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Bel Pesce apostando as suas fichas na FazINOVA

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Nascida e criada em São Paulo, Isabel Pesce Mattos estudou no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Durante a faculdade, trabalhou na Microsoft, Google e Deutsche Bank, e terminou vários cursos: Engenharia Elétrica, Ciências da Computação, Administração, Economia e Matemática, além de fazer programas em Liderança e Inovação. Sua companhia atual, a FazINOVA, oferece um conteúdo diferenciado para você desenvolver-se. Bel é autora do livro digital gratuito sobre como o empreendedorismo pode mudar vidas: “A Menina do Vale”, que passou da marca de 1 milhão de downloads em menos de 3 meses após seu lançamento. A versão impressa do livro, publicada em agosto de 2012, entrou rapidamente para a lista de bestsellers do país. O seu livro “Procuram-se Super-Heróis”, também é um bestseller. Recentemente lançou “A Menina do Vale 2” que tem prefácio assinado pelo homem mais rico do Brasil, o empresário Jorge Paulo Lemann. “Eu não acredito em sucesso que vem sem muito trabalho, sem muito esforço, sem muita dedicação, sem muita perseverança. Acho importante mencionar isso, porque eu trabalho muito, eu tenho muito propósito no que eu faço, eu amo o que eu faço. Mas não é porque eu tenho um coração apaixonado, porque eu tenho iniciativa que é fácil. (…) Não adianta nada você ter planos mirabolantes, você ter iniciativa e daí você se perder na comunicação”, afirma a empreendedora. 

Muitos jornalistas já descreveram você como uma pessoa cheia de ideias, com o coração apaixonado por mudanças e com as mãos ávidas por iniciativa. Eles estão corretos ou ainda existe algo que nunca foi falado a seu respeito?

Eles estão corretos. Eu acho que está certa a descrição de coração apaixonado por mudanças, e com as mãos ávidas por iniciativa. O que é legal mencionar também, é que não adianta ter um coração apaixonado e querer ter iniciativa, mas não trabalhar muito pesado. Então é muito importante trabalhar muito pesado. Eu não acredito em sucesso que vem sem muito trabalho, sem muito esforço, sem muita dedicação, sem muita perseverança. Acho importante mencionar isso, porque eu trabalho muito, eu tenho muito propósito no que eu faço, eu amo o que eu faço. Mas não é porque eu tenho um coração apaixonado, porque eu tenho iniciativa que é fácil. Acho legal colocar isso aí, porque às vezes as pessoas olham as histórias e pensam: “Que legal, é fácil pra essa pessoa”; e não é fácil. É uma delícia, é muito legal, mas continua sendo um esforço muito grande. Você sempre tem que se esforçar e sempre tem que ter propósito.

Como foi a sua entrada inesperada no MIT (Massachusetts Institute of Technology)?

A entrada inesperada no MIT, foi uma história muito legal, na verdade. Eu acabei descobrindo super perto do prazo, que eu podia prestar a faculdade americana. Venho de uma família simples, então na época nunca pensei que ia prestar uma faculdade fora do Brasil, e também, não era fluente em inglês, não tinha como pagar essa faculdade… Então era um sonho bem distante. Mas eu acabei descobrindo que a faculdade americana, gosta muito de entender como você é como pessoa, então, pra prestar essa faculdade [MIT], tem que mandar sua história de vida e sua história escolar. Isso é legal, mas o que é ruim? Como é muito extenso o que tem que mandar, tem vários prazos intermediários, então, por exemplo: o prazo pra mandar tudo era primeiro de janeiro de 2006. Tinha um lance de fazer uma entrevista, que eu tinha que ter feito meses antes; tinha um lance de se inscrever pra prova de múltipla escolha do MIT que é o SIT, que tem que se inscrever antes, porque as provas vêm contadas. Então tinha muita coisa rolando, que já tinha passado do prazo, mas eu pensei: “Um não eu já tenho, se eu me esforçar, o que vai acontecer? Ou vai ficar como tá se não der certo, ou vai melhorar… Eu posso talvez conseguir”. Eu resolvi então, tentar mudar essa situação e pensei comigo: “Primeiro momento difícil é o lance de entrevistar o aluno do MIT, já que passou o prazo, mas esse cara está no Brasil ainda, entrevistou gente… Preciso achar esse cara… Como que eu posso achar essa cara?”. Fui atrás de pessoas que já tinham entrevistado esse cara, e uma santa alma me deu o endereço, e então eu apareci na casa dele. E como era a minha única chance (eu não sabia o que era uma entrevista de emprego), eu peguei e guardei tudo que eu tinha feito numa caixa de papelão e foi a minha sorte, porque quando ele me recebeu e tentou entender quem eu era, ele perguntou o que eram aquelas coisas que eu levava na mão, e explicou que já tinha passado o prazo. Eu falei que era uma maneira que eu queria mostrar pra ele, de como eu iria usar a educação do MIT pra melhorar o Brasil, melhorar o mundo!

