Cássio José Krupinsk é formado na faculdade Belas Artes. Começou sua carreira como assistente dos irmãos Joseph e Moise Safra (falecidos donos do Banco Safra). No entanto, aos 22 anos já começava a empreender para batalhar pelo seu próprio espaço, criando sua própria marca de óculos de sol, enquanto também trabalhava como modelo em São Paulo. Sua marca Volv Eyewear, chegou a ter 270 pontos de venda no Brasil. Este foi apenas o pontapé inicial para seu aprendizado prático como empreendedor. A partir de então, embarcou no universo online, onde criou, em 2007, um protótipo da primeira plataforma de crowdfunding no Brasil, a INVESTDOORNETWORK e, partir desta ideia, desenvolveu a pioneira rede social de e-commerce, Oxibiz. A partir disso, nunca teve medo de arriscar, criou a Oxipag, um método de pagamento muito similar ao Bitcoin, focado principalmente ao mercado varejista (lojas). Fundou a WI Group, uma incubadora com intenção em ajudar empreendedores e investir com know how e aceleração sem investimento de capital. Krupinsk é a personificação do que o mercado chama de empreendedor serial. Mais do que criar um negócio, ele quer apresentar ideias e soluções em diferentes áreas – investidor de BTC desde 2011 e desde 2018 voltando suas atenções ao universo cripto. Com amplo conhecimento de mercados e dedicado a blockchain, construiu a BlockBR Digital Assets onde é o CEO.
Cássio, você já idealizou dezenas de startups. O que essas empresas que você criou ou investiu têm em comum?
Absolutamente nada. Acho que a que mais chegou próximo do momento vivido hoje pela BlockBR, foi a Oxibiz, entre 2010 a 2012, bem no boom do e-commerce e marketplace, antes de existir a OLX, quando o Mercado Livre nadava de braçada e fora do Brasil só tínhamos a AliExpress. Era até o próprio início da Amazon, ela não era o que é hoje naquela época. Hoje a grande diferença é o momento do mercado, o que vivemos hoje na tokenização é como se alguém tivesse apertado o botão “insert” e começado do zero. A tokenização permite isso, uma mudança radical em todas as estruturas de negócios, qualquer que seja, mas principalmente no setor financeiro. Nosso momento de mercado, pela disrupção, pelo que estamos entregando, criando, o próprio posicionamento da BlockBR no mercado faz com que eu nunca tenha vivido nada igual em relação à oportunidade, criação de cultura, mercado e um desafio bem saudável. Me senti preparado para isso depois de dezenas de startups.
Quais os erros que um empreendedor serial não deve cometer?
Na verdade, eu não quis ser empreendedor serial, mas fui obrigado a ser por conta das mudanças políticas no país, de achar, quando eu era mais novo, que era possível através de uma startup brasileira eu criar uma cultura de mercado, quando, na verdade, o Brasil só copia o que vem de fora. A não ser que tenha um impacto financeiro muito grande, a cultura do mercado financeiro é única e própria, totalmente diferente dos outros negócios que já fiz na vida. O principal erro que o empreendedor serial não deve cometer eu acho que é não ter visão em como escalar um negócio. Um exemplo: uma startup que eu fiz de manicures, eu investi 100 mil reais e os perdi em seis meses porque demorou entre quatro e cinco meses para que entendêssemos que era impossível termos uma receita saudável tendo hubs, um em cada bairro, para ter uma máquina para realizar a esterilização dos materiais que as manicures utilizavam e se eu não tivesse isso, não iria possibilitar a escala. Nesse caso eu teria que migrar para outro modelo de negócio e eu não quis e acabei abandonando. Acredito que o empreendedor tenha que entrar em todos os detalhes possíveis de uma operação para conseguir enxergar três meses depois os números que você quer atingir e as possibilidades para atingí-lo.
Você domina vários assuntos (vamos falar um pouco sobre cada um deles). Qual o maior impacto da chamada Web 3.0?
