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Alfredo Passos quer gestão eficiente no país

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Doutor em Administração, palestrante, professor da ESPM e especialista em Inteligência Competitiva, Alfredo Passos é autor dos livros “Homem no Fogão e Mulher na Gestão”; “Inteligência Competitiva para Pequenas e Médias Empresas”; “E a Concorrência não levou” e “Inteligência Competitiva – Como fazer IC acontecer na sua empresa”, editados pela LCTE Editora. Também é o primeiro profissional da América Latina a ser honrado com o SCIP Catalyst Award da Strategic and Competitive Intelligence Professionals – USA, pela contribuição e pesquisa sobre Inteligência Competitiva no Brasil. É colunista do notório e famoso veículo da internet portal dos Administradores e conselheiro da Rede Prestige Azores em Portugal. “Temos profissionais qualificados, com graduação, pós-graduação, especialização e experiência comparada aos profissionais do exterior. Mas os empresários e executivos das empresas ainda não sabem “o que é Inteligência Competitiva e seus benefícios”, e só pensam que IC é só um trabalho de concorrência e tático. Então só pedem trabalhos comparativos de preços, de vendas e por vezes, o que chamo de “obituários”. Aquele trabalho para ver por que não vendemos. Quando o mês já passou e a meta não foi atingida. (…) Não temos preparo para isso. Os americanos têm outra cultura. São incentivados a deixar a casa de seus pais para ir cursar uma faculdade em outro estado”, afirma. 

Alfredo, se puder nos fale um pouco sobre sua carreira.

Sou publicitário, iniciei minha carreira como trainee na Rede Globo, segui por agências de comunicação como Ogilvy e Young & Rubicam e anunciantes como Brasilit (Grupo Saint-Gobain) e EDS (hoje HP Company) como diretor de marca para América Latina.

Associado à carreira profissional, sempre exerci uma carreira acadêmica na docência do ensino superior. Como professor doutor em administração, ministro aulas há mais de 20 anos em cursos de graduação, pós-graduação e cursos in-company. Além disso, escrevi 5 livros sobre Inteligência Competitiva, um recém-lançado pela Novas Edições Acadêmicas chamado Inteligência Competitiva Tecnológica: O Estudo de Caso do Parque Tecnológico Nonagon, Açores, Portugal.

Como a Inteligência Competitiva pode ajudar empresários e colaboradores no concorrido mundo corporativo?

A ter uma visão das mudanças que estão acontecendo no macroambiente. Ou seja, no ambiente externo da empresa. Como na demografia do país, os movimentos migratórios, as mudanças nas moradias, as mudanças na economia, os impactos no meio-ambiente, tecnologia, os impactos dos assuntos regulatórios em sua empresa e atualmente o principal, que são as mudanças socioculturais, como as variações das famílias, o tamanho das famílias, e a variação no consumo das famílias e das pessoas no Brasil.

Quais são as chances reais de pequenas e médias empresas vencerem em mercados dominados por grandes empresas e multinacionais utilizando a Inteligência Competitiva?

Ao utilizar Inteligência Competitiva, uma micro, pequena ou média empresa irá estudar, ou visualizar um segmento, ou nicho de mercado para atuar, que uma grande empresa por sua vez não poderá atender unicamente, ou por vezes, não poderá atender por uma questão de escala. A grande empresa precisa atender um país. A pequena empresa pode pensar num bairro, num município, num estado. Então essa será a oportunidade desta empresa, concentrar seus esforços e fazer melhor que a grande empresa, para não só atender, mas prestar um melhor serviço para estes “clientes e consumidores” não trocarem mais de “empresa e marca”.

Quais as diferenças do desenvolvimento da Inteligência Competitiva no Brasil e no mundo?

Temos profissionais qualificados, com graduação, pós-graduação, especialização e experiência comparada aos profissionais do exterior. Mas os empresários e executivos das empresas ainda não sabem “o que é Inteligência Competitiva e seus benefícios”, e só pensam que IC é só um trabalho de concorrência e tático. Então só pedem trabalhos comparativos de preços, de vendas e por vezes, o que chamo de “obituários”. Aquele trabalho para ver por que não vendemos. Quando o mês já passou e a meta não foi atingida. E não o contrário. Um trabalho pró-ativo, quando o mês começa, para pensar enquanto é tempo de vender, como se fosse um médico geriatra e não um médico legista, quando o paciente já morreu, e não é possível fazer mais nada.

Em resumo: Temos uma diferença de 5 anos entre os países desenvolvidos, exemplo EUA para uma “Inteligência estratégica” e o Brasil “Inteligência tática”.

A maioria das empresas do país já praticam Inteligência Competitiva?

