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A trajetória empresarial de Alencar Burti

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O empresário Alencar Burti tem sua trajetória empresarial intimamente vinculada às atividades associativas. Sua vida profissional começou ainda adolescente no setor de joalheria e, mais tarde, passou para o ramo de automóveis. Desde a década de 1960, atua em associações que representam o interesse dessa categoria. Foi um dos responsáveis pela fundação da Fenabrave (Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores). Também presidiu a ACSP e a FACESP, durante quatro mandatos (entre 1999 e 2003 e 2007 e 2011). Nos últimos anos, esteve à frente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e do Conselho Deliberativo do Sebrae-SP. Atualmente é presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais de São Paulo (FACESP). Em seus mandatos anteriores, Burti foi responsável por grandes decisões no âmbito da ACSP, como a transformação do SCPC na empresa Boa Vista Serviços. Nessa nova fase (começada em março de 2015), o empresário levanta a bandeira da desburocratização, e pensa cada vez mais em fortalecer a FACESP. “Um dos maiores problemas que vejo nessa fase de Governo com alteração de comando é a burocracia. Ela onera a produção e reflete no comprador, aumentando os custos. A burocracia eleva os custos dos pequenos empresários”, afirma o empresário.

Em 2011, o senhor e consequentemente as pequenas e microempresas, estavam preocupados com a concentração brutal do negócio do varejo no país. Como o senhor vê este assunto, passados 5 anos desta declaração?

Mais do que a preocupação com a concentração no varejo, as micro e pequenas empresas estão preocupadas com a forte retração das vendas, que já dura mais de um ano e atinge tanto as grandes empresas como as menores. Observa-se, inclusive, um movimento de contração de algumas redes, com o fechamento de muitas lojas.

Qual a estimativa para as vendas no varejo em São Paulo para este ano de 2016?

Os dados disponíveis até junho mostram queda acentuada das vendas, superior a 8% no acumulado do semestre. A expectativa é de que a retração das vendas ainda se mantenha na segunda metade do ano, mas com desaceleração gradativa do ritmo de queda. Esperamos que, ao final de 2016, os dados possam indicar um equilíbrio na comparação de dezembro com igual mês de 2015. Mas o resultado acumulado de 2016 ainda será negativo, na casa dos 3% a 4%.

É unânime entre empresários e economistas, que a redução da burocracia e a simplificação tributária, são fundamentais para que o país volte a crescer. Com toda a sua experiência, o que acredita que deveria ser feito para que estes pontos, não ficassem apenas no plano das intenções?

Um dos maiores problemas que vejo nessa fase de Governo com alteração de comando é a burocracia. Ela onera a produção e reflete no comprador, aumentando os custos. A burocracia eleva os custos dos pequenos empresários. O presidente Temer precisa prestar bastante atenção nos fatores que podem agravar a crise e trazer mais prejuízos para os empresários. Por mais que sejam urgentes e importante, a redução da burocracia e a simplificação tributária ainda não parecem ser prioridade do Governo e dos legisladores. Infelizmente, o que se vê são aumento das exigências burocráticas e ameaças de elevação de impostos.

Neste momento o que mais tem afetado o comércio e qual seria a sua solução para que esse problema fosse minimizado?

O principal problema do comércio atualmente é a queda das vendas, devido ao desemprego alto, ao crédito mais caro e de difícil acesso e à falta de confiança do consumidor. A expectativa é de que o ajuste fiscal – mesmo que gradativo – avance e permita a redução dos juros e a retomada da confiança dos empresários e dos cidadãos.

O senhor acredita que a inflação é o principal problema do país hoje?

A inflação é o sinalizador de que alguma coisa está errada na economia. Ela é um sintoma e não a doença, que consiste no desequilíbrio das contas públicas, nos controles artificiais de tarifas no passado – que agora foram corrigidas – e, também, nos problemas climáticos que afetaram a oferta de produtos agrícolas. Mas a inflação é extremamente danosa para os empresários e para os cidadãos, penalizando principalmente as camadas de menor renda. Se não combatida, ela escapa ao controle e pode levar à instabilidade geral da economia, com grandes riscos para a sociedade. Por isso, suas causas precisam ser combatidas.

Em fevereiro, o consumidor estava com sua confiança estabilizada e pessimista. Na ocasião, o senhor afirmou que uma rápida solução da crise político-institucional, poderia reverter este quadro desfavorável. Acredita que teremos essa rápida solução, se Michel Temer se tornar presidente em definitivo?

Temos a expectativa de que, decidido o impeachment, o presidente Michel Temer poderá tomar as medidas mais duras necessárias para equacionar o problema fiscal e começar a reverter a recessão. Isso não significa, contudo, que os problemas serão resolvidos rapidamente, mas que estaremos caminhando na direção certa, o que melhorará a confiança dos agentes econômicos.

Como está o ânimo dos empresários com quem têm conversado neste momento?

O empresariado está na expectativa para o mês de agosto. E nós, da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), acreditamos que haverá uma alteração efetiva. A presidente Dilma tem mínimas chances de continuar, e isso abre uma perspectiva positiva pela qual nós – empresários e cidadãos – temos que continuar lutando e contribuindo com a nossa participação, em busca de uma solução para o país. Todos temos que contribuir para que o país mude.

Uma palavra que o senhor sempre utiliza em suas falas é participação. Como a sociedade civil organizada pode participar de forma mais ativa neste atual cenário e não só apenas na hora do voto, como acontecerá em outubro próximo?

As manifestações de março mostraram como é importante a participação da sociedade para defender seus valores e interesses. Mas elas não podem se limitar e ser esporádicas ou só através de redes sociais. Precisam se traduzir em ações efetivas para pressionar o Executivo e o Legislativo, para que correspondam aos anseios da população. O mais importante continua sendo a escolha correta dos representantes em todos os níveis.

Há alguns anos, o senhor estava sem esperança que a reforma tributária acontecesse no Governo Dilma. Enxerga alguma luz para esta questão ou ainda continua sem esperança?

Diz o ditado que “a esperança é a última que morre”. Precisamos não apenas acreditar que é possível, como pressionar para que ela ocorra.

Num momento de incerteza como vivemos atualmente, qual seria o papel fundamental de uma instituição como ACSP?

O papel da ACSP é defender a livre iniciativa, representar os empresários e contribuir para o desenvolvimento local e nacional. Nos seus 121 anos de história, a entidade sempre participou de episódios relevantes da vida do país, como nos casos da gripe espanhola em 1919, da defesa das empresas quando da ocupação pelos militares revoltosos em 1924, da revolução de 32 lutando pelos ideais democráticos dos paulistas e da Constituinte de 88 para defender a economia de mercado e a democracia. Neste período de grande incerteza e instabilidade política, a Associação assumiu firme posição a favor do impeachment por considerar ser a melhor solução para o Brasil e por acreditar no nosso país.

Como acredita que o empreendedor deve agir neste momento turbulento, afinal o senhor passou por várias crises e mesmo assim se tornou bem-sucedido em suas atividades?

Em situação de incerteza o empresário deve sempre procurar minimizar o risco, especialmente financeiro. Por isso precisa agir com cautela, mas sem imobilismo. Deve usar a criatividade para buscar alternativas e procurar estar preparado para quando a economia melhorar e, assim, poder se beneficiar. Para isso é preciso aproveitar o período de menor movimento para aprimorar seus controles, melhorar sua gestão e treinar e motivar seus colaboradores. É bom estar atento, pois, as crises também oferecem oportunidades.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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