Brasil Soberano, Fiesp, Kennedy…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Luciano Huck, GNT e a epopeia do novo iluminado midiático: ou como transformar entrevistas em commodity global para reforçar um império audiovisual ansioso por profundidade
Luciano Huck, sempre pronto para reinventar a própria biografia, pode ganhar um novo programa no GNT — canal que a Globo parece ter deixado num canto, como louça boa que ninguém usa. A decisão vem do inesperado, mas não surpreendente: Huck cresceu no cenário das entrevistas internacionais, virou figurinha carimbada de clips, cortes e repercussões transnacionais, e agora precisa provar que pode ser profundo, reflexivo e, se possível, menos afoito. O GNT aposta nele como quem aposta num cavalo famoso que sabe correr bonito, mesmo que o hipódromo esteja esvaziado. A Globo mexeu lá em cima, no andar dos gigantes, mas o GNT segue tentando encontrar um propósito no caos. A entrevista com príncipe William fez barulho; a conversa com Zelensky deu verniz geopolítico; e agora, o canal quer transformar Huck em uma marca de questionamento sofisticado — algo entre Oprah e Serginho Groisman em dia filosófico. A promessa é ocupar territórios “de relevância” e “conceitos de profundidade”, essas expressões mágicas que ninguém define, mas que ficam bem em relatórios de planejamento. Resta saber se o público do GNT está procurando reflexão ou apenas uma boa desculpa para deixar a TV ligada enquanto faz o jantar.
Ramagem em Miami, Moraes na caneta e o velho problema dos réus que confundem sentença com férias: a crônica de uma prisão anunciada
O ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão do deputado Alexandre Ramagem — aquele mesmo, condenado no caso da trama golpista — depois de ele deixar o Brasil rumo a Miami. Não avisou a Câmara, não pediu autorização, mas entregou atestados médicos tão longos quanto roteiro de novela. Com recursos rejeitados no STF, o prazo para novos embargos começou a contar, e a jurisprudência diz: negou de novo, começa a cumprir. Em paralelo, o portal PlatôBR noticiou que Ramagem estava na Flórida, pátria espiritual de muitos brasileiros com problemas judiciais. Moraes, naturalmente, reagiu. A Câmara jurou que não sabia de nada. E o caso virou um lembrete da criatividade logística de políticos que juram inocência enquanto atravessam fronteiras. Agora, com a ordem de prisão, Ramagem se soma ao panteão dos que tentaram fugir pela tangente e descobriram que a lei, quando quer, tem alcance internacional. Ao fundo, Bolsonaro aparece como parte do mesmo pacote de condenados, lembrando o público de que a novela do golpismo continua — sempre com novos capítulos, mas com personagens repetidos e diálogos cada vez mais improváveis.
Fiesp, CNI, Carf e silêncio estratégico: quando lobistas orbitam Messias e o Supremo vira sala de espera para bilionários nervosos
Os emissários da Fiesp e da CNI — sempre tão tímidos, quase monásticos — estão circulando em torno do advogado-geral da União, Jorge Messias, como mariposas em volta de um abajur caro. Messias, escolhido por Lula para ocupar a cadeira de Luís Roberto Barroso no STF, herdará também a relatoria da ADI 7.548, que trata daquilo que realmente faz o empresariado perder o sono: o voto de qualidade do Carf, esse pequeno detalhe que define se bilhões ficam com a Receita ou com quem pode pagar advogados por quilo. O setor empresarial jura que só quer justiça e equilíbrio, mas o que realmente deseja é acabar com a prerrogativa da Fazenda de decidir empates — afinal, empate, para eles, só vale quando beneficia o lado empresarial da força. Provisões contábeis gigantescas, balanços trêmulos e advogados em frenesi dependem dessa régua. Enquanto isso, Messias recita o mantra do silêncio sepulcral. Não comenta, não acena, não pisca. É quase um voto de castidade institucional. Ninguém sabe se é estratégia, prudência ou apenas o medo de ser atropelado por expectativas de gente com muito poder e pouca paciência. Mas todos esperam: quando o silêncio acaba, começa o jogo grande.

Dallas, 1963 e o tiro que atravessa décadas: a morte de Kennedy e o eterno vício humano na mitologia das balas mágicas e das versões improváveis
Em 22 de novembro de 1963, o presidente John F. Kennedy foi assassinado em Dallas, produzindo não apenas um trauma nacional, mas um marco definitivo na cultura política e conspiratória dos Estados Unidos. A imagem do carro conversível, o tiro, Jackie em choque, o caos instantâneo — tudo isso se imortalizou não só como tragédia, mas como a origem de um gênero inteiro: o thriller político real. Desde então, o mundo discute ângulos, trajetórias balísticas, culpados improváveis, denúncias de encobrimento, e a eterna pergunta que alimenta bibliotecas, documentários e mesas de bar: foi realmente só Lee Harvey Oswald? A história se tornou tão revisitada que já parece ter sido roteirizada por Hollywood antes mesmo de acontecer. O assassinato de Kennedy