O cantor e compositor Odair José, iniciou como crooner na adolescência até meados dos 17 anos quando começou a compor. Nos Anos 70 sua música teve influências da música caipira americana. Em 1972, sua canção “Cristo quem é você”, foi gravada pelo próprio Odair José, com arranjos de Zé Rodrix. Cinco anos depois, fez uma ópera rock na música “O Filho de José e Maria”, chegando a ser rotulado como o “Bob Dylan brasileiro”. A partir dos anos 70 se consagrou com “Uma Vida Só”, conhecida popularmente pelo seu refrão, “pare de tomar a pílula”, que foi censurada pelo Governo brasileiro pelo suposto entendimento de que a canção fazia propaganda contrária à distribuição das tais pílulas para o controle de natalidade. Também de forte apelo popular, na canção “Deixa Essa Vergonha De Lado”, Odair José deu seu total apoio às empregadas domésticas. Emplacou sucessos como “Eu Vou Tirar Você Desse Lugar”, “Eu, Você e a Praça”, “Assim Sou Eu”, “Na Minha Opinião”, “A Noite Mais Linda Do Mundo”, “Essa Noite Você Vai Ter Que Ser Minha”, “Foi Tudo Culpa do Amor”, “Sem Saída”, além do grande hit “Cadê Você” composta e gravada por Odair José no início da década de 1970. Recentemente lançou o disco extremamente rock and roll “Gatos e Ratos”, considerado por muitos como um dos melhores trabalhos realizados pelo artista.
Em uma entrevista que fizemos com o cantor Ciro Pessoa, falamos sobre você, ou melhor, da dificuldade que a classe média tem em reconhecer o seu talento sobretudo como um grande compositor. Como enxerga esta questão em especial?
Olha, eu apenas faço o meu trabalho da maneira que sei, que aprendi, procurando sempre conseguir o meu melhor…
Sei que existe esse olhar de resistência, mas entre tantos outros esse é um dos motivos que motiva a minha criação… o tempo sempre será o melhor crítico e tenho certeza que aos poucos vou sair vitorioso dessa disputa… quem viver, verá.
Você se relaciona com a música desde os seus 7 anos de idade. Quais as lembranças mais vivas que você tem em sua memória deste período?
A música… sempre foi a música! De uma maneira eclética… das bandas nas pracinhas a todas as programações das rádios. Programação sem preconceito, você ouvia Beatles, em seguida Luiz Gonzaga… e eu sempre tive mais gosto pelos músicos.
Não sei se alguém já lhe falou isso (provavelmente sim), mas a sua linha melódica lembra muito a de Paul McCartney. Quais foram as principais influências dos Beatles em seu modo de ver e sentir música?
Sou fã dos Beatles, sempre fui. Acompanhei de perto tudo que era feito pelo grupo, com respeito ao Paul, que é o meu compositor, músico e cantor a ser copiado em tudo! Tenho sempre como meta atingir pelo menos dez por cento do cara, desde o meu primeiro trabalho em 1970 pela Gravadora CBS.
Sendo um artista que passou por grandes gravadoras como CBS e Polydor, do que sente mais falta neste modo de se trabalhar a música nestes tempos onde o digital se tornou tão voraz?
Olha, terminei o meu projeto “Gatos e Ratos” que foi lançado recentemente no mercado… e um dos comentários que me deixou feliz foi de que ele tá com a qualidade da Polydor… achei interessante, pois, ligam aquele tempo das gravadoras com a qualidade. Sinto falta de muita coisa, mas com esforço dá pra fazer dar certo… também no digital. Não vou dizer que hoje podemos trabalhar com independência, pois, isso é uma coisa que quase sempre tive.
Das dezenas de discos que já lançou, disse em uma certa oportunidade que uns sete não deveriam ser lançados. Faltou inspiração nos mesmos em sua visão?
Falei sim e é verdade. Assim que passou o efeito do disco “O Filho de José e Maria” em 1977, fiquei desencantado com produções e deixei dessa maneira que a minha criação perdesse o “foco”. E fiz trabalhos que não chegam a me envergonhar… mas que também não trazem nenhum orgulho, são irrelevantes!
Em que momento de sua carreira você considerou que as suas composições tinham ganhado o peso que tanto buscava?
Olha, eu sempre achei que de modo geral o meu trabalho sempre foi sim, diferenciado! Eu consegui sucesso desde o início, e por um período foi muito grande. E não foi por receber nenhum apoio, foi sim pela força do que estava sendo produzido por mim nos estúdios… era algo diferente e sério.Tanto é assim, que de 1972 até 1979 gravei com grandes músicos, conseguindo um resultado de gravação que até hoje impressiona pela firmeza na criatividade e qualidade de propósito. Desde o início eu acreditava que era um trabalho pra muito tempo.
A arte deve ter um papel social em algum sentido?
Se possível sempre e em todos sentidos.
Sua ópera rock “O Filho de José Maria” é fantástica. Se fosse lançada hoje, acredita que teria as mesmas polêmicas de 1977?
Olha, sem querer me mostrar um pretensioso, concordo. É um trabalho muito bom. E acho que a sociedade ainda não está preparada pra entender e aceitar o que foi feito… assusta! Mas hoje existe muito mais gente interessada, principalmente os jovens. E aproveitando o espaço, quero informar que a Sony Music está relançando o disco, em vinil e no digital. O ano que vem faz 40 anos!
Um rótulo que é colocado em cantores como você é de ser brega. Não chega até ser infantil para não dizer o mínimo, rotular um cantor e compositor que passeia pelos mais diversos gêneros musicais com tamanha competência?
Olha, acho isso tão sem sentido, que pra não classificar de outra coisa, prefiro nem comentar tal absurdo.
O que não se perdeu (musicalmente falando) com o tempo do seu primeiro disco “Odair José” de 1970 até o último antes de “Gatos e Ratos” que foi “Dia 16” de 2015?
Tenho pra mim que a década de 70 foi de grande importância… e quem acompanha o mercado sabe disso! Tenho certeza também que a partir do “Dia 16” tudo vai ser feito com muito cuidado, não tenho mais tempo pra errar!
Depois de tantos anos de carreira, o que lhe motiva subir ao palco e cantar mais uma vez, músicas que ficaram eternizadas como “Eu Vou Tirar Você Desse Lugar”, “Na Minha Opinião” e “Uma Vida Só”, só para citar algumas?
Quando a música é composta de forma relevante, ela não envelhece. E me desculpe quem pensa o contrário, mas o meu trabalho tem esse conteúdo. Afinal de contas, minhas influências estão aí até hoje! E eu as toco como se fossem recentes.
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