E eu acho que ele ficou com dó e me recebeu, então, primeira batalha vencida. Daí entra o quesito de fazer a bendita prova de múltipla escolha. Eu descobri que tinha uma escola americana em São Paulo, que ministrava essas provas e que realmente tinha perdido o prazo, mas que eu não tinha perdido a data da prova, aí eu falei: “É minha chance, eu vou lá”. Fui lá, me convidaram a se retirar, porque o meu nome não tava na lista, não sei de onde tirei uma força de entrar novamente na escola e implorar pra que deixassem eu tentar até o final, e assim encontrar uma prova. Eu tive a sorte de que uma pessoa faltou, então acabei fazendo a prova. Claro eu digo sorte, mas eu estava preparada, tinha levado a escola à sério a vida toda, e em qualquer momento se eu tivesse desistido, eu não teria visto que essa pessoa faltou, então não é bem sorte, foi mais eu tendo me preparado do que dado sorte, ou melhor, do que realmente a sorte batendo na minha porta. Daí eu acabei entrando no MIT. Tinha toda história também de como eu ia conseguir pagar o MIT, porque eu entrei, mas não tinha como pagar… Então eu comecei a trabalhar no dia que eu fiquei sabendo que eu entrei no MIT. E chegando lá eu trabalhei muito, tinha mais de dez empregos!

Em suas entrevistas, você cita que a comunicação interna é um dos elementos essenciais para a eficiência de uma empresa. Quando a comunicação interna pode fazer uma organização se tornar deficiente?

Eu acho que a comunicação é tudo, na verdade. Não adianta nada você ter planos mirabolantes, você ter iniciativa e daí você se perder na comunicação. Na verdade, os funcionários mais difíceis com os quais eu tive que lidar, eram pessoas que não se comunicavam. É claro que tem que está se informando, mas isso acaba sendo o maior gargalo da empresa, quando se tem alguém que não se comunica. Isso causa muitos problemas, isso destrói todos os planos que você tem, porque a comunicação tem que fluir, né? Agora quando uma comunicação interna pode fazer uma organização se tornar deficiente? Acho que tem dois lados. Tem o lado que eu falei, quando você não tem e as coisas não fluem, mas tem o lado também de gente que faz comunicação demais. Eu já vi empresas que queriam que todo dia você desse um “update” sobre as coisas; que passasse uma hora escrevendo; que você tivesse muita burocracia de passar mensagem pra todos antes de poder realmente agir… Então, tem o outro lado também. Muita comunicação trava a empresa.

Empresários se queixam que no Brasil, a carga tributária e a burocracia, são fardos que não fazem um negócio evoluir. Como um empresário deve lidar com esses percalços?

