Astros, Vaticano, Harvard…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Lula, Trump e o café: a nova borra do destino político mundial interpretada por traders em xícaras de porcelana
Assim como os oráculos de Delfos consultavam fumaça e delírio, agora os produtores brasileiros de café tentam ler o futuro pela borra do telefonema entre Lula e Donald Trump. Dizem que o aroma do diálogo subiu aos céus de Washington e há quem jure ter sentido notas de “anti-tarifaço” e “amizade cafeeira”. Os especuladores, esses novos pitonisos do agronegócio, acreditam que o republicano pode até retirar a sobretaxa de 40% imposta ao Brasil — ou, num ato de pura alquimia política, zerar a tarifa de 10% sobre o café. A jogada teria menos a ver com benevolência diplomática e mais com desespero empresarial: gigantes como Starbucks começam a sentir o amargor da própria xícara, demitindo baristas e perdendo aroma no mercado. No fundo, Trump talvez apenas queira evitar que o americano médio descubra que a inflação do cappuccino é mais grave que a do petróleo. No mercado global, o Brasil reina soberano com 24 milhões de sacas exportadas aos EUA — e todos os outros produtores estão em entressafra. Se o ex-presidente dos reality shows não recuar, talvez falte café até para os republicanos ficarem acordados durante os comícios.
Cassini-Huygens e a velha mania humana de testar Deus, Einstein e a gravidade ao mesmo tempo
Cientistas decidiram usar a sonda Cassini-Huygens para mais uma prova da teoria da relatividade geral de Einstein, como se fosse preciso confirmar — pela milésima vez — que o homem de cabelos revoltos estava certo. A missão, que se arrasta entre Saturno e a paciência dos físicos, agora promete medir distorções minúsculas no espaço-tempo com a precisão de um relojoeiro suíço com TOC. A cada cálculo, uma nova crise existencial: “E se a gravidade não for isso tudo?” — perguntam-se os jovens doutorandos que nunca entenderam o porquê do tempo passar mais devagar perto de buracos negros (ou de segunda-feira). O curioso é que o investimento bilionário em tecnologia espacial ainda serve para a mesma conclusão de sempre: o universo é grande, indiferente e ligeiramente debochado com as tentativas humanas de compreendê-lo. Einstein, do além, provavelmente ajusta os óculos e sorri. Enquanto isso, o contribuinte terráqueo continua pagando para saber que o espaço curva, o tempo estica e a conta pública não tem fim.
Vaticano declara guerra às playlists de casamento: “Ave Maria” entra, “Maroon 5” sai
O Papa Leão XIV decidiu que a trilha sonora dos casamentos católicos não será mais curadoria de DJs emocionados nem de noivas melancólicas com gosto por Ed Sheeran. Só música sacra — nada de “Shallow”, “A Thousand Years” ou aquela instrumental de novela das seis. A justificativa oficial é “resgatar a solenidade litúrgica”, mas há quem diga que o Santo Padre apenas se cansou de ouvir “Thinking Out Loud” ecoando pela Basílica de São Pedro. O vaticanista mais ácido de Roma comentou que a decisão é, na prática, um golpe contra o amor pop. No entanto, há uma brecha divina: a música da saída dos noivos ainda pode ser popular — ou seja, a última alegria antes da penitência eterna do casamento. Padres do mundo inteiro já ensaiam novas homilias com trilhas mais austeras: nada de violinos emocionais, só órgão e coral. No fundo, é uma tentativa de lembrar aos fiéis que casamento é sacramento, não clipe de TikTok. E que o “sim” deve soar em gregoriano, não em autotune.