Na minha opinião, o maior impacto é a quebra de barreiras e a criação de novas culturas. Tudo isso por conta da segurança, eficiência da blockchain e a quebra de intermediários. Acho que a Web 3.0 significa a quebra dos intermediários, mas é um assunto muito abrangente. Imagine, por exemplo, que um cartório não irá desaparecer, mas talvez em 20 anos ele vá. Imagine também que uma DHL, onde hoje um motorista usa tranponders para que ela tenha segurança logística, para saber onde ele está com a carga, não vai mais precisar deles, através da blockchain, porque ela vai armazenar rapidamente todos os dados a cada centímetro de um caminhão. Imagina também o que a Apple fez com o Facebook recentemente, de cortar a entrega de dados. Isso fez com que as ações da rede social caíssem repentinamente e também de todas as big techs, justamente, primeiramente, pela vinda da lei LGPD onde temos uma política de autonomia de dados muito específica e clara e agora temos a blockchain. Então, quem é o dono dos dados? Até ontem eram a big techs e hoje é a blockchain.
Qual seria a importância dos dados para que esse impacto seja cada vez mais abrangente?
A importância dos dados é muito simples, da transparência e da clareza. Hoje uma empresa não pode mandar um e-mail para 100 usuários se eles tiverem clicado em uma opção de não receber o e-mail. Isso deveria acontecer há muito tempo, mas agora só vem sendo respeitado por conta da lei LGPD. E quando falamos em dados, falamos em blockchain, porque hoje quem detém os dados é a própria, a não ser que você seja do sistema financeiro e que ele tenha uma política de antilavagem de dinheiro, de anticorrupção e que você tenha os dados justamente para ter o perfil do usuário. Então, a clareza e a transparência das informações faz com que as empresas tenham um usuário mais transparente, mas que ela também não possa usar as informações dele sem que ele permita.
Como enxerga o mercado de NFTs?
A NFT representa um título de uso e/ou propriedade. Uma arte, através de uma NFT, só é uma arte se ela estiver história e for pixelada dentro de uma blockchain com o aval de Art Basel, por exemplo. Não adianta uma criança pintar um tênis e falar que aquilo é arte, tirar uma foto e querer vender uma NFT disso. A NFT funciona muito bem dentro do mercado imobiliário. Hoje mesmo temos um negócio chamado t propts, onde através de um defi, que substitui um fundo, compramos os terrenos, construímos casas de luxo com grandes arquitetos e vendemos por ações de até 12 NFTs e cada uma representa o direito de propriedade de uso também por 44 dias no ano. Em breve vai ser possível vendermos em mercado secundário através de Exchange. É dessa forma que eu entendo NFT, direito de propriedade, de uso ou de experiências.
Muitos dizem que esse mercado está encolhendo. Acredita que isso é real?
Sim, é real. Mas eu não diria encolhendo, ele está solidificando. Um exemplo disso é a própria bolha das criptomoedas que não tem garantia e lastro por trás, não tem operação, são somente boas ideias e que muitas delas nem operacionais são. Obviamente, vai ficando somente ativos que realmente tem uma operação por trás, funding, receita para se provarem no mercado, como qualquer outro negócio. O mercado, para alguns, pode parecer que está encolhendo, mas para quem está dentro desse universo, ele está ficando cada vez mais maduro e sólido. O que era muito volátil, agora está estabilizando e isso pode parecer um encolhimento, mas na minha opinião é uma maturidade.
Você é o CEO da fintech BlockBR. Como surgiu o insight para esse negócio?
Foi justamente por ter sido Country Manager Business da Coinpayments, que é líder de pagamentos em criptomoedas. Eles utilizam mais de duas mil criptos para pagamentos e tive que entender muito do que tinha por trás de várias delas. E entendendo que várias não tinham uma operação rastreada, ou garantias, eu decidi criar a BlockBR, justamente para criar ativos digitais no mercado olhando para operações que eram completamente sólidas. E entendendo também que o mundo iria mudar através da blockchain trazendo mais eficiência e quebrando tantos intermediários que tem em tantos negócios, não somente no universo financeiro. E a BlockBR veio para isso, para criar uma nova cultura de mercado, atrair pessoas que não fazem parte do universo financeiro, pessoas que têm pavor de colocar dinheiro e fundos em bolsas de valores. E o grande desafio do mercado e da BlockBR é fazer com que 90%, pelo menos aqui no Brasil, das pessoas que não investem no mercado tradicional, que invistam em tokens, porque é muito mais fácil e barato, a liquidez é simples. E minha empresa surgiu justamente para trazer essa solidez, eficiência e segurança para que os investidores possam ter a confiabilidade nos ativos que originamos. E vem dando super certo e são pontos super interessantes, onde estamos nos consolidando cada vez mais no mercado e o nosso objetivo é se tornar líder em tokenização, não só no Brasil. Agora estamos indo para Estados Unidos e Suiça. Queremos fazer da BlockBR um nome conhecido no mercado de solidez e segurança.
