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Alexandre Prado falando sobre liderança e coach

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Coach, professor de cursos na área de desenvolvimento humano e organizacional, Alexandre Prado é presidente da Núcleo Expansão. Membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC), busca atualização constante em cursos no Brasil e no exterior. Já participou de treinamentos com criadores de abordagens como Dinâmica do Espiral com Don E. Beck, nos Estados Unidos, em Inteligência Espiritual e Liderança Quântica com Danah Zohar, na Inglaterra, em Neurossemântica e Meta Coaching com Michael Hall, entre outras qualificações. É conselheiro do Instituto Imprendere – entidade sem fins lucrativos voltada para estudos sobre a relação do homem com o seu trabalho. Durante 22 anos trabalhou como executivo de empresas multinacionais, incluindo cargos de diretoria e presidência, na gestão estratégica e de desenvolvimento de pessoas, equipes e corporações, além de ser autor e coordenador de livros relacionados ao coaching e desenvolvimento humano e organizacional. “O total equilíbrio na vida é difícil, eu diria utópico até. O que o coaching faz é auxiliar para que o cliente desenvolva competências e habilidades que lhe sejam úteis para lidar, por exemplo, com as adversidades da vida. (…) O coach tem como uma das suas principais habilidades fazer perguntas adequadas em cada contexto, verdadeiras perguntas poderosas que, muitas vezes, levam o cliente a uma profunda reflexão”, afirma o coach.

Alexandre, quando se percebe que uma pessoa que passou pelo processo de coaching, alcançou o total equilíbrio na sua vida?

O total equilíbrio na vida é difícil, eu diria utópico até. O que o coaching faz é auxiliar para que o cliente desenvolva competências e habilidades que lhe sejam úteis para lidar, por exemplo, com as adversidades da vida. Um indivíduo que tem grau de resiliência baixo, sempre se afeta com os fracassos e obstáculos da vida. O coaching é útil para ajudá-lo a incrementar este grau de resiliência e, talvez, até a desenvolver uma nova perspectiva da vida. Seguramente que esta pessoa – após o processo de coaching – terá o seu conceito de equilíbrio de vida modificado, sua percepção sobre fracassos e obstáculos, poderá ter sido alterada. Então, não se trata de alcançar o total equilíbrio na vida, mas sim, de aprender a conviver e a lidar positivamente com as vicissitudes que a vida impuser.

Como é o trabalho para situar uma pessoa em seu propósito de vida?

O coach tem como uma das suas principais habilidades fazer perguntas adequadas em cada contexto, verdadeiras perguntas poderosas que, muitas vezes, levam o cliente a uma profunda reflexão. Todos nós temos missão e propósito de vida. Ocorre que a grande maioria não está ciente. O coach deve ser hábil para auxiliar o cliente nesta busca. A pessoa que é consciente de sua missão de vida – que tem um propósito estabelecido e que desenvolve suas competências neste sentido – torna-se uma pessoa mais plena, mais feliz. Aquele que tem missão e propósitos claros traz em si motivação, desejo de vencer, e uma força de vontade impressionante.

É difícil fazer uma pessoa manter o foco no presente e no futuro ao mesmo tempo?

Não é difícil. Manter-se focado é uma habilidade que pode ser desenvolvida. Sempre dependerá da pessoa ter o desejo para manter o foco e da forma que preferir fazer isso. Alguns meditam, outros desenvolvem o que se chama de ‘estado de presença’, cada um tem sua forma, seu ‘como’. Manter o foco no presente e no futuro não é difícil, mas devemos ter aspectos fortes que nos ancorem em cada um dos momentos. Como disse, por meio de exercícios específicos, pode-se desenvolver o ‘estado de presença’ e isso é o focado no hoje, no agora. O foco no futuro está relacionado à existência de algo importante – uma meta, por exemplo – estabelecida lá na frente. Se, além de ter uma meta, o indivíduo a tem alinhada à sua missão de vida, e percebe um propósito claro que o mova naquela direção, seguramente ele manterá o foco no futuro.

