O Mula Preta é um estúdio de Design de Produtos fundado por Felipe Bezerra e André Gurgel em Natal, no ano de 2012, quando decidiram se associar pela grande afinidade na esfera criativa. Felipe Bezerra nasceu em Natal em 1970, é arquiteto graduado pela UFRN e dirige também o escritório Felipe Bezerra Arquitetos desde 2000. André Gurgel é designer com especialização em design gráfico tridimensional e visualização de produtos, nasceu em Natal em 1988, e dirige também o estúdio de computação gráfica VirtuaCG. O nome é inspirado na música homônima do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que foi uma das mais completas, importantes e inventivas figuras da música popular brasileira. Ela representa a cultura Nordestina, traço marcado pela irreverência do desenho criativo do estúdio. Com a associação e a ideia dos criadores em mente coleciona diversos prêmios ao redor do mundo desde então. “O processo de criação está intrinsecamente ligado com o processo de observação, nenhum designer faz um projeto “do nada”, saber observar é crucial para absorção de ideias. Depois do insight e das ideias iniciais serem rabiscadas, o passo seguinte é refinar as formas e começar a modelagem tridimensional, para uma visualização do produto em vários ângulos e com diferentes materiais. É importante sempre respeitar a ergonomia e pensar na viabilidade técnica e construtiva do projeto”, afirma o designer.
André, em que momento o designer deve ter uma visão de um artista, ou seja, uma visão mais lúdica de seu ofício?
Certa vez fui convidado a participar de um encontro com uma frase de um livro intitulado “DESIGN É…” Para mim, como descrevi lá, “DESIGN É… a essência do produto com personalidade. Sua beleza está na margem entre arte e função.” A “conversa” bem definida entre arte e função é o ponto alto na concepção de um produto. Quando a personalidade de um produto se define pela alma artística e toda a carga funcional está intrinsecamente equilibrada, é quando uma peça nasce de maneira mais harmônica e bem-sucedida possível.
E em que momento acredita que essa visão deve ser mais racional e de certa forma (mesmo que alguns detestem essa palavra) mercadológica?
O equilíbrio e a visão bem definida é a chave para qualquer projeto bem-sucedido. Diversas vezes precisamos aprimorar o desenho a ponto de torná-lo viável comercialmente e ainda assim carregar consigo as características do criador. É um desafio constante, afinal, antes de mais nada é necessário monetizar a marca para que ela tenha vida longa. Então buscamos alternativas mais baratas no leque que temos a disposição, melhores processos industriais que tragam melhor custo e viabilidade para a peça.
Mesclar esses dois universos é possível em algum momento?
Como relatei, não é só possível como necessário. Essa é a característica que diferencia uma peça da outra.
O que o design deve ter além de forma e função?
O desenho de qualquer produto ou peça deve contar uma história. A forma e função ajudam a mesclar uma série de elementos que são fundamentais em qualquer peça. A história contada se funde com a dos criadores, que como nós, tem um traço forte na personalidade. Quando falamos da Duna, por exemplo, ela traz consigo a origem, forma, inspiração, função e regionalismo, essa história é contínua.
Que palavra é essencial na vida de um designer que trabalha com a criatividade sempre em alta?
Percepção. O designer é um tradutor de sentimentos, de experiências, de formas e inspirações. Perceber o mundo de uma forma particular, torna o fruto do seu trabalho muito original.
Fale um pouco sobre o início do estúdio Mula Preta.
Nos conhecemos através da relação entre as nossas empresas na época. Nos tornamos amigos e em um certo momento houve uma identificação de identidade entre nossos desenhos e percebemos que poderíamos desenvolver um trabalho em parceria. Como somos fãs de Gonzagão, e sendo ele uma figura marcante da nossa cultura, fizemos uma homenagem através de uma das músicas que fizeram sucesso na sua voz, “Moda da Mula Preta”.
O que ainda tem daquele início e que você considera ser um pilar imprescindível do estúdio?
Desde o início sabíamos que para nos destacar no cenário nacional e internacional precisávamos transmitir de maneira muito clara uma mensagem. O nome Mula Preta, a irreverência e a versatilidade são os pilares no nosso estúdio, por fazer esse papel de propagador da nossa história.
Como a visão do seu sócio Felipe Bezerra se encaixa em sua visão?
Felipe é um arquiteto de destaque hoje no cenário regional e tem se destacado no cenário nacional. Nós temos uma ideia muito compatível de onde queremos chegar com o nosso estúdio, vários projetos novos que estamos desenvolvendo demonstram exatamente isso. Os desenhos de ambos se confundem muitas vezes, isso demonstra claramente uma empatia nas nossas criações e ela se estende ao lado pessoal.
Um começa e outro termina e vice-versa. O normal é que a essência de cada projeto seja concebida por um de nós, a partir daí com o aval dos dois e realizando as interferências consensuais necessárias, continuamos todo o processo. O processo de criação está intrinsecamente ligado com o processo de observação, nenhum designer faz um projeto “do nada”, saber observar é crucial para absorção de ideias. Depois do insight e das ideias iniciais serem rabiscadas, o passo seguinte é refinar as formas e começar a modelagem tridimensional, para uma visualização do produto em vários ângulos e com diferentes materiais. É importante sempre respeitar a ergonomia e pensar na viabilidade técnica e construtiva do projeto.
Você é formado em design tridimensional e visualização de produtos. Esse preparo lhe deu a condição de ver algo pronto antes mesmo de começar o seu trabalho?
Aos 19 anos fundei uma empresa de visualização arquitetônica tridimensional. Ao longo de 10 anos tive a oportunidade de, através dela, explorar todas as vertentes do mundo da tecnologia de desenvolvimento de projeto, seja ele arquitetônico ou de produto. O fato de ter uma experiência maior com as ferramentas, nos permite visualizar rapidamente uma peça desenhada no papel. O processo é muito mais rápido, e quaisquer aperfeiçoamentos dos produtos, acontece também de maneira muito rápida em função disso.
Muitos afirmam que a Poltrona Duna é a grande obra de arte da Mula Preta. Consegue ter essa mesma sensação quando olha para a mesma?
Sem dúvida é uma peça fundamental na nossa história. O fato dela ter sido premiada mais de uma vez internacionalmente exponencializa ainda mais essa importância. Tenho diversos “xodós”, mas certamente a Duna tem um lugar de destaque. Ela sintetiza a nossa regionalidade, irreverência e um desvio da curva do design, ainda que incipiente, do Nordeste. Muitos seguem a tendência de explorar o artesanato e os elementos manuais e tradicionais da nossa cultura, e, aliás, o fazem com maestria. No nosso caso exploramos a irreverência em contraponto a sofisticação das peças e a tecnologia que usamos para desenvolvê-las. Essas características são fundamentais nas nossas criações e seguramente a Duna traduz muito bem isso.
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