de saúde pública. A pandemia de COVID-19 já demonstrou como vírus de alta transmissibilidade podem ter consequências devastadoras. A Clado 1B da Mpox, com sua alta letalidade e potencial de transmissão aérea, levanta preocupações semelhantes sobre a capacidade dos sistemas de saúde global para responder a novas pandemias.
O Dr. Markus ressalta que “a vigilância contínua, a pesquisa em andamento e a cooperação internacional são essenciais para enfrentar essa ameaça”. As lições aprendidas durante a pandemia de COVID-19 devem ser aplicadas na resposta à Mpox para garantir que o mundo esteja melhor preparado para enfrentar pandemias futuras. A integração de esforços locais e globais será vital para conter a disseminação da Clado 1B e proteger as populações vulneráveis.
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