Como é feito o trabalho para se melhorar a relação interpessoal no mundo dos negócios?

A relação interpessoal refere-se à troca de informações entre duas pessoas e está relacionada diretamente a qualidade da comunicação que se estabelece. Comunicação, esclareço, no sentido amplo: a verbal, a escrita, a não verbal e a visual. Na medida em que os indivíduos se capacitarem para perceber e utilizar todas as nuances da comunicação observando, por exemplo, o gestual do seu interlocutor, as expressões faciais, o tom de voz, entre outros, a qualidade das relações humanas será substancialmente melhorada.

Alguém que não nasceu líder, pode ser tornar um pelos seus métodos?

Seguramente. Liderança e os aspectos que a compõe são habilidades a serem desenvolvidas. Espera-se que um líder, por exemplo, tenha a capacidade de gerenciar conflitos. Vamos supor que um indivíduo seja tímido, não se sinta atraído pelo embate e fuja do conflito. Ele não poderá ser um bom líder. Entretanto, suponhamos que esse indivíduo busque uma formação técnica em mediação de conflitos e, em paralelo, trabalhe sua timidez – muitas vezes decorrente de insegurança – e que veja que é capaz de analisar os contextos mais complexos como nenhum outro na equipe. O que ele deve fazer é buscar fortalecer suas habilidades (analisar contextos mais amplos), adquirir conhecimento que o faça sentir mais seguro (mediação de conflitos), e mitigar os efeitos de suas deficiências (timidez). Veja que não há fórmula mágica, é preciso trabalhar e em várias frentes. Na medida em que o indivíduo for sendo exposto às situações de conflito de menor complexidade e tentar solucioná-las, e conseguir, ele vai se tornando mais e mais seguro. A excelência não advém de um evento isolado, mas sim daquilo que repetidas vezes é feito, um hábito.

Jack Welch, ex-presidente da General Electric, diz que o líder que não desenvolver a habilidade de ser um coach, será descartado pelo mercado. Acredita nisso? E como será feito esse descarte?

Sim, acredito. A liderança contemporânea é uma liderança humanizada, onde o respeito pelo indivíduo está em foco e onde o papel de líder pesa mais do que o papel de gerente. Para a nova geração de líderes que vem surgindo, alcançar o sucesso nas organizações estará cada vez mais relacionado à sua capacidade de equilibrar as relações humanas e o desempenho corporativo. Isso significa que o líder deve começar a se perguntar quais valores fundamentais são os mais importantes, que o motivam, formam a sua visão, que dão propósito e significado na sua liderança. O líder que já é exigido hoje é um líder que cria líderes, que desenvolve pessoas, é o líder-coach. Penso que o descarte será natural, decorrente da seleção natural. Aqueles que estiverem sintonizados às novas tendências da liderança, irão se manter ativos. Aqueles que, como se mantiverem alienados e desatualizados, serão automaticamente excluídos pelo mercado.

Como o jovem, recém-chegado no mercado de trabalho, pode usar o coaching para que seus objetivos sejam alcançados?

O jovem que recém ingressou no mercado de trabalho traz em sua bagagem, basicamente, conhecimento acadêmico e fundamentalmente teórico. Durante a formação acadêmica, os estudantes são bombardeados com grandes volumes de conteúdo técnico, teórico e prático. Entretanto, de acordo com o modelo educacional atualmente existente, raramente é investido no desenvolvimento de competências e capacidades comportamentais ou “não técnicas”. O mercado de trabalho, entretanto, tem se tornado cada vez mais exigente com os profissionais. Para vencer e atingir as metas estabelecidas pelas corporações, cada um deve estar preparado, ser diferenciado e dotado de qualidades que o destaque da grande massa. Já vimos alunos brilhantes tornarem-se profissionais medíocres. Outras vezes observamos graduados, tecnicamente excelentes, com sólido embasamento teórico, mas que não possuíam a capacidade de se expressarem adequadamente perante as pessoas, nem participar de uma reunião sequer. Há aqueles que tinham tudo para serem brilhantes, mas, simplesmente, não conseguem ter sucesso. Ou seja, não basta cursar uma faculdade de renome para ingressar no mercado de trabalho e ter sucesso. É necessário algo mais. E esse algo mais, o coaching pode auxiliar a desenvolver.

