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A tenaz descoberta do polônio por Marie Curie

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A descoberta do polônio é um marco na história da ciência, atribuída a Marie Curie, uma das cientistas mais proeminentes do século XX. Sua pesquisa revolucionária não apenas expandiu os horizontes da física e da química, mas também abriu novas fronteiras para a medicina e a tecnologia. Este texto explora os diversos aspectos dessa descoberta extraordinária, desde o contexto histórico até suas implicações futuras.

Contexto histórico e científico

No final do século XIX, a ciência estava passando por uma revolução. Descobertas como os raios X, por Wilhelm Röntgen, e a radioatividade, por Henri Becquerel, estavam desafiando o entendimento tradicional da matéria e da energia. Esse período foi marcado por uma curiosidade insaciável e um desejo de explorar os mistérios do universo em um nível fundamental.

Marie Curie, nascida Maria Skłodowska na Polônia, mudou-se para Paris para continuar seus estudos em uma época em que as mulheres eram frequentemente excluídas do campo científico. No entanto, sua determinação e brilhantismo lhe permitiram superar essas barreiras. Juntamente com seu marido, Pierre Curie, ela embarcou em uma série de experimentos que levariam à descoberta de novos elementos radioativos.

A jornada de Marie Curie

Marie Curie começou sua carreira científica com estudos sobre as propriedades magnéticas dos diferentes aços. No entanto, foi a descoberta da radioatividade por Henri Becquerel que capturou sua imaginação e a direcionou para a pesquisa sobre substâncias radioativas. Becquerel havia observado que sais de urânio emitiam raios que podiam penetrar em papel preto e afetar uma placa fotográfica, um fenômeno que ele chamou de “raios urânicos”.

Curie decidiu investigar esses “raios urânicos” e outros elementos para ver se eles também exibiam propriedades semelhantes. Utilizando um eletrômetro desenvolvido por Pierre Curie, ela começou a medir a intensidade da radiação emitida por diferentes substâncias. Foi durante essas investigações que ela observou que a pechblenda, um minério de urânio, emitia radiação muito mais intensa do que o próprio urânio, sugerindo a presença de outros elementos radioativos.

A isolação do polônio

Com base nessas observações iniciais, Marie Curie decidiu se concentrar na purificação e isolamento dos elementos responsáveis pela intensa radioatividade da pechblenda. Esse trabalho árduo envolveu o processamento de grandes quantidades de minério, um processo laborioso e exaustivo que exigia paciência e precisão.

Em julho de 1898, após meses de trabalho meticuloso, os Curie anunciaram a descoberta de um novo elemento que era significativamente mais radioativo que o urânio. Eles o chamaram de “polônio” em homenagem à Polônia, o país natal de Marie. A escolha do nome foi um gesto de patriotismo, uma vez que a Polônia, naquela época, estava dividida entre a Rússia, a Alemanha e a Áustria, e não existia como um estado independente.

A identificação do polônio foi um passo crucial na compreensão da radioatividade. A confirmação da existência de um elemento tão intensamente radioativo sugeriu que havia muito mais a ser descoberto sobre a estrutura da matéria e as forças subjacentes no núcleo atômico.

Propriedades e aplicações do polônio

O polônio, com número atômico 84, é um elemento raro e altamente radioativo. Suas propriedades são tanto fascinantes quanto perigosas. O polônio-210, um de seus isótopos mais comuns, é extremamente tóxico e letal mesmo em pequenas quantidades. Apenas um grama de polônio-210 pode emitir tanta radiação alfa quanto cinco gramas de rádio.

Devido à sua intensa radioatividade, o polônio tem aplicações específicas e limitadas. Ele foi usado em dispositivos antiestáticos, como escovas para remover poeira de filmes fotográficos e discos de gramofone. Em uma escala mais significativa, o polônio também foi utilizado como uma fonte de calor em geradores termoelétricos em satélites espaciais, devido à sua capacidade de liberar grandes quantidades de energia térmica.

No entanto, a manipulação do polônio exige extrema cautela devido à sua alta toxicidade. O envenenamento por polônio é raro, mas notoriamente aconteceu em casos como o assassinato do ex-espião russo Alexander Litvinenko em 2006, que foi envenenado com polônio-210.

O impacto na ciência e na medicina

A descoberta do polônio foi um catalisador para o avanço da ciência, especialmente no campo da radioatividade. A pesquisa de Marie Curie levou à identificação de outro elemento radioativo, o rádio, e solidificou a compreensão de que a radioatividade era uma propriedade atômica fundamental. Isso abriu caminho para a formulação de novas teorias sobre a estrutura atômica e a energia nuclear.

Na medicina, os avanços na compreensão da radioatividade resultaram em tratamentos inovadores para o câncer. A radioterapia, que utiliza a radiação para matar células cancerígenas, é uma aplicação direta das descobertas de Curie. Embora o polônio em si não seja usado na terapia devido à sua extrema toxicidade, os princípios da radioatividade que Curie ajudou a estabelecer são fundamentais para essas técnicas médicas.

Reconhecimento e legado

Marie Curie recebeu inúmeros prêmios e honrarias por suas descobertas, incluindo dois Prêmios Nobel: um em Física, em 1903, compartilhado com Pierre Curie e Henri Becquerel, e outro em Química, em 1911, por suas investigações sobre os elementos radioativos. Ela foi a primeira pessoa a ganhar dois Prêmios Nobel em campos diferentes.

O legado de Curie vai além de suas descobertas científicas. Ela abriu caminho para mulheres na ciência, mostrando que, com dedicação e talento, elas poderiam alcançar grandes feitos em um campo dominado por homens. Sua vida e trabalho continuam a inspirar gerações de cientistas e pesquisadores ao redor do mundo.

Além de suas realizações científicas, Curie foi uma defensora da aplicação pacífica da ciência e da tecnologia. Durante a Primeira Guerra Mundial, ela equipou ambulâncias com aparelhos de raio X portáteis, conhecidos como “Little Curies”, que ajudaram a salvar inúmeras vidas. Sua contribuição para a ciência e a humanidade é incomensurável, e seu nome permanece sinônimo de dedicação, inovação e coragem.

O poder do espírito humano

A descoberta do polônio por Marie Curie não foi apenas uma conquista científica; foi um testemunho de sua determinação e paixão pela pesquisa. Em uma época de adversidade e ceticismo, ela perseverou e fez descobertas que mudaram o curso da ciência e da medicina. O polônio, com todas as suas complexidades e perigos, simboliza tanto os desafios quanto as possibilidades da exploração científica.

Hoje, lembramos Marie Curie não apenas por suas descobertas, mas também por seu exemplo de integridade e compromisso com a ciência. Seu trabalho abriu caminho para um entendimento mais profundo da natureza da matéria e da energia, e continua a influenciar pesquisas em física, química e medicina.

A história de Marie Curie e a descoberta do polônio são lembranças poderosas do poder do espírito humano para explorar, descobrir e inovar. Seu legado perdura, inspirando futuras gerações a buscar o desconhecido e a avançar no conhecimento humano em benefício de toda a humanidade.


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