Assim, se eu pudesse ter uma varinha mágica e puder realmente trazer um legado para o Brasil, o legado que eu pretendo trazer, é por meio do modo de pensar, que eu acredito que é muito, muito importante também. Um modo de pensar mais empreendedor, mais desmistificado. Mas se eu pudesse realmente fazer “pirilim pim pim” e mudar as coisas, eu ia querer mudar a carga tributária e a burocracia, porque realmente “machuca” muito o empreendedor. A gente tem que lidar com isso, a conta tem que fechar mesmo dentro das limitações que a gente tem no Brasil. Então eu falo isso sempre, e dentro da minha empresa, eu sigo todas as regras, porque eu acho que a conta tem que fechar mesmo sabendo de algumas coisas que não fazem o mínimo sentido, e que existem na carga tributária burocrática. O que me deixa maluca, é que tem algumas coisas que existem e que ninguém ganha, sabe? Algumas, dessas cargas tributárias e burocráticas, colapsam o negócio. Você ganha uma carga tributária grande no primeiro e segundo ano de vida da empresa, e se a empresa falhar? Enquanto se você tivesse realmente estrutura pra empresa crescer, ele [Governo] ia ganhar uma carga tributária muito maior no quinto e sexto ano. Não seria a curto prazo, mas em um longo prazo, e geraria empregos, geraria mais rendimentos, geraria mais faturamento. Eu estou tentando me educar um pouquinho sobre isso, mas obviamente a gente sabe que tem um jogo de interesses muito grande nisso. Eu acho que o cara que quer, tem que conseguir empreender dentro dessas limitações. Eu não só levanto a bandeira do que tem que mudar, mas eu continuo levantando a bandeira também de que tem que fazer essas mudanças dentro das regras que existem.

Você afirma que um empreendedor não precisa ser necessariamente dono de um negócio, já que pode ser um empreendedor também na empresa que trabalha. Aqui no Brasil você sente que as empresas dão essa abertura para que pessoas empreendedoras possam florescer dentro das suas organizações?

Olha, esse lance de atitude empreendedora, se as empresas não derem abertura pra isso vão colapsar. Já está sendo super difícil reter talento, e pra você conseguir o melhor de um funcionário, tem que dar abertura pra ele. Estou vendo empresas que cada vez mais possibilitam que uma pessoa cresça, tenha iniciativa, e empreenda dentro da própria empresa. As empresas que não derem essa abertura, salvo algumas exceções, vão colapsar, porque não vão conseguir reter talento. Eu acho muito importante que deixe isso florescer dentro das organizações.

Existe alguma característica no mundo dos negócios que você sente falta em nosso país e que sobra na cultura do Vale do Silício?

Tem o lado burocrático e tributário, que a gente falou aqui, mas tem todo um lado de um modo de pensar, de ter histórias reais de sucesso e de fracasso. Ter pessoas que fizeram histórias lindas, e que exponham o seu dia a dia e mostrem o quanto, na verdade, que existe de trabalho, o quanto, na verdade, que existe de erros e que podemos se levantar. Eu acho que falta um pouquinho desse empreendedorismo aqui no Brasil, está tudo muito mistificado, está muita festa e não é assim. É muito trabalho, tem que levar muito a sério… Acho que falta um pouquinho disso aqui, e é um pouquinho disso que eu venho tentando trazer.

Como alcançar a excelência em um empreendimento?

Como alcançar excelência em um empreendimento? Bom, eu poderia falar horas sobre isso. Eu não acredito que tenha a fórmula do sucesso, mas eu acho que o mais importante é que você foque no valor que está criando para as pessoas. Tem que focar realmente qual é essa proposta de valor, e como está se diferenciando dos outros. O que realmente o mundo perderia, se a sua empresa deixasse de existir? Pense dessa maneira, pense sério. Acho que tem que ser por aí. Quando você entender realmente o seu diferencial, entender realmente o valor que está criando, tente colocar a excelência em cada ponto de contato com o cliente.

Qual a sua visão sobre as startups brasileiras?

Eu acho que tem startups muito boas, eu só acho que pecam por diversas razões. Desde a carga tributária até as burocracias que a gente mencionou; desde a mistificação sobre empreender até o que muitos pensam em ser festa, além de outras razões. Nosso mercado é bem grande, então é difícil alguém já lançar algo para o mundo. A gente não acaba pensando em uma estratégia global. Eu quero ver mais startups do Brasil, indo para o mundo. Eu sonho que esta fase nova toque não só os brasileiros, mas o mundo todo. Que a gente comece a criar cases (histórias de sucesso) do Brasil para o mundo! Minha visão é que tem gente que quer muito fazer acontecer. O que a gente precisa é continuar focando na execução, porque também tem muita gente que enrola. Tem muita gente que gosta do glamour da startup (que não existe, na verdade). Tem um capítulo no meu primeiro livro ‘A Menina do Vale’, que fala sobre esquecer o glamour, isso é muito importante.