Quais os pilares que sustentam a fintech?
Os pilares que sustentam a BlockBR eu digo que são quatro essenciais: jurídico, financeiro, tecnológico e comercial.
Como funciona a operação da BlockBR, na prática?
Nascemos na Web 3.0 e por sermos ativo nela, usamos a blockchain para soluções que criamos. Dentro dessas soluções, nós somos provedores de tokenização em duas verticais: tokens estruturados, tokens superestruturados e infraestrutura de tokenização, onde nós também podemos transformar o mercado em tokenizadoress através do que chamamos de token in services. E fazendo um detalhamento maior em cima do que estamos oferecendo dentro das nossas operações, os tokens superestruturados muitas vezes representam soluções através da tokenização, para uma captação, internacionalização de captação, de funding, enfim… E o tokens estruturados representam títulos de créditos recebíveis que muitas vezes é uma securitização. Então é dessa forma que funciona a nossa operação. Hoje atendemos ao mercado de recebíveis em diversos níveis e atendendo também soluções para o mercado nacional e internacional através de tokens superestruturados que representam soluções e ideias para mercados. Temos até um exemplo de um token do mercado imobiliário que se chama T propt, inclusive está no nosso site, e agora estamos oferecendo o Tas, fazendo com que quem origina ativos financeiros e tem liquidez para distribuição, a gente transforma em uma tokenizadora através da nossa infraestrutura.
Quais as principais vantagens do processo de tokenização e que as empresas ainda nãos se deram conta?
Eu diria que o primeiro ponto é a desintermediação, onde o dono do ativo pode fazer uma tokenização e oferecer uma rentabilidade muito maior diretamente para o investidor do token. E junto com isso você tem além da desintermediação, uma inovação, uma solução, eficiência e segurança muito maior por conta da blockchain. Com isso também você acaba democratizando as ofertas e trazendo mais marketing e clientes para dentro do seu próprio negócio. A tokenização, a princípio, é vista como democratização e descentralização. Mas falamos de descentralização de investidores no mundo todo. Qualquer tipo de pessoa pode comprar um token por ele custar barato e ter uma liquidez, pode fazer um saque a qualquer momento. Esses são os principais benefícios. É como se você pudesse emitir uma ação do seu negócio e diretamente através de uma tokenizadora, onde ela faz a distribuição de uma forma muito simples, rápida, eficaz e obviamente é um caminho sem volta e o mercado todo será tokenizado.
Como vê o futuro dos ativos digitais?
Depende muito do tipo de ativo e da operação do ativo físico onde vai ser transformado em tokens. Depende do nicho, da operação, mas vejo com muita distinção cada tipo de ativo digital. Se estivermos falando de uma NFT, que é direito de uso e propriedade, vejo esse ativo digital sendo comercializado em um mercado secundário e ele podendo representar fração de um imóvel, por exemplo. Se falarmos de um ativo de recebível, vejo que ele também vai ser comercializado no mercado secundário quando um investidor desse ativo cansar e já estiver rentabilidade suficiente, onde ele já não quer deixar mais naquele ciclo que geralmente é o que o investidor do mercado tradicional de recebíveis faz, coloca o dinheiro e não tira mais. Para ativos digitais que não tem tanta rentabilidade ou que não tem tanta capacidade de volatividade para subida, vejo que são ativos digitais utilizados em meio de pagamento. Então você tem diferentes formas de trabalhar os ativos digitais. Como eu falo, tudo vai ser tokenizado, sem dúvida. Mas o ativo digital vai ser composto por cestas de ativos dentro de uma carteira onde todo mundo acabará tendo em algum momento para investimento ou para pagamento, uso, utiidade, enfim. Seguindo essa regra, o mundo inteiro vai utilizar ativos digitais. Até as próprias CBDs, pois, vem aí o Real Digital, já temos o Euro Digital… Já não é um futuro, é o presente.
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