Zambelli, a extradição e a greve de fome mais performática desde Gandhi: drama, carta e caloria zero
A deputada Carla Zambelli, agora em cárcere italiano, prometeu iniciar uma greve de fome contra o que chama de “perseguição globalista do eixo Brasil-Itália”. Em carta dramática ao ministro Carlo Nordio, ela mistura política, espionagem e jejum intercontinental. Acusa o Governo brasileiro de pressionar Roma, cita Hamas, Irã, Cuba e o demônio de sempre — Alexandre de Moraes — como se todos se reunissem semanalmente para decidir o cardápio da sua desgraça. O problema é que sua licença parlamentar terminou, o salário foi bloqueado e o suplente já ocupa a cadeira — ironia digna de tragicomédia parlamentar. O mundo assiste a essa “novela de delírio jurídico” em capítulos diários via rede social. O último ato, caso a greve vingue, poderá transformar o presídio italiano no novo reality político do bolsonarismo: “A Fome é Minha Bandeira”. No fim, o mais provável é que Zambelli emagreça, mas a retórica siga obesa.
Harvard ensina o óbvio: comer bem faz bem — mas com sotaque acadêmico e custo gourmet
Cientistas de Harvard publicaram o que talvez seja a revelação mais cara e mais redundante do mundo moderno: pessoas com mais de 50 anos deveriam comer frutas, folhas, peixes e leguminosas. Ou seja, a dieta da vovó, agora em versão premium com selo de Ivy League. As frutas vermelhas, por exemplo, são elogiadas como antioxidantes milagrosos — desde que você possa pagar R$ 60 na caixinha de mirtilos. As folhas verdes, as nozes e as sementes aparecem como o novo elixir da juventude; só faltou o disclaimer: “resultados variam conforme a conta bancária”. Harvard também recomenda leguminosas — aquele feijão que o brasileiro já come todo dia, mas sem precisar de tese. Por fim, os pesquisadores concluem que o segredo da longevidade é uma dieta natural e equilibrada. Genial. Falta apenas alguém avisar que a maioria dos brasileiros vive de ultraprocessados não por ignorância, mas por inflação. O estudo é bom, mas soa como um sermão sobre nutrição dado por quem almoça em dólar.

Astros na Amazônia: o míssil de 300 km, a guerra que não existe e o desfile para a plateia acadêmica
O Brasil testou seu maior míssil de longo alcance — o Astros — em plena Amazônia, durante a Operação Atlas 2025. Oficialmente, trata-se de um “exercício de interoperabilidade”, mas, na prática, parece mais uma demonstração de testosterona geopolítica na selva. Militares, tanques, drones, helicópteros e um míssil de 300 quilômetros de alcance — tudo para “treinar” uma guerra que ninguém quer declarar. A cereja do bolo foi a presença de estudantes de Relações Internacionais da UFRR, transformando o campo de batalha em sala de aula ao ar livre: nada como assistir ao lançamento de um míssil para entender o conceito de soberania. O Ministério da Defesa jura que o exercício não tem relação com as tensões entre Estados Unidos e Venezuela — o que, claro, só reforça a suspeita de que tem. De qualquer modo, a Operação Atlas virou um show de patriotismo controlado por satélite: o Brasil prova que sabe lançar foguetes, mesmo que ainda tropece em orçamentos e estradas.
PT, COP-30, Me Too...
novembro 8, 2025Tarifas, Sam Smith, Bolcheviques...
novembro 7, 2025PCC, Claudio Castro, Morrissey...
novembro 6, 2025Dick Cheney, Obama, aéreas...
novembro 4, 2025Magna Fraus, Laika, CPI...
novembro 3, 2025Nicolau II, Geração X, F-35...
novembro 1, 2025Kim Kardashian, Saci, Gayer...
outubro 31, 2025PL, Ciro Gomes, Tsar Bomba...
outubro 30, 2025ARPANET, CV, Telefone Preto 2...
outubro 29, 2025Cosan, Lionel Messi, Radiohead...
outubro 28, 2025Bradesco, semicondutor, PT...
outubro 27, 2025A380, Penélope Nova, NBA...
outubro 25, 2025
Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.




Facebook Comments