Quando você vê matérias na mídia que mostram o empreendedorismo com um certo glamour que não existe de fato, lhe incomoda?

Me incomoda sim. Me incomoda, porque eu acho que “machuca” por dois lados. Primeiro que traz pessoas não empreendedoras pra querer empreender pelas razões erradas. Porque acham que vai fazer muito dinheiro, porque acham que não vão ter chefe, daí é festa. Eu acho que isso é ruim, porque a gente acaba trazendo gente que não entende o que é empreender, e óbvio que eles desistem, já que não é o que eles querem, na verdade. Eles não focam no cliente, daí a gente não gera mais empresas que realmente façam uma diferença, isso é ruim. Eu acho que pior do que isso são as pessoas que são boas. As pessoas que vão empreender, que vão cair, que vão levantar, que vão tomar na cara, demorar três, quatro, cinco, seis, sete meses… Mas depois elas vão engatar. Elas escutam essas palavras de empreendedorismo, de glamour, e quando elas caem pela quarta, quinta vez, quando chega o quarto mês, elas desistem, porque elas acham que não é pra elas… E essas são as pessoas pra quem, realmente é pra elas o empreendedorismo. Então me incomoda um pouco por causa disso, pois “machuca” dos dois lados.

Quando surgiu a ideia da FazINOVA e em que estágio se encontra a Lemon Wallet?

A gente vendeu a Lemon, no final de 2013, pra uma empresa chamada Life Lock, então, desde começo de 2013 eu não estou mais envolvida nas operações, eu sai pra fazer a FazINOVA. Desde que eu era pequena eu observava a escola, eu sempre gostei muito da escola, mas observava que tinha algumas lacunas, e eu comecei a escrever um pouco sobre isso, em 2012, e comecei a tirar essas ideias do papel. Queria entender como que eu podia transformar as ideias que eu tinha anotado, em uma escola que realmente ensinasse as coisas relevantes, pra que a gente realizasse os nossos sonhos e tirasse os projetos do papel, não com fórmulas mágicas, mas com um caminho certo se você for dedicado e trabalhar pesado. E foi daí que surgiu a ideia da FazInova. Desde 2013 eu criei vários cursos online e presenciais. Os cursos focam em desenvolvimento pessoal e profissional, já tendo mais de mil e quinhentos alunos presenciais, mais de quarenta mil alunos acessando, fazendo aulas online, então a ideia é que a gente possa realmente criar conteúdos relevantes, sem enrolação. Conteúdos reais que possam ajudar as pessoas a realizar os seus sonhos, e sempre também impactando a vida dos outros para o bem.

Você afirmou que queria usar a educação que recebesse no MIT para transformar o mundo em lugar melhor. Acredita que depois de 10 anos está conseguindo?

Como eu disse na segunda pergunta, foi assim que eu me posicionei para o MIT. Engraçado pensar, não faz nem 10 anos, faz 7 ou 8 anos, está passando rápido! Eu estou feliz com o resultado, e acho que tem muito mais o que fazer. Nesses últimos 4 anos, quatro milhões de pessoas interagiram com os conteúdos que eu e minha equipe criamos, eu acho isso um ótimo passo. Espero que as pessoas possam interagir e agir, que é o mais importante. O meu sonho é que pouco a pouco, a gente lance em outras línguas, e que a gente lance mais conteúdo tanto para o Brasil, quanto para o mundo. Que a gente chegue em 1 bilhão de pessoas tocadas por esses conteúdos! É difícil, mas eu acho que nos próximos 10 ou 15 anos a gente consegue fazer isso, ainda mais com o mundo conectado que existe. Então, estou feliz com o resultado, mas tenho sonhos ainda maiores.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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