Lu Magalhães é presidente da Primavera Editorial, sócia do PublishNews e do #coisadelivreiro. Graduada em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), possui mestrado em Administração (MBA) pela Universidade de São Paulo (USP) e especialização em Desenvolvimento Organizacional pela Wharton School (Universidade da Pennsylvania, Estados Unidos). A executiva atua no mercado editorial nacional e internacional há mais de 20 anos. O PublishNews é um portal especializado em notícias e informações sobre a indústria do livro. Foi criado em 20 de julho de 2001 pelo editor e consultor Carlo Carrenho. O PublishNews publica a lista de mais vendidos mais completa e sua aferição é considerada pelas editoras a mais confiável do país, sendo uma referência para os livreiros brasileiros. O site possui uma newsletter diária e gratuita que já conta com mais de 13 mil assinantes. Desde janeiro de 2013, o editor-chefe do PublishNews é o jornalista e dramaturgo Leonardo Neto. “O mercado editorial foi bastante impactado no início da pandemia, principalmente pelo fechamento das livrarias físicas. Hoje, muitas livrarias são ambientes de convívio e isso todos sentiram. Em paralelo, os livros digitais (eBook e audiolivros) foram os protagonistas dessa pandemia. Acredito que as pessoas, mesmo as mais céticas, foram conquistadas pelos livros digitais”, afirma a empresária.
Muitos dizem que trabalhar com livros é uma missão quase missionária. Acredita que isso seja um fato?
Tenho orgulho de trabalhar com livros no Brasil. A cada leitor(a) conquistado(a), sinto que é um(a) cidadão(ã) que ajudo a tornar mais consciente de seu papel no país. Não acredito que seja uma missão; defendo que é uma postura de cidadania ativa; o trabalho de uma profissional que une propósito e responsabilidade social à carreira.
Você começou a carreira na matemática. Quando os livros assumiram um papel fundamental em sua vida?
O aprimoramento do conhecimento é o que me move. Os livros foram e continuam sendo fundamentais para essa conquista. Desde sempre, os livros fazem parte da minha vida; minha família é uma família que lê o tempo todo. Então, essa presença sempre foi constante na minha vida, desde a infância.
O que considera ser essencial quando se trabalha nesse mercado?
Dedicação para com os leitores. Saber o que gostam e o que necessitam para seu desenvolvimento. Ou seja, o livro é mais que um produto; é a construção da cidadania, do pensar atuante do indivíduo. Então, para trabalhar nesse mercado é necessário entender esse papel essencial do livro na construção de uma nova sociedade.
Como o mercado livreiro tem passado por essa pandemia?
O mercado editorial foi bastante impactado no início da pandemia, principalmente pelo fechamento das livrarias físicas. Hoje, muitas livrarias são ambientes de convívio e isso todos sentiram. Em paralelo, os livros digitais (eBook e audiolivros) foram os protagonistas dessa pandemia. Acredito que as pessoas, mesmo as mais céticas, foram conquistadas pelos livros digitais.
Quais os caminhos que vislumbra para o seu mercado no pós-Covid?
Penso que o mercado editorial de conteúdo relevante se consolidará ainda mais. A sede de conhecimento é ainda maior. Acredito que o susto com a paralisação do mundo foi enorme e não podemos mais estar alheios as novas tecnologias.
O comportamento do leitor tem mudado ao longo do tempo?
Completamente. Hoje os leitores buscam conteúdos próprios e específicos. Os leitores não se importam mais com o meio em que se lê e sim com o que se lê.
Como o leitor lida com o que as suas empresas oferecem, no caso a PublishNews e a Primavera Editorial?
As empresas são bem diferentes, mas em ambas, os leitores são bem críticos e engajados com cenário brasileiro.
Em que pontos a Reforma Tributária do Governo Federal poderá prejudicar o mercado livreiro?
O grande impacto será no preço de capa do livro. Não sou contra impostos para o mercado editorial, só penso que somos um país que se lê pouco e que uma política governamental de incentivo a leitura é primordial.
Quais os maiores impactos que essa Reforma trará para o mercado e especialmente para os leitores?
O grande impacto será no preço de capa do livro.
Isso seria um grande retrocesso em sua visão?
Não vejo como retrocesso; vejo como inoportuno se queremos cidadãos mais engajados e conscientes.
Esse quadro pode ser revertido?
Sim. Com o compromisso de toda a sociedade – incluindo governos – com a educação e a cultura. Essa promoção passa por toda uma política pública que garanta acesso ao livro e à cultura (teatro, cinema, shows, espetáculos, palestras, etc), sobretudo de pessoas em situação de risco social e econômico.
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