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Ari Piovezani fala de inovação e criação

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Ari Piovezani é paulistano residente em Florianópolis e desde 1974 dedica-se à prática da criatividade e da inovação, como executivo, empreendedor, palestrante e professor. É PhD em Transformação Humana e Organizacional pela State University of New York – SUNY e mestrado (Master of Sciences) em Criatividade e Inovação pela mesma universidade. É graduado em Comunicação Social pela FAAP-SP, pós-graduado em Marketing pela FGV-SP e pós-graduado em Musicoterapia pelo GIM – Guided Imagery and Music Institute da Califórnia, EUA, com validação pela UNISUL de SC. Possui larga experiência como empresário e diretor de grandes empresas nacionais e multinacionais. Foi diretor-presidente da Polygram, diretor e vice-presidente da Time Warner, diretor-geral da Discos Continental e Chantecler, diretor da Divisão de Marketing Direto da Abril, diretor de Marketing da Mangels, gerente de Marketing da RCA, gerente de Marketing da Van Leer; cofundador do ILACE e coordenador-participante de diversos CPSI – Creative Problem Solving Institute de Buffalo, EUA. “Costumo diferenciar problema de desafio. Problemas existem e fazem parte de desafios maiores. Prefiro entender primeiro o desafio que o problema se encontra para dar mais qualidade às soluções. Tanto um quanto outro, não importa o tamanho ou importância, podem ter soluções criativas e inovadoras”, afirma o CEO da INNOWAY.

Ari, a criatividade é um estímulo interno ou externo?

A criatividade é uma explosão abstrata que ocorre com faíscas vindas de nossa realidade. Se essa realidade é “emotivadora”, termo que criei para definir quem é motivado por uma emoção forte (uma paixão é muito comum, mas nada saudável, por uma pressão qualquer). A realidade vai produzir faíscas e encontrar o que já temos em estoque, a nossa criatividade e explodir, criar, seja o que for. Enquanto em ideia chamamos de Criatividade. Quando vira concreto, real e é novo, inédito, chamamos de Inovação.

Inovação e Criatividade são similares em sua visão?

Criatividade é abstração pura. É o início do processo de combustão mental. Inovação é o resultado real, útil e novo, da combustão inicial.

As empresas brasileiras são mais inovadoras ou criativas?

Muitas infelizmente não. Só duas empresas brasileiras, uma nem tão brasileira, constaram em algum momento das 50 mais inovadoras do mundo pela Fast Company: a Bug, que criou uma vespa que destrói a praga da cana-de-açúcar e a Azul. Abaixo da 50.ª posição apenas a mais do que merecedora Bug. Falta “emotivar” quem trabalha em nossas empresas e essa é uma tarefa que poucas empresas no mundo conseguem realizar.

Quais os principais problemas estratégicos básicos em uma organização e que podem ser resolvidos com a criatividade?

Costumo diferenciar problema de desafio. Problemas existem e fazem parte de desafios maiores. Prefiro entender primeiro o desafio que o problema se encontra para dar mais qualidade às soluções. Tanto um quanto outro, não importa o tamanho ou importância, podem ter soluções criativas e inovadoras. Mas isso só acontece quando todos numa empresa estão “emotivados”, ou seja, a solução desses desafios e problemas mexe com suas emoções e os motiva.

Em que momento da vida as pessoas devem descobrir o que elas têm de melhor para que os seus talentos não sejam “enterrados?”.

Para 99% das pessoas infelizmente, a anestesia à criatividade foi dada nos primeiros anos de vida. Ter consciência dessa verdade é o começo da recuperação. A redescoberta do que está anestesiado vale em qualquer momento da vida, mais rápido melhor. A metodologia que criei foca nessa redescoberta. Ajudar as pessoas a sair dessa anestesia e se redescobrir é a minha paixão, é o que mais me “emotiva”.

Pra isso acontecer será necessário sair da zona de conforto, certo?

Sim, mas eu chamaria de zona de desconforto. A zona de conforto é aquela onde você tem diversos inputs de “emotivação”.

O senhor é considerado um provocador. Em que momento essa provocação foi usada no mundo corporativo?

Sim, esse tem sido o meu principal papel nas corporações. Tudo começa quando juntos conseguimos identificar as incoerências entre o que estão fazendo e o futuro que desejam. É impressionante como as empresas perdem tempo dando respostas a perguntas que não foram feitas ou que nada têm a ver com o verdadeiro e na maior parte das vezes desconhecido propósito da empresa. Futuro desejado e propósito são palavras que comandam o meu trabalho nas empresas.

Um líder pode ser moldado ou a liderança é algo nato?

Qualquer um de nós vira um líder se “emotivado” por aquilo que lhe fala ao coração.

Quais erros são imperdoáveis em alguém que almeja liderar?

O único e mais importante passo para uma pessoa que habita o mundo corporativo é ela fazer como nos pedem nos aviões: “em caso de emergência coloque a máscara primeiro em você e depois nos outros passageiros”. Falo no que chamo de “auto-enxergamento”, um processo onde cada um de nós terá a humildade de se olhar sem censura e mergulhar num processo de redescoberta. Como resultados principais dessa redescoberta, virão a identificação de tudo que lhe “emotiva” e a liderança natural e espontânea.

Ser apaixonado pelo que faz é a ferramenta fundamental para se tornar bem-sucedido?

Primeiro ser apaixonado por si mesmo, no mais humilde e nobre sentido possível, para que o processo de “auto-enxergamento” seja eficaz e te resgate da anestesia. Nesse processo você vai identificar tudo que te apaixona. Ser bem-sucedido é consequência desse processo e não meta.

Em que momento essa paixão pode ser perigosa para a carreira e para vida pessoal?

Uma paixão diretamente associada ao que você é em essência, àquilo que a natureza te deu e anestesiaram na infância, nunca será perigosa.


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