Como o coaching é usado para o aumento de foco?

O coaching é muito eficaz no estabelecimento de tarefas junto com o coachee (cliente). Na medida em que as tarefas forem sendo realizadas, cada vez incrementando o grau de dificuldade, o indivíduo tende a aumentar, o foco.

Toda empresa por menor que seja, deve ter um programa de mentoring?

Seria maravilhoso. No mundo empresarial, o mentoring tem ganhado popularidade nos últimos anos, porque demonstra ser uma ferramenta mais eficaz do que outras abordagens. Preparar os profissionais do futuro tem sido o lema de diversas companhias. Elas estão preocupadas em manter em seus quadros funcionários que possuam as competências necessárias para assumir posições de liderança. O mentoring utiliza o potencial que existe dentro ou fora da empresa, como a sabedoria de profissionais mais experientes, impulsionando a inovação e a criatividade da empresa, e consequentemente tornando-a mais competitiva. Por este motivo os programas de mentoring são focados nos jovens que demonstram grande potencial de desenvolvimento. Estabelecer um programa de mentoring pode ser uma decisão estratégica acertada e valiosa.

O que fazer para se ter sempre uma equipe motivada em busca dos objetivos da organização?

Em minha percepção, a motivação para qualquer coisa está relacionada à quão consciente o indivíduo está do propósito de algo, de uma tarefa, por exemplo. Na medida em que ele percebe o real significado daquele objetivo, ele encontrará a motivação legítima. O líder deve ser capaz de inspirar seu time de forma a alinhá-los todos aos objetivos estabelecidos. E, principalmente, perceber que há diferentes pessoas na equipe e que cada um tem suas motivações – uns pelo bônus no fim do ano, outros por sentirem-se úteis, e outros por simplesmente fazerem adequadamente aquilo para o qual são remunerados. Na medida em que o líder souber calibrar sua percepção sobre os outros, ele saberá manter acesa a chama da motivação da equipe, inspirando-a!

Muitos aposentados ficam com uma sensação de não estarem sendo mais úteis para a sociedade quando encerram o seu ciclo de trabalho. O que o coaching pode fazer para quem está nessa situação?

As culturas orientais têm a prática de manterem os mais velhos e mais experientes em seus quadros permanentes, ou mesmo como consultores temporários. A experiência acumulada durante décadas – entendem eles – não pode se perder de uma hora para outra. A visão ocidental é diametralmente oposta e entende que aquele que se aposenta, com raras exceções, não serve mais ao mercado de trabalho, não tem nada mais com que contribuir. Ledo engano! Há que se considerar ainda, que a expectativa de vida da população mundial vem elevando-se a cada década. No Brasil de 1960, um indivíduo de 54,6 anos estava prestes a bater as botas. De acordo com o IBGE, a média de vida de um cidadão brasileiro era de 74,6 anos em 2012. Vale dizer então que em pouco mais de 50 anos, a expectativa de vida elevou-se em 20 anos. O que fazer com esta massa de mão de obra treinada e experiente? O coaching é uma metodologia que auxilia o indivíduo a desenvolver competências e habilidades que sejam úteis à sua vida. Um dos aspectos interessantes a ser comentado é que, muitas vezes quando o indivíduo se aposenta, ele mesmo não se preparou para esta nova fase, não pensou nela. O coaching é muito eficaz na identificação de um novo propósito de vida. Em minha percepção é uma oportunidade ímpar para o indivíduo vislumbrar uma melhor qualidade de vida por meio da reestruturação de suas atividades e de seus comportamentos, onde o principal objetivo é elaborar um projeto que possibilite descobrir novos horizontes alinhados com suas preferências, valores e missão de vida. Em minha experiência, quanto antes da aposentadoria o processo iniciar, mais gratificante será para o cliente quando efetivamente passar a outra fase. Essa modalidade denominamos coaching para pré-aposentadoria.


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