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Abbadhia Vieira fala do papel do riso no humor

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Abbadhia Vieira não queria ser atriz. Ela sofria com um pânico terrível de falar em público, fato que começou a atrapalhar muito sua carreira no mercado corporativo. Sendo uma pessoa criativa e inquieta, resolveu ingressar na Universidade de Teatro para estudar o comportamento diante do público de forma mais intensa. Ao longo do curso, logo percebeu que os exercícios teatrais e atuações a estavam ajudando a vencer seus bloqueios, a humanizar seus erros e o melhor: a rir de tudo aquilo! Graduou-se em teatro afirmando que não queria ser atriz, porém fazia de tudo para se manter próxima aos palcos. Em paralelo à sua carreira corporativa, vivia fazendo pontas e produção em peças de amigos. Foi aí que recebeu um convite para uma pequeníssima participação de apenas 3 palavrinhas numa emissora de TV em 2009. Ela ainda não sabia, mas este seria o grande divisor de águas. Tornou-se atriz, autora, empreendedora, palestrante e diretora. Hoje tem como uma das suas principais atividades a melhoria de performance em comunicação de pessoas e organizações. “A TEM desenvolve soluções de melhoria de performance profissional. Todos os integrantes possuem vivência no corporativo e obrigatoriamente uma formação artística. Dessa forma o time consegue mesclar as duas linguagens”, afirma a atriz e criadora da TEM Soluções – Teatro Empresarial Motivador.

Você não queria ser atriz. Como a sua chamada foi maior do que o medo de falar em público?

Na verdade eu não queria ser atriz antes de fazer teatro. Depois que conclui a Universidade de Teatro eu entrei em estado de negação pois no fundo já sabia que havia sido tocada mas não queria admitir, afinal já tinha quase 30, tinha emprego e profissão definidos. Mudar nunca é fácil. Mas era tarde demais.

O humor só deve fazer rir ou ele também deve ter um papel de reflexão em algum ponto?

O riso é consequência do humor, e só há riso se o humor tiver graça. Quem nunca foi a um show que prometia ser de humor e não tinha graça? Acontece às vezes. O papel do humor é ser um comunicador de mensagens e entre elas está a crítica. O humor suaviza e mostra através de um olhar diferente aquilo que precisamos refletir.

Em que pontos a graduação em teatro foi importante para o seu ofício?

Para o oficio de atuar, hoje, entendo que foi fundamental. Mas ele teve um papel mais forte quando foi usado para me fortalecer no aspecto de falar em público, humanizar meus erros, meu autoconhecimento. Sou a maior ativista que todos devem fazer ao menos um curso livre de teatro, independente da carreira que queiram seguir. O lúdico abre janelas incríveis. Às vezes o problema é que não fechamos mais!

Como você conseguia também lidar com a carreira corporativa neste momento?

Hoje em dia eu alio as duas coisas, afinal, minha empresa (TEM Soluções – Teatro Empresarial Motivador), utiliza as ferramentas de teatro e cinema para melhoria de performance profissional, seja na comunicação, integração entre equipes, posicionamento de liderança, vendas e outras áreas.

Qual ingrediente do humor você colocou em sua carreira corporativa?

Gargalhadorismo – Empreendedorismo com Humor. É uma forma de observar as situações do dia a dia com um ponto de vista otimista e menos reclamador. Está inclusive no livro que estou a lançar em SP dia 15/08 no CONARH – Congresso de RH da ABRH Brasil e também em Portugal no dia 25/09 no Leadership Summit – Congresso Internacional de Liderança.

E qual ingrediente da sua carreira corporativa você colocou no humor?

A disciplina e o olhar prático. Se eu não cuidar posso ficar horas viajando em ideias e projetos que nunca serão concretizados. O corporativo é pragmático.

Os tempos do politicamente correto em nosso país, atrapalharam o seu modo de fazer humor em algum momento de sua carreira?

Na verdade não porque como sempre fui do corporativo essa trava quase é natural. Tenho sempre a preocupação de pensar: se eu falar isso, amanhã a empresa tal não vai entender. Mas acho que essa fase do país atrapalha muito ao humor. Muitas vezes penso que há demagogia demais mas isso é um tópico para outra entrevista porque renderia treze páginas.

Fale um pouco sobre a formação da TEM Soluções.

A TEM desenvolve soluções de melhoria de performance profissional. Todos os integrantes possuem vivência no corporativo e obrigatoriamente uma formação artística. Dessa forma o time consegue mesclar as duas linguagens. Só o lúdico não resolve para as empresas e só o formal e rígido não serve para encantar e deixar resíduo emocional. Acredito que tenhamos encontrado uma mistura muito próxima do ideal, mas acho que sou um pouco suspeita.

Em que momento surgiu a ideia do Festival Luso Brasileiro de Comédia?

Depois que realizei uma peça do autor e diretor Cláudio Torres Gonzaga com um ator português, António Raminhos, tive a certeza de que a mistura seria incrível para ser replicada em outros formatos como: stand-up e improviso. E realmente do ponto de vista artístico foi uma das coisas mais ricas que pude participar.

Como foi feita a curadoria dos artistas que estiveram no evento?

Eu conhecia a maioria do Brasil por algum momento já ter estado em espetáculos ou ter atuado junto. Os que eu não conhecia foi através de indicação. Em Portugal foram também os artistas que tive a oportunidade de assistir e combinar os estilos para as apresentações em conjunto.

O que não pode faltar em festivais como esse?

Riso. Isso é garantido e faz parte do pacote básico. Os opcionais são: troca de culturas, conhecimento de expressões idiomáticas de ambos os países, novos palavrões, histórias incríveis e musicalidade. E então? Imperdível né?


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