Juan Carlos de Bourbon, o rei emérito da Espanha, tornou-se uma figura notória não apenas por seu papel na transição democrática do país, mas também por seu apetite sexual insaciável. Aos 86 anos, Juan Carlos é acusado de ter mantido relações com mais de 4.770 mulheres ao longo de sua vida, uma revelação chocante feita por José Manuel Villarejo, ex-chefe da Polícia Nacional da Espanha. Villarejo, que foi encarregado de vigiar discretamente o monarca, confirmou essas alegações que já circulavam em rumores desde 2016. Além disso, ele revelou que, para controlar a libido desenfreada do rei, a Casa Real teria recorrido a tratamentos hormonais antes de 2014, quando Juan Carlos ainda estava no trono.
José Manuel Villarejo, uma figura controversa processada por corrupção, trouxe à tona uma série de revelações bombásticas sobre a vida privada de Juan Carlos. De acordo com Villarejo, para inibir os impulsos sexuais que frequentemente causavam embaraços à Casa Real, Juan Carlos foi submetido a injeções de hormônios femininos e bloqueadores de testosterona. Este tratamento teria sido conduzido pelo chefe do Centro Nacional de Inteligência da Espanha, Félix Sanz Roldán. Essas declarações corroboram as afirmações feitas pela ex-amante do rei, Corinna zu Sayn-Wittgenstein.
Corinna zu Sayn-Wittgenstein, uma empresária alemã de 55 anos, esteve envolvida com Juan Carlos durante as duas primeiras décadas do século XXI. Em uma gravação de 2016, que só foi divulgada recentemente, Corinna afirmou que os tratamentos hormonais administrados ao rei o tornaram impotente. “Os hormônios tiraram a potência dele e ele não conseguia mais ficar com uma mulher”, disse Corinna na gravação. Este escândalo, uma vez revelado, contribuiu significativamente para a decisão de Juan Carlos de se exilar, aparentemente em acordo com seu filho, o rei Felipe VI. Desde então, o monarca emérito vivido em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos (recentemente ele voltou ao seu país).
O primeiro grande amor de Juan Carlos foi Maria Gabriella Di Savoia, filha do último rei da Itália, Umberto II. Nos anos 50, ambos viviam exilados em Estoril, Portugal. No entanto, o romance foi interrompido pelo ditador espanhol Francisco Franco, que monitorava de perto os movimentos do jovem príncipe. Em 1964, Juan Carlos casou-se com Sofia da Grécia, mas o matrimônio não impediu o rei de continuar acumulando amantes ao longo dos anos. Entre suas conquistas, destaca-se a cantora espanhola Sara Montiel, a jornalista italiana Raffaela Carrà e a belga Liliane Sartiau.
Juan Carlos é suspeito de ter tido pelo menos 20 filhos com suas inúmeras amantes. A belga Ingrid Sartiau, filha de Liliane Sartiau, tem buscado provar desde 2015 que é filha do rei. Essas alegações, embora não oficialmente confirmadas, adicionam mais camadas de complexidade ao já tumultuado legado de Juan Carlos. Sua propensão a relacionamentos extraconjugais foi uma fonte constante de controvérsias e tensões dentro da Casa Real, contribuindo para sua reputação de um monarca com uma vida pessoal altamente escandalosa.
Embora os escândalos sexuais tenham sido uma mancha significativa na imagem de Juan Carlos, foi a revelação de corrupção financeira que realmente precipitou sua queda. Em 2008, Juan Carlos recebeu US$100 milhões (R$557 milhões) em propinas do Reino da Arábia Saudita. O dinheiro, rastreado até um banco suíço em 2020, estava relacionado a um acordo para a construção de um trem de alta velocidade entre Meca e Medina, um projeto em que o rei fez lobby para que empreiteiras espanholas fossem escolhidas. Essa descoberta foi o golpe final para sua reputação, levando ao exílio do rei emérito.
O reinado de Juan Carlos, que durou de 1975 a 2014, foi marcado por contribuições significativas para a democracia espanhola, mas também por uma vida pessoal repleta de escândalos. Após sua abdicação, ele manteve o título de rei emérito, mas perdeu a imunidade que o protegia de investigações legais. As revelações sobre suas escapadas sexuais e a corrupção financeira mancharam seu legado, tornando-o uma figura polarizadora na história da monarquia espanhola. O exílio em Abu Dhabi representou uma retirada forçada de uma vida pública que, por muitos anos, foi tão celebrada quanto controversa.
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