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Erica Castelo comenta sobre o trabalho híbrido

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Os últimos dois anos foram transformadores para as empresas e profissionais dos mais diversos setores da economia, impulsionados pelo ecossistema de inovação e tecnologias emergentes. Segundo o estudo The Future Of Jobs, produzido pelo Fórum Econômico Mundial, o padrão de adoção das novas tecnologias varia entre as indústrias e o grande impacto está no deslocamento das atividades antes feitas pelos humanos para a execução por máquinas. Erica Castelo, headhunter internacional, comenta que as empresas estão ficando cada vez mais exigentes por conta da Era Digital. “É preciso que o profissional se adapte às novas tecnologias que estão surgindo, o mundo corporativo exigirá dos humanos menos o “processamento” de dados e mais a análise crítica e a criatividade para inovar, a partir dos números e da abundância de informações existentes. Isso aumentará a demanda por novas funções de trabalho”, destaca a brasileira que vive e atua nos Estados Unidos há 8 anos. Ainda segundo a especialista, “a pesquisa mostra também que, até 2025, cerca de 85 milhões de empregos serão eliminados por causa da aceleração de adoção de novas tecnologias, mas que, em comparação 97 milhões de empregos podem surgir através de funções adaptadas a essa nova realidade de divisão de trabalho entre humanos e máquinas. Ou seja, o saldo ainda é positivo, mas é preciso estar preparado”.

Erica, o trabalho será mais híbrido pós-pandemia?

Definitivamente a dinâmica do trabalho será alterada pós-pandemia, e uma das tendências mais fortes é a de um trabalho mais híbrido. Mesmo com todas as dificuldades de adaptação inicial, as empresas perceberam benefícios em produtividade e satisfação dos funcionários e viram que o trabalho remoto funciona de maneira ainda mais abrangente do que o esperado. Agora estão estudando planos de retorno pós-pandemia, considerando oferecer a opção híbrida aos funcionários e proporcionando assim uma oportunidade de maior liberdade futura aos colaboradores, que poderão decidir com mais autonomia onde e quando trabalhar.

As empresas estão preparadas para serem híbridas?

Acho que as empresas estão ainda se adaptando. Os cenários estão mudando. Na fase de pandemia, as empresas foram pegas de surpresa e correram para colocar seus funcionários conectados remotamente da maneira que podiam, numa situação adversa e desafiadora como a do confinamento familiar. Essa adaptação ainda acontece e as empresas e colaboradores estão aprendendo novas formas de trabalhar. O cenário pós-pandemia também trará novos ajustes, já que o “home office” se transformará novamente, com variáveis diferentes como o trabalho híbrido (alternando entre a casa e o escritório), e um ambiente familiar provavelmente mais favorável para o planejamento, já que o confinamento obrigatório não será mais uma realidade que as empresas precisarão lidar.

Quais serão os maiores desafios para essa implementação?

Todo novo cenário – nesse caso, sem pandemia- precisará de ajustes, e as empresas já estão começando a se planejar para isso.

Do ponto de vista corporativo, as empresas já estão conseguindo colher algumas experiências do que está funcionando e o que não está, para tentar criar um novo ambiente de trabalho onde os funcionários terão mais flexibilidade – um benefício que se tornou importante para a retenção de talentos nesse novo mundo.

Dentre os desafios, estão desde fatores mais “técnicos” até os comportamentais. Como exemplos de desafios técnicos, as empresas certamente estão acelerando a adoção de tecnologias que promovam um trabalho colaborativo e eficiente à distância, além da necessidade de ajustes de cronograma e processo de trabalho de colaboradores que eventualmente atuem em locais com zonas de horário diferentes, por exemplo (uma realidade cada vez mais possível, já que o home office amplia as fronteiras geográficas dos colaboradores). Esse ajuste de tecnologias e agendas será um grande ponto para garantir a produtividade e a comunicação fluida entre as pessoas. O escritório físico também será repensado e as empresas estão estudando maneiras de economizar espaço ao mesmo tempo que repensam o layout que privilegie um trabalho mais colaborativo, já que o escritório será mais um espaço para convivência e brainstorming de time do que um lugar para trabalho puramente individual.

Já do ponto de vista comportamental, a liderança corporativa precisa cada vez mais adaptar-se a um estilo com mais propósito, menos centralizador e mais facilitador, mais focado em resultados e na confiança e transparência junto aos seus colaboradores. Outro grande desafio será manter a cultura da empresa fortalecida, garantir uma comunicação clara e fluida entre as pessoas, que por sua vez precisarão estar engajadas e comprometidas mesmo à distância.

As indústrias que foram afetadas pela Covid terão força para uma recuperação em sua visão?

