O paulistano Rubens Matuck é escritor, ilustrador, gravador, pintor, aquarelista, escultor, desenhista, designer gráfico, quadrinista e professor de arte. Veio de uma família de artistas (seus irmãos são os artistas Carlos Matuck e Artur Matuck). Formou-se em Arquitetura pela FAU-USP, em 1977. Tem nos anos 70 sua formação inicial, com o artista plástico moldávio Samson Flexor, frequentando também o ateliê de pintura de Aldemir Martins. Em 1973, Matuck iniciou suas pesquisas sobre as letras ainda na Faculdade de Arquitetura da USP, esculpindo e criando caixas de madeira com images tridimensionais das letras. Este estudo pessoal sobre a história da caligrafia e das próprias letras, acompanharam todo seu trabalho, influenciando inclusive na criação de sua obra maior a história em quadrinhos: As Aventuras de Sir Charles Mogadon & do Conde Euphrates de Açafrão. De 1968 a 1994, Matuck trabalhou como ilustrador para diversos segmentos entre eles os jornais: Última Hora, Jornal da Tarde, Folha da Tarde, O Estado de S. Paulo e as revistas: Playboy, Visão, Exame, Claudia, ISTOÉ, entre outras. Faz ilustrações e capas de livros, cria logotipos e também trabalhos de tipografia. Em 2015 realizou uma de suas principais exposições com mais de 700 obras, intitulada “Tudo é Semente” no Sesc Interlagos. “Não tenho um programa de retornar ao mundo greco-romano, não me sinto nem o centro da humanidade, nem gênio (palavra que desprezo)”, afirma.
Escritor, ilustrador, gravador, pintor, aquarelista, escultor, desenhista, designer gráfico e quadrinista. Como faz para passar a sua mensagem de uma maneira única nessas mais variadas formas de expressão?
Tento mergulhar em mim mesmo, nas memórias e nas imagens refletidas lá dentro.
Os seus irmãos Carlos e Artur Matuck também são artistas. Existe alguma coisa na arte deles que você de alguma forma assimilou para compor a sua?
Sim, os dois são muito bons artistas e sempre convivi com sua arte. Temos temas em comum.
Acredita que a parte central dos seus trabalhos mudou muito desde o começo nos anos 70, quando teve sua formação inicial com o artista plástico Samson Flexor?
Muito e foi o Artur que me levou a ele. Adorei este artista apesar da diferença de idade, aprendi muito por dois anos.
Alguns dizem que o seu trabalho é como de um renascentista. Como enxerga essa afirmação?
Uma bobagem. Não tenho um programa de retornar ao mundo greco-romano, não me sinto nem o centro da humanidade, nem gênio (palavra que desprezo). Julgo que eles queriam dizer no figurativo, no sentido que tem no meu trabalho a perspectiva, o estudo do corpo humano, e apesar disso depois que estudei os artistas da Pérsia em direção à China o que o europeu chama de a “Rota da Seda”, conclui que o papel da arte europeia não era tão central assim e comecei a estudar arte sul-americana, chinesa e principalmente africana.
Plantar árvores é tão ou mais importante que fomentar o pensamento crítico com sua arte?
Acho esta pergunta um pouco incompreensível para mim, pois, não desenvolvo nenhum pensamento crítico. Pinto árvores porque adoro sua importância, beleza e sua cordialidade para com os seres humanos e o Meio Ambiente.
Em que momento o ativista ambiental floresceu?
Já, desde pequeno adorava Campos do Jordão, suas Matas de Araucárias, Besouros Azuis, Carobas de flores azuis e suas inesquecíveis sementes. Depois passava as férias dentro da Mata Atlântica em Juquitiba, onde havia lindas árvores de Manacá da serra nas montanhas e regatos, e principalmente onde minha mãe me ensinou a correr com meus irmãos nas chuvas, pura alegria!
Sendo um observador e também realizador ligado à natureza, sente que o homem tem a percepção clara que fazemos parte da mesma?
Sim, julgo que as pessoas têm essa percepção intuitiva que merecia mais educação e principalmente respeito e organização na execução de projetos ambientais.
Quando entrevistamos artistas, fazemos uma pergunta e temos respostas bem díspares, não será diferente com você. A arte deve ter um papel social?
Sim, pois, para mim particularmente faz artistas se tornarem profissionais.
De 1968 a 1994, você trabalhou como ilustrador em vários órgãos de imprensa. Como enxerga o atual momento do jornalismo praticado no Brasil?
Foi tomado completamente pela insegurança econômica e pela divulgação da violência, além da falta de independência, porém, temos jornalistas jovens idealistas que me dão muita esperança, assim como eu gostava do Murilo Felisberto, do Lourenço Diaféria, do Washington Novaes e do Miguel Urbano Rodrigues.
Você já realizou diversos Cadernos de Viagens. Se possível, cite uma experiência que lhe impactou profundamente nessas viagens e que você usou em algum dos seus trabalhos.
Apenas uns trezentos cadernos por aí… Todos confeccionados a mão por Rose minha mulher…Talvez a visão da última ararinha Spix na velha caraibeira em Curaçá no interior da Bahia; Rio de Contas e seu Quilombo; ou as festas cantadas em línguas africanas em Vila Bela da Santíssima Trindade no Mato Grosso do Norte. O rio que mais gosto dos grandes é o Rio Negro e dos pequenos é o Rio Formoso, terra onde nasceu o Marechal Rondon [Cândido Rondon, militar e sertanista matogrossense, 1865-1958] no Mato Grosso. Foi a nascente mais linda que vi no Cerrado!
Um crítico afirmou que sua retrospectiva “Tudo é Semente” no Sesc Interlagos, mostrava um pouco do seu universo complexo e diverso. Você considera o seu universo complexo?
Falar de mim sempre foi muito estranho, imagine uma torrente infinita de imagens, cores, luzes humanas e paisagens descortinadas 24 horas por dia e depois refletidas interiormente com técnicas diferentes de vários lugares da Terra, isto é complexo não?
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