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Antônio Marcos: uma luta contra “demônios”

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Antônio Marcos Pensamento da Silva, um nome que ecoa na história da música brasileira como um multifacetado artista. Nascido em 1945, o carioca iniciou sua jornada de vida como office-boy, vendedor e balconista, até trilhar os palcos e telas do Brasil como cantor, compositor, humorista e ator. Sua trajetória é marcada por sucessos musicais, desafios pessoais e uma polivalência artística que o destacou no cenário cultural do país.

Nos anos 60, Antônio Marcos começou a chamar a atenção nos programas de calouros e, posteriormente, no rádio e na televisão. Entre 1960 e 1962, brilhou no programa de Estevam Sangirardi, demonstrando seu talento não apenas como cantor, mas também como violonista e humorista. Essa versatilidade logo o conduziu ao Teatro de Arena, onde integrou o coro Golden Gate e participou de peças como “Pé Coxinho” e “Samba Contra 00 Dólar”.

Sua estreia na música se deu ao lado do conjunto Os Iguais, com quem gravou seu primeiro disco pela RCA Victor. O destaque foi tamanho que Antônio Marcos rapidamente se tornou solista e emplacou sucessos como “Tenho Um Amor Melhor Que O Seu”, ao lado de Roberto Carlos. Sua carreira musical ganhou ainda mais destaque em 1969, quando conquistou o prêmio de “Melhor Intérprete” no V Festival da MPB da TV Record com a emocionante interpretação de “Tu Vais Voltar”, que ficou em 4º lugar.

Os anos seguintes foram marcados por uma sequência de hits, como “Oração De Um Jovem Triste” e “Como Vai Você”. Sua incursão no cinema, com participações em filmes como “Pais Quadrados… Filhos Avançados” (1970) e “Som, Amor E Curtição” (1972), além de sua atuação em peças teatrais, consolidaram sua presença no cenário artístico brasileiro.

O ponto alto de sua carreira musical ocorreu em 1973, com a canção “O Homem De Nazaré”. A música, de Cláudio Fontana, tornou-se um fenômeno, alcançando sucesso não apenas no Brasil, mas também na versão em espanhol lançada no ano seguinte. Mais tarde, Antônio Marcos emprestou sua voz à canção-tema da novela “O Profeta”, na qual contracenava com sua futura esposa, Débora Duarte.

Entretanto, o sucesso não foi capaz de blindar Antônio Marcos das adversidades pessoais que viriam nos anos seguintes. A década de 1980 testemunhou o declínio de sua carreira, acompanhado pelo mergulho em um mundo de álcool e drogas, o que culminou em sua internação em clínicas de reabilitação. Em 1991, mesmo enfrentando esses desafios, ele planejava lançar um LP com uma versão de “Imagine”, de John Lennon. Contudo, a viúva de Lennon, Yoko Ono, vetou a proposta, somando-se à falência da gravadora Esfinge, o que inviabilizou o lançamento do disco.

A vida de Antônio Marcos foi tragicamente interrompida em 5 de abril de 1992, quando faleceu vítima de insuficiência hepática, uma cruel consequência do abuso de álcool. Após sua morte, seus admiradores puderam revisitar sua obra através dos CDs lançados postumamente, como “Acervo” (1994) e “Aplauso” (1996), ambas coletâneas que imortalizam sua contribuição à música brasileira.

Além de sua notável carreira musical, Antônio Marcos teve uma vida amorosa igualmente marcante. Casou-se três vezes, sendo Vanusa sua primeira esposa, com quem teve as filhas Amanda e Aretha Marcos, ambas seguiram carreiras musicais. Sua segunda esposa foi a talentosa atriz Débora Duarte, com quem teve Paloma Duarte, também atriz. O terceiro casamento foi com Rose, resultando no nascimento de Pablo. Nos últimos anos de sua vida, Antônio Marcos compartilhou sua existência com Ana Paula, filha de Nice Rossi, a primeira esposa de seu amigo Roberto Carlos.

A história de Antônio Marcos é um testemunho não apenas de sua habilidade artística, mas também dos desafios pessoais que enfrentou. Sua polivalência artística e a capacidade de tocar os corações do público o eternizam como uma figura ímpar na rica tapeçaria da cultura brasileira, enquanto sua luta contra os “demônios” pessoais serve de alerta sobre os perigos do excesso e da autodestruição. Em meio às notas musicais que ecoam sua genialidade, sua vida se torna um lembrete de que o sucesso nem sempre é capaz de curar as feridas mais profundas da alma.


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