Toda crise acaba afetando mais fortemente determinadas indústrias e infelizmente alguns negócios eventualmente não resistirão (como, por exemplos, os negócios pequenos e médios com pouco fôlego de caixa). Porém, as empresas que conseguirem de alguma maneira se manter podem esperar uma retomada ou mesmo aproveitar a oportunidade para reinventar sua indústria.

Quando a pandemia terminar, será natural um retorno do consumo nesses setores mais afetados, até porque as pessoas foram privadas de muita coisa ligada a bem-estar. Porém, acredito que, assim como as organizações em geral, os serviços e produtos oferecidos serão diferentes, mais digitais. Um exemplo são as novas tecnologias que permitem atendimento via Bot com Inteligência Artificial, que melhorarão a experiência de atendimento aos clientes, ou os serviços de entrega delivery via app, que chegaram pra ficar nos restaurantes. Outros exemplos são a telemedicina no setor de saúde, e-commerce para o varejo e os cursos online para educação.

Quais indústrias estão sendo mais afetadas na atual conjuntura?

Segundo estimativas do World Economic Forum, os setores mais afetados – e que acabam fatalmente gerando maior número de desempregados, são: turismo, restaurantes, atacado e varejo, transportes, educação, construção, manufatura, serviços de saúde.

As estratégias das empresas mudarão sistematicamente?

Certamente sim, e provavelmente provocados pela adesão das novas tecnologias. Como eu comentei, muitas indústrias estão se transformado, e utilizando-se de novas tecnologias para entenderem melhor seus consumidores e assim oferecerem produtos e serviços mais adequados e com melhor experiência de consumo. Esse é um cenário dinâmico e que necessitará de mudanças e adaptações constantes a consumidores cada vez mais exigentes.

Quais habilidades serão mais valorizadas pelas empresas pós-Covid?

Num mundo pós-Covid mais digital, muitos trabalhos antes feitos pelos humanos agora serão feitos pelas máquinas. As habilidades mais valorizadas serão, portanto, aquelas que as máquinas não conseguem repetir. Basicamente, envolvem, na parte técnica, não mais o simples processamento dos dados, mas a análise, programação e capacidade de interpretação das informações – o que, por sua vez, fomentará a inovação. Já os soft skills (ou habilidades comportamentais humanas) serão a “bola da vez”, já que são essas as características menos copiáveis pelas máquinas.

As mudanças serão mais dramáticas?

Penso que sim, a velocidade das mudanças agora acompanha a velocidade das tecnologias exponenciais. Com isso, tanto as corporações quanto os colaboradores precisam estar acostumados a um mundo mais acelerado. Os trabalhadores precisam mostrar-se flexíveis diante de novos cenários, e disposto a assumir riscos, testar – e corrigir – em tempo recorde. Quem não fizer isso corre o sério risco de ficar fora do jogo.

Existirá uma tecnologia dominante em 2021?

Dentro de um cenário para os próximos 5 anos, as pesquisas mostram cloud computing como tecnologia dominante na lista de adoção. Depois, vem Big Data, Internet das Coisas, Cybersecurity e Inteligência Artificial. Mas a lista não para por aí, são pelo menos 16 grandes tendências tecnológicas que precisam de atenção especial para que as empresas se mantenham competitivas no mercado.

Como a Internet das Coisas (em especial) afetará o mundo corporativo?

Os equipamentos de IoT podem ser conectados uns aos outros e controlados para melhorar a eficiência, o que traz efeitos diretos na produtividade dos negócios. Ou seja, pode-se fazer mais em menos tempo. Os aplicativos e softwares de IoT possibilitam aos funcionários completarem tarefas de larga escala de modo mais rápido e com muito menos possibilidades de erros. Imagine o efeito de tudo isso nos produtos e serviços que serão oferecidos no futuro…

Fala-se muito sobre habilidades comportamentais. Como a influência dessas habilidades afetará os profissionais que estarão no mercado neste ano?

Como eu comentei, as habilidades comportamentais estão cada vez mais sendo a essência dos talentos buscados pelas empresas – esse já é o foco de toda busca de liderança que eu realizo para meus clientes. Por isso, os profissionais precisam estar atentos ao seu autodesenvolvimento, e viver na prática o que chamamos de lifelong learning – ou seja, precisam acostumar-se desde já a aprender durante toda a sua vida, acompanhando o dinamismo desse mercado em constantes mudanças. Para o próximo ano, essa seria minha maior dica: busque aprimoramento pessoal e faça isso proativamente, não espere a sua empresa fazer isso por você. Foque no entendimento das novas tecnologias emergentes, mas principalmente nas atitudes humanas – essas sim as máquinas não copiam. Entre elas, estão, principalmente: a flexibilidade, o pensamento crítico, capacidade de solucionar problemas complexos, auto-gestão, colaboração, comunicação, criatividade e inteligência emocional.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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