O setor agropecuário vive nos últimos dois anos momentos semelhantes a uma montanha russa. Se por um lado a alta demanda no mercado internacional com câmbio favorável das principais commodities está aquecido, gerando bons ganhos, por outro lado, a escassez e o alto valor dos preços dos principais insumos necessários para a produção tem jogado a expectativa lá em baixo. Este cenário de instabilidade iniciou-se no primeiro trimestre de 2020 com o estouro da pandemia que modificou drasticamente a conjuntura por ter alterado o ritmo de produção. Muitas fábricas tiveram que reduzir a produção e muitas outras foram obrigadas a fechar por medo de contágios generalizados do Covid-19.
Tudo isto somado, gerou problemas complexos de logística, como atraso nas entregas de produtos e fortes aumentos no preço dos fretes, tanto marítimos como terrestres.
Entre os insumos que tiveram os maiores aumentos, destaque para os fertilizantes. A alta foi superior a 100% na maioria das regiões. Segundo Julio Zavala, diretor no Brasil da AgriAcordo, a primeira plataforma do País, criada exclusivamente para negociações comerciais na modalidade Business-to-Business (B2B), este insumo é o que mais pesa no investimento das fazendas no momento do plantio. “Só para dar um exemplo, o cloreto de potássio é um fertilizante indispensável para qualquer cultura no Brasil, há seis meses ele custava em média R$ 2 mil a tonelada, hoje este mesmo produto está sendo cotado a mais de R$ 5 mil a tonelada”, destaca.
Toda essa alta variabilidade é resultado da falta de produtos no mercado aliado a uma demanda muito forte por parte dos produtores. O cloreto de potássio é um desses insumos de alta valorização. “Tem países que não estão exportando, e tem outros com problemas políticos como a Rússia, a punição dos Estados Unidos, tudo isso contribui para que o mercado esteja com pouca oferta dos insumos e matérias-primas”, reforça Zavala.
Além dos fertilizantes, os defensivos também tiveram forte impacto, como por exemplo, o Glifosato, com uma alta entre 200% e 300%. Este por sua vez está fortemente relacionado com a China, que é a principal fornecedora de matéria prima para este produto que nos últimos meses reduziu a produção, remanejou e até fechou algumas fábricas.
Alternativa eficiente
Neste contexto de grande insegurança, é muito importante conhecer os preços aos quais o mercado está comercializando os insumos, além disso ter a possibilidade de acesso a novos fornecedores é um diferencial. Desta forma a ferramenta da AgriAcordo se destaca. A plataforma tem como objetivo digitalizar as relações comerciais conectando as empresas atacadistas de agroinsumos, as revendas e distribuidores gerando mais transparência e maior conexão, tanto na venda quanto na compra de insumos.
A solução tecnológica possibilita as revendas e cooperativas, que são os principais elos dos produtores com os insumos, que diariamente possam olhar os preços reais do mercado, demandar ou oferecer insumos para muitas empresas nas diferentes regiões do Brasil. “Hoje eu acho muito importante essa fidelidade, entre o produtor com sua revenda ou o cooperado com sua cooperativa, eles têm uma missão muito difícil, porque eles também compram, então eles também estão tendo muita dificuldade para conseguir os produtos que esses clientes demandam”, diz o diretor.
Atualmente a AgriAcordo está desenvolvendo algumas ações com o objetivo de ampliar o cadastro de empresas em sua plataforma e assim tornar o mercado mais dinâmico. Para se consolidar como uma alternativa para conectar vendedores e compradores, a solução oferece histórico de preços de todos os produtos que passam pelo sistema, informação essa que não existe no mercado atualmente. “Todas as cotações e ofertas que passam pela AgriAcordo, ficam salvas nos dados. Devido a essa inteligência, estamos desenvolvendo uma ferramenta para mostrar os históricos de preços, os valores reais, e ainda a comparação entre o preço à vista com o financiado”, cita Zavala.
Com a sua tecnologia, a AgriAcordo torna-se uma ferramenta muito útil para situações como esta que o agro está vivenciando. Por exemplo, uma revenda que hoje não consegue o produto de seu fornecedor habitual, ela tem acesso, por meio da plataforma, a outras opções que podem estar sobrando alguns quilômetros dali, e a plataforma faz essa conexão. Atualmente a rede conta com mais de 150 empresas cadastradas no sistema.
Planejando o futuro
O cenário para a próxima safra é de muitas incertezas por uma série de fatores. Por exemplo, uma fábrica que fecha, não abre de um dia para outro, e não consegue chegar a produção para qual ela designada em um tempo tão curto, além disso, esse aumento dos produtos, também é um fato que não vai mudar de um dia para o outro, por questões das causas que estão mais conectadas.
Consultores do mercado internacional acreditam que até metade do ano, a atual conjuntura não vai se modificar. O mundo está em crise energética, o petróleo subiu muito, as commodities subiram também, e somente o tempo dará a resposta, mas a tendência é que o mercado de insumos vai normalizar apenas no final de 2022.
Diante dessa expectativa de pouco mudança a curto e médio prazo, os produtores que se preparam para o plantio da safrinha no fim de janeiro que ainda não fizeram as compras antecipadas, podem ter grandes complicações. Com a alta diária nos preços dos insumos, não está sendo fácil encontrar produtos no mercado, por isso o agricultor precisa fazer muito bem as contas do que ele vai investir e ter retorno de produtividade. “É preciso pensar se realmente vale a pena plantar basicamente o milho safrinha nas atuais condições ou deixar para semear o trigo em março ou abril”, pontua Zavala.
Ainda segundo o executivo da AgriAcordo, outra alternativa aos produtores é dividir o risco. “Eu faria a compra de uma parte dos insumos mais complexos ainda no primeiro semestre. Após a colheita da soja já começaria comprando uma parte dos insumos e deixaria o restante para a outra metade do ano”, finaliza.
Sobre a AgriAcordo:
Com operações iniciadas em junho deste ano no Brasil, a AgriAcordo é a primeira plataforma online a permitir a comercialização de insumos agropecuários somente entre empresas bem avaliadas do setor. A startup é subsidiária brasileira da argentina AgriRed, marketplace que é gerido pelo grupo americano Ag inputs Trading.
*Com participação da jornalista Kassiana Bonissoni.
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