O Brasil descarta mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano, segundo dados da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) divulgados pela CNN no ano passado – ainda não há dados disponíveis sobre descarte deste tipo de resíduo referentes a 2023.
Estas 4 milhões de toneladas de têxteis corresponderam a 5% de todos os resíduos produzidos no país. A indústria da moda é em grande parte responsável por essa geração, já que essa quantidade de peças têxteis descartadas inclui retalhos descartados durante a fabricação de roupas e também roupas usadas.
O relatório O Futuro do Setor da Gestão de Resíduos, feito pela International Solid Waste Association (ISWA) e disponibilizado pela Abrelpe, prevê que a geração de resíduos sólidos vai atingir 3,4 bilhões de toneladas em 2050 e aponta a economia circular como uma adaptação necessária para manter a sustentabilidade do ciclo de geração de resíduos. O estudo apresenta um panorama das tendências e desafios no manejo de resíduos urbanos até 2030.
Eduardo Cunha é diretor de comunicação da Cresci e Perdi, franquia de moda circular infantil, e reforça o papel da economia circular em mitigar o problema do descarte de resíduos têxteis. Para ele, é preciso um certo passo de urgência:
“Temos urgência de ações sustentáveis no setor da moda. A moda circular pode ser incorporada de maneira eficaz ao contexto econômico, já que, ao comprar roupas em bom estado por um custo acessível, os consumidores estão optando por uma alternativa sustentável que é, ao mesmo tempo, financeiramente vantajosa”.
Segundo ele, “essa abordagem não apenas atende à demanda por produtos de qualidade a preços acessíveis, mas também contribui para a redução do impacto ambiental associado à produção de novas peças”. Tal enfoque vai ao encontro do conceito de “slow fashion”, que procura valorizar cada etapa do processo de produção, desde os insumos até a venda, oferecendo produtos mais duráveis confeccionados por meio de processos sustentáveis e ecologicamente corretos.
Já o fundamento da economia circular, segundo o relatório da ISWA, é recuperar e manter produtos de forma sustentável dentro do ciclo econômico pelo maior tempo possível.
O relatório aponta ainda outros desafios relacionados ao descarte de resíduos que a economia circular pode ajudar a superar. Entre eles está, por exemplo, aprimorar soluções tecnológicas que reduzam a geração de substâncias indesejadas no momento de produção.
Definir e comunicar a economia circular também é considerado um desafio pelo estudo. Além de informar a sociedade, a ISWA considera que “para a existência da economia circular, é necessário haver mercados funcionais de materiais secundários”.
“Conscientização é a palavra para mudança de cultura. Precisamos pensar na vida útil das roupas e acessórios. Estamos impondo uma nova cultura, pois a atual não sustenta nosso planeta, apenas o polui”, diz Cunha. “Comprar e descartar roupas não deve fazer mais parte da nossa rotina, e sim encontrar produtos de qualidade, duráveis e reaproveitáveis. Sejamos os atores dessa mudança para nosso planeta, o futuro é a moda circular”, conclui.
Fundada em 2012 por um grupo de empreendedores, a agência de notícias corporativas Dino foi criada com a missão de democratizar a distribuição de conteúdo informativo e de credibilidade nos maiores portais do Brasil. Em 2021, foi considerado uma das melhores empresas para se trabalhar.
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