O Instituto Aço Brasil (IABr) realizou na última quarta-feira, 29 de setembro, o Congresso Aço Brasil, o maior e mais importante evento da cadeia do aço do país. Pela primeira vez em formato virtual, o encontro reuniu autoridades, empresários e especialistas para debater as perspectivas e a importância do setor para a economia brasileira, com espaço aberto para perguntas dos inscritos, que participaram de forma gratuita. A edição 2021 discutiu a importância da sustentabilidade na siderurgia, considerando os seus três pilares para o Desenvolvimento Sustentável – ambiental, social e econômico -, e o futuro da indústria brasileira do aço na visão dos líderes das maiores empresas do setor.
Frederico Ayres Lima, diretor presidente da Aperam South America e conselheiro do Instituto Aço Brasil, participou do painel sobre o futuro da indústria, ao lado dos principais líderes da cadeia do aço, discutindo os principais desafios para o desenvolvimento da indústria no país, com foco nas oportunidades que se abrem com a recuperação do setor e os investimentos que têm sido empreendidos em pesquisa, desenvolvimento e pessoas.
Produtora de aços planos inoxidáveis, elétricos e especiais, e líder na América Latina neste último segmento, a Aperam South America tem feito grandes investimentos em suas linhas de aço inoxidável – seu carro-chefe – e aços elétricos, produzidos em sua planta industrial no Vale do Aço (MG), além dos aportes destinados à Aperam BioEnergia, sua subsidiária no Vale do Jequitinhonha (MG), que fornece o carvão vegetal para os altos-fornos da Usina, extraído das florestas renováveis de eucalipto cultivadas pela empresa.
O volume de recursos aplicados em 2021 pela Aperam é robusto, e o plano de investimentos busca promover a inovação dos produtos, métodos e processos da empresa, e com isso gerar soluções com alto valor agregado para o mercado.
Esse é um caminho importante para a ampliação do consumo per capita de aço no Brasil, mas o crescimento consistente só poderá ser atingido com a retomada do desenvolvimento nacional.
Sobre isso, Frederico pontua: “é preciso que o país retome o seu crescimento econômico, que depende necessariamente da redução do custo Brasil e de investimentos do governo em infraestrutura, para que a indústria siderúrgica possa desenvolver todo o seu potencial. A capacidade da indústria doméstica é muito superior ao consumo do mercado nacional, que está completamente estagnado desde a década de 1980”.
O CEO destacou, ainda, que a produção já está normalizada após a desaceleração em 2020, causada pela pandemia. No entanto, como o mercado nacional não consegue absorver esse volume, as exportações vão ser ampliadas muito em breve, o que é importante para equilibrar a balança comercial, já que o país passa por um período de intensa importação de matéria-prima.
“Importar aço é exportar empregos e riquezas”, aponta. Exportar faz parte do negócio e da estratégia das grandes empresas, visto que todas elas atuam no mercado global, mas todas almejam o fortalecimento do consumo nacional. Como não tem havido ações concretas para lidar com o excesso de capacidade da indústria, de milhões de toneladas, é preciso que o governo atue, junto aos órgãos internacionais, para alcançar condições mais justas para participar desse mercado, sendo necessária a redução da carga tributária e a imposição de limites a práticas desleais. “É preciso que seja garantida a isonomia, porque condições de excelência para competir nós já temos”, destaca o executivo.
Outra questão central para o futuro da indústria do aço é atrelar a inovação à sustentabilidade.
É preciso que as organizações tenham a capacidade de desenvolver boas práticas que as mantenham vivas e competitivas no mercado, conectadas num mundo em rede que muda cada vez mais depressa.
A Aperam é referência em sustentabilidade ambiental, com a menor pegada de carbono do segmento de aços inoxidáveis e elétricos, e trabalha para se consolidar como uma empresa carbono neutra. Hoje, suas florestas renováveis evitam a emissão de 700 mil toneladas de CO2 na atmosfera.
Tendo avançado nessa área, a empresa também tem dado atenção a outros aspectos da sustentabilidade, como o fortalecimento da política de governança e uma gestão de pessoas que valoriza a inclusão com diversidade.
“Esse é um desafio para toda a indústria”, segundo Frederico. “Precisamos nos posicionar como organizações atentas ao nosso tempo, inovando não apenas na produção mas em todas as nossas práticas”, reforça.
O evento foi concluído com uma mensagem de otimismo em relação ao futuro da indústria do aço. De acordo com Frederico, “o Brasil tem condições de multiplicar por três o consumo”.
Ele explica: “são 200 milhões de habitantes, temos superfície, recursos naturais, base energética e competência instalada. Apesar do cenário, que se tornou ainda mais desafiador nas últimas semanas, com a crise hídrica, permaneço otimista com a estimativa de crescimento, que em 2021 é de 20%, e irá aumentar a cada ano”. Ele ainda destaca o que o torna ainda mais confiante no desenvolvimento do setor: “é a resiliência dessa indústria. Há um ano, a incerteza era enorme, não sabíamos o que esperar. Tivemos uma queda acentuada, seguida por uma recuperação rápida que só foi possível devido à nossa estrutura sólida e à resiliência das empresas e das pessoas que nelas atuam. Com tudo isso, sigo muito confiante no futuro”, conclui.
Sobre a Aperam South America
A Aperam South America é produtora integrada de aços planos inoxidáveis, elétricos e carbono. A partir de uma gestão baseada nos valores: liderança, inovação e agilidade, consolida-se como líder no mercado brasileiro em seu segmento. Sua planta industrial, localizada em Timóteo-MG, possui capacidade produtiva total de 900 mil toneladas de aço líquido por ano. Utiliza 100% de carvão vegetal produzido por sua subsidiária no Vale do Jequitinhonha: a Aperam BioEnergia. A BioEnergia produz e comercializa carvão vegetal, tecnologia, mudas e sementes, a partir de florestas renováveis de eucalipto em Minas Gerais. Desde 2011, integra o Grupo Aperam, segundo maior da Europa, composto de outras cinco plantas industriais na França e na Bélgica, cuja capacidade alcança 2,5 milhões de toneladas de placas de aço por ano.
*Com participação da jornalista Clara Braga.
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