Amado Carrillo Fuentes: o narco de US$25 bi

Amado Carrillo Fuentes, também conhecido como “El Señor de los Cielos”, é uma figura infame na história do narcotráfico mexicano. Sua ascensão meteórica no mundo do tráfico de drogas, seu comando do poderoso Cartel de Juárez e sua misteriosa morte o transformaram em uma lenda criminosa. Este texto explora a vida e o legado de Amado Carrillo Fuentes, desde suas origens até o impacto duradouro de suas operações no mundo do crime.

Origem e primeiros anos

Amado Carrillo Fuentes nasceu em 17 de dezembro de 1956, na pequena cidade de Guamuchilito, no estado mexicano de Sinaloa. Ele cresceu em uma família de agricultores, mas as oportunidades limitadas na região levaram muitos jovens, incluindo Amado, a buscar outros meios de sustento. O narcotráfico já era uma realidade crescente em Sinaloa, e Amado não demorou a se envolver nesse mundo perigoso.

Seu tio, Ernesto Fonseca Carrillo, conhecido como “Don Neto”, era um dos fundadores do Cartel de Guadalajara, uma das primeiras grandes organizações de tráfico de drogas no México. Foi com ele que Amado aprendeu os truques do comércio de drogas. Sob a tutela de seu tio, ele rapidamente subiu na hierarquia do cartel, ganhando experiência e construindo uma rede de contatos que mais tarde seria crucial para seu sucesso.

Ascensão no Cartel de Juárez

A verdadeira ascensão de Amado Carrillo Fuentes começou quando ele se mudou para o Cartel de Juárez. Após a prisão de Rafael Aguilar Guajardo, o então líder do cartel, Amado assumiu o controle da organização. Ele se mostrou um líder astuto e implacável, expandindo as operações do cartel e solidificando seu poder.

Sob seu comando, o Cartel de Juárez se tornou um dos mais poderosos e lucrativos do México. Uma das inovações de Amado foi o uso de aviões comerciais para transportar cocaína da Colômbia para o México e depois para os Estados Unidos, daí o apelido “El Señor de los Cielos”. Essa estratégia permitiu ao cartel mover grandes quantidades de drogas com relativa segurança e eficiência, gerando lucros exorbitantes.

Metodologia e estratégias de transporte

Amado Carrillo Fuentes não era apenas um traficante comum; ele era um estrategista inovador. Ele comprou uma frota de aviões comerciais, que incluía Boeings 727, e usou esses aviões para transportar toneladas de cocaína. Essa metodologia não só aumentou a quantidade de drogas que podiam ser transportadas em uma única viagem, mas também dificultou o rastreamento pelas autoridades.

Além disso, ele implementou um sistema complexo de subornos e corrupção que envolvia oficiais de alto nível tanto no México quanto nos Estados Unidos. Essa rede de corrupção garantiu que suas operações pudessem continuar quase sem interrupções, mesmo com o aumento da vigilância e das tentativas de repressão pelas autoridades.

Fortuna e poder

Com o sucesso de suas operações, Amado Carrillo Fuentes acumulou uma fortuna impressionante. Estima-se que, no auge de sua carreira, ele tenha acumulado uma fortuna pessoal de cerca de US$25 bilhões. Esse montante lhe permitiu viver uma vida de luxo e financiar suas operações criminosas em uma escala sem precedentes.

Amado utilizou sua fortuna para comprar propriedades luxuosas, subornar oficiais e investir em diversas empresas legítimas como uma forma de lavar dinheiro. Seu poder e influência se estendiam muito além das fronteiras do México, tornando-o uma figura respeitada e temida no submundo do narcotráfico global.

Inimigos e alianças

Como qualquer figura de poder no mundo do narcotráfico, Amado Carrillo Fuentes fez muitos inimigos, mas também formou alianças estratégicas. Ele manteve uma relação próxima com o Cartel de Cali na Colômbia, garantindo um fornecimento constante de cocaína para seus negócios. No entanto, ele também teve que lidar com a concorrência e a rivalidade de outros cartéis mexicanos, como o Cartel de Sinaloa e o Cartel de Tijuana.

Para manter seu domínio, Amado não hesitou em usar violência extrema. Assassinatos, sequestros e torturas eram métodos comuns para eliminar ameaças e garantir a lealdade de seus associados. Essa combinação de alianças estratégicas e táticas brutais ajudou a consolidar seu poder e a expandir o império do Cartel de Juárez.

A morte misteriosa

A vida de Amado Carrillo Fuentes terminou de forma tão dramática quanto sua carreira criminosa. Em 4 de julho de 1997, ele morreu em um hospital na Cidade do México durante uma cirurgia plástica para alterar sua aparência. A operação, que deveria ser um procedimento de rotina para escapar das autoridades, resultou em complicações fatais. A morte de Amado levantou muitas suspeitas e teorias da conspiração. Alguns acreditam que ele foi assassinado, enquanto outros sugerem que ele forjou sua própria morte para escapar da justiça e viver anonimamente.

A morte de Amado Carrillo Fuentes deixou um vácuo de poder no Cartel de Juárez, resultando em uma luta pelo controle e um aumento na violência entre os cartéis rivais. Sua morte também teve um impacto significativo nas operações de narcotráfico no México e nos Estados Unidos, demonstrando a fragilidade e a volatilidade das organizações criminosas.

Impacto no narcotráfico

O legado de Amado Carrillo Fuentes continua a ser sentido no mundo do narcotráfico até hoje. Sua habilidade de expandir e modernizar as operações de tráfico de drogas estabeleceu um novo padrão para os cartéis que se seguiram. Ele foi um pioneiro no uso de tecnologia e logística sofisticadas, demonstrando que a inovação era crucial para o sucesso no tráfico de drogas.

Além disso, o modelo de corrupção institucionalizada e o uso de violência extrema para manter o controle influenciaram profundamente as operações de cartéis subsequentes. A história de Amado Carrillo Fuentes serve como um lembrete sombrio do poder corrosivo e destrutivo do tráfico de drogas, não apenas no México, mas em todo o mundo.