O Banco Mercantil e Industrial do Paraná S/A (Bamerindus), outrora uma potência financeira sediada em Curitiba, traçou uma jornada que transcendeu os limites bancários, marcando a história econômica do Brasil.
Fundado por Avelino Antônio Vieira em 1929, um ex-vendedor e escriturário de seção bancária, o Bamerindus emergiu em um contexto desafiador durante a crise mundial, inicialmente como a Sociedade Cooperativa de Responsabilidade Limitada Banco Popular e Agrícola do Norte do Paraná (BPA).
Após a incorporação do BPA ao Banco Comercial do Paraná em 1944, Avelino assumiu o controle do Banco Meridional da Produção em 1951, transformando sua razão social para Banco Mercantil e Industrial do Paraná SA.
O ápice veio em abril de 1971, quando o banco foi rebatizado como Banco Bamerindus do Brasil SA, tornando-se uma das maiores instituições bancárias da América do Sul nas décadas de 1970 e 1980.
Contudo, nos anos 1990, o Bamerindus enfrentou desafios significativos. A família Andrade Vieira, proprietária do grupo empresarial, deparou-se com dificuldades financeiras em 1994, levando à participação no Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER). Infelizmente, as medidas de recuperação revelaram-se insuficientes, culminando em 1997 com a intervenção do Banco Central.
Nesse ponto crítico, o destino do Bamerindus se dividiu. O HSBC incorporou uma parte da instituição, enquanto outra parte foi absorvida pelo Banco Central. A intervenção representou o desfecho trágico para uma instituição que, em seus dias de glória, havia imortalizado sua presença na memória coletiva.
José Eduardo de Andrade Vieira foi o último presidente a testemunhar o declínio inevitável.
A trajetória do Bamerindus, no entanto, é também marcada por momentos icônicos. Durante as décadas de 1970 e 1980, a instituição alcançou o ápice de sua popularidade, tornando-se uma referência não apenas no cenário financeiro, mas também na cultura popular brasileira.
A memorável campanha publicitária da “Poupança Bamerindus”, protagonizada pelo carismático Toni Lopes, ecoou na mente dos brasileiros. O jingle, criado por Milce Junqueira, Fernando Rodrigues e Fernando Leite Colucci, se tornou um lema nacional: “O tempo passa, o tempo voa; e a ‘Poupança Bamerindus’ continua numa boa… é a ‘Poupança Bamerindus’!”.
Essa publicidade singular simbolizava não apenas a estabilidade financeira, mas também a confiança que o Bamerindus inspirava na população. Infelizmente, a mesma confiança foi abalada nos anos 1990, evidenciando as fragilidades subjacentes à gestão do banco diante das mudanças econômicas.
A história do Bamerindus, do apogeu ao ocaso, é uma narrativa que ressoa como um alerta sobre os desafios inerentes ao setor financeiro.
Ela destaca a necessidade de adaptação contínua, transparência na gestão e a importância de práticas sólidas para garantir a sustentabilidade a longo prazo. O banco, que um dia representou a prosperidade, tornou-se um símbolo da volatilidade econômica e da impermanência nas alturas do sucesso.
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