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O cenário econômico com Alessandra Ribeiro

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Alessandra Ribeiro é mestre em Economia e Finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e graduada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atuou como analista de mercados na BM&FBovespa e, na Tendências, já foi responsável pela área internacional, mercados financeiros, atividade, inflação e política monetária. Atualmente, é diretora da área de Macroeconomia e Política da mesma Tendências Consultoria Integrada. No ano passado, lançou em parceria com ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega o livro “A Economia: como evoluiu e como funciona – ideias que transformam o mundo”. “Espera-se que as lições decorrentes da Operação Lava Jato limitem a corrupção no país. A redução da corrupção permitirá que as empresas operem mais em linha com as condições de mercado, no que diz respeito a concorrência e preço. Assim pode se ter acesso a serviços melhores com preços competitivos”, fazendo uma análise da economia pós Lava Jato. Sobre o Brexit, a economista é enfática: “Ainda há muita incerteza em relação ao arranjo da saída. Se as condições de saída forem desfavoráveis ao Reino Unido, podemos observar migração de atividades para o continente. Neste sentido, UK (Reino Unido) poderia perder atratividade do ponto de vista dos investimentos. (…) Tanto o diagnóstico quanto receituário estão na direção correta em minha avaliação”, sobre a equipe do Governo Temer.

Alessandra, a recuperação econômica do Brasil começará neste ano ou pelas suas previsões, ainda não enxerga “uma luz no fim do túnel?”.

A recuperação deve ter início neste ano. A Tendências já projeta crescimento de 0,1% no 1º. Trimestre em relação ao 4º. Trimestre de 2016. O ritmo deve ganhar tração ao longo do ano, sendo que ao final do ano, considerando a comparação 4º. Trimestre de 2017 em relação ao 4º. Trimestre de 2016, a economia deve registrar crescimento superior a 2,0%. Na média do ano, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) deve ser de 0,3%, ainda baixo dado o carregamento estatístico negativo advindo do ano passado.

Depois da saída da presidente Dilma Rousseff, muitos diziam que as incertezas econômicas passariam. Acredita que essas incertezas já passaram de alguma forma?

As incertezas já cederam de forma significativa, como é possível observar pelo comportamento dos ativos financeiros (prêmio de risco, bolsa de valores, câmbio e juros futuros). A redução da incerteza está relacionada à mudança de orientação da política econômica, a aprovação de reformas relevantes como a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do gasto, encaminhamento da reforma da previdência e mudanças relevantes em marcos regulatório (exemplo: óleo e gás) e encaminhamento do programa de infraestrutura com viés pró-mercado.

Como avalia o trabalho da equipe econômica do Governo Temer?

De forma muito positiva. Tanto o diagnóstico quanto receituário estão na direção correta em minha avaliação. Além do reestabelecimento do equilíbrio macroeconômico (via ajuste fiscal) e política monetária responsável estão atacando problemas microeconômicos que têm travado a reação da economia.

Quais os efeitos reais serão sentidos na economia, pós Operação Lava Jato?

Espera-se que as lições decorrentes da Operação Lava Jato limitem a corrupção no país. A redução da corrupção permitirá que as empresas operem mais em linha com as condições de mercado, no que diz respeito a concorrência e preço. Assim pode se ter acesso a serviços melhores com preços competitivos. De forma geral, impacta positivamente o crescimento potencial do país.

Fica claro que o Governo Dilma foi imprudente do ponto de vista econômico. Qual dessas imprudências ainda custará caro para o nosso país em um longo prazo?

A situação fiscal é o exemplo mais claro. Mesmo em um cenário em que as reformas saiam do papel de forma satisfatória (destaque para a previdenciária), a dívida pública ainda alcançará o pico de 81,4% em 2021. No prazo de dez anos, a dívida deve voltar para a casa de 73%, bem acima do observado em 2014 (56,3%).

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Privatizar uma empresa como a Petrobras, seria um grande sinal para os investidores que estão um pouco receosos em investir no país, ou isso em sua visão seria mais um ato de imprudência neste momento?

A Petrobras está sendo muito bem conduzida no momento, sendo que o objetivo central é o de reequilibrá-la financeiramente. Neste sentido, a privatização não deve estar no radar, ainda que mais para frente, com a empresa em condições mais sólidas, o processo possa ser levado à frente.

Você disse no final do ano passado, que com o horizonte nebuloso, os empresários continuarão mantendo na gaveta projetos que poderiam fazer a economia reagir. Como sente a “temperatura” entre os empresários, passados um pouco mais de três meses dessa declaração?

Ainda há cautela, especialmente diante das elevadas incertezas sobre a eleição presidencial de 2018. Mas a temperatura hoje parece um pouco melhor como evidenciam os índices de confiança e o próprio resultado dos leilões dos aeroportos que foi muito bem-sucedido.

Vamos falar um pouco de economia internacional. Antes das eleições americanas, alguns analistas, afirmavam que a eleição de Donald Trump poderia afetar de maneira danosa a já frágil economia do nosso país. Passados todos os burburinhos e com a eleição do novo mandatário dos EUA, acredita que isso pode ocorrer de fato?

Ainda há muita incerteza em relação ao que Trump irá implementar. Ainda que o Brasil não esteja no radar, especialmente no que diz respeito a medidas protecionistas, uma possível tensão comercial com a China pode afetar bastante a economia mundial e também a brasileira. Neste sentido, ainda há riscos relevantes a serem monitorados e que podem afetar bem a economia brasileira.

Como o momento ruim da economia brasileira, tem afetado os países da região?

A forte retração da economia brasileira tem efeito negativo sobre os países da região, em especial naqueles com laços comerciais mais substanciais como é o caso da Argentina.

Acredita que o Brexit será o principal causador de uma estagnação de investimentos no bloco europeu?

Ainda há muita incerteza em relação ao arranjo da saída. Se as condições de saída forem desfavoráveis ao Reino Unido, podemos observar migração de atividades para o continente. Neste sentido, UK (Reino Unido) poderia perder atratividade do ponto de vista dos investimentos. Além do Brexit, outro fator de risco relevante são as eleições em países como França e Alemanha diante do crescimento do populismo/extremismo na região. Uma suposta eleição de Le Pen [Marine Le Pen, membro do parlamento europeu e candidata à presidência da França) pode ter efeitos danosos para a região.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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