Entre as mil maiores empresas do Brasil pode-se dizer que sim. Mas o Brasil tem milhões de empresas. Então é a minoria que pratica Inteligência Competitiva. Muitos dizem que já fazem Inteligência Competitiva por fazer algum tipo de tabela analisando os concorrentes ou comparando preços de produtos. Isso nem de longe é trabalho de IC.

Outros dizem que sempre fizeram IC porque estão sempre coletando folhetos de concorrentes, fazem as tabelas e fazem reuniões de vendas falando dos concorrentes. Isso também não é fazer IC. É a mania do brasileiro de acreditar que por fazer algumas tarefas da função, sem estudo, sem disciplina, algumas vezes por ano, já estão fazendo o trabalho corretamente e não precisam de um profissional.

Por isso que até agora o Brasil não entende como a China cresceu, como a Coréia do Sul cresceu…

Quais as vantagens em um curto, médio e longo prazo de empresas que desenvolvem a Inteligência Competitiva?

Em primeiro lugar, seus profissionais, ou seja, aqueles que tomam decisões, começam a ter melhores informações e análises para tomar suas decisões empresariais com maior rapidez e menor risco.

Em segundo lugar, as empresas se tornam mais competitivas, pois, sabem quem são seus competidores e podem com isso, se preparar melhor para competir, com seus produtos e serviços.

Em terceiro lugar, as empresas ficam mais conscientes de quem são seus clientes e consumidores. Isso lhes possibilita endereçar melhor sua estratégia empresarial, traçar melhor sua direção e seus planos de ação, bem como sua comunicação, para melhor atender aquele que, em resumo, é sua razão de existir.

Existe diferenças entre pesquisa de mercado e Inteligência Competitiva?

Sim, pesquisa de mercado pode ser entendida como uma das ferramentas de Inteligência Competitiva. Embora os pesquisadores queiram dizer que a pesquisa se direciona as tomadas de decisão, o que é verdade, mas a decisão referente a mercado, a um produto, serviço, ou comportamento do cliente, ou do consumidor. Inteligência Competitiva é a decisão empresarial, quando envolve não só um produto, mas um risco referente à empresa.

Em épocas passadas, as mulheres ainda não tinham o reconhecimento e nem mesmo os salários dos homens no mercado trabalho. Como o mundo corporativo enxerga essa questão atualmente?

Essa questão não faz mais sentido. Se homens e mulheres têm os mesmos cargos e funções, devem ter os mesmos salários.

Em 2013, o senhor afirmou que o Brasil precisa de gestores que façam um país melhor para 2017. Ainda é dono dessa mesma opinião no cenário atual?

Sim, não melhoramos nesta questão. Continuamos precisando de melhores gestores no Brasil. Aliás, ainda ganhei um grande reforço, com o lançamento do livro de Daniel Goleman [escritor, jornalista e psicólogo norte-americano, 1946 -] neste 2015. Em “Liderança: A inteligência emocional na formação do líder de sucesso”, Goleman, reflete a evolução especialmente no que diz respeito às últimas pesquisas da neurociência, sobre a dinâmica dos relacionamentos, e o real impacto da inteligência emocional, no resultado financeiro de uma empresa.

Steve Jobs no começo da Apple, estimulava a competitividade entre os membros da sua equipe. Por que o senhor não considera essa técnica de gestão adequada?

Pois, culturas como as do Brasil, onde as pessoas não estão preparadas para a competição desde o nascimento, acabam por mostrar o lado pior do ser humano no trabalho. Então, em vez de competir de maneira ética, as pessoas irão competir de maneira desonesta e sempre buscando maneiras pouco “ortodoxas” de ficar na empresa. Se forem do chamado “escritório”, irão “sabotar” os colegas, “puxar o saco” do chefe, “deletar” colegas e assim por diante. Se forem “do chão da fábrica”, a conversa será “desde o enfrentamento”, passando pela “indiferença”, até o “isolamento”.

Não temos preparo para isso. Os americanos têm outra cultura. São incentivados a deixar a casa de seus pais para ir cursar uma faculdade em outro estado, a competir em qualquer esporte desde o ensino médio. Competição começa na escola, e cedo. No Brasil, a educação e a escola não fazem bem esse papel.

Para finalizar, o que um líder deve fazer para que a competitividade não estrague o bom andamento diário de sua empresa?

Diálogo e comunicação. Saber que uma estratégia empresarial deve ser de conhecimento de sua organização, de sua empresa. E os colaboradores precisam conhecê-la. Estratégia divulgada não quer dizer planos de ação divulgados. Há uma grande diferença. O problema é que muitos empresários, executivos e diretores não sabem diferenciar estratégia e planos de ação, por isso que não comunicam nem um, nem outro, por isso que seus colaboradores passam a maior parte do tempo sem saber para onde ir e, de repente, são surpreendidos, às vezes com boas notícias, às vezes com demissões. Esse é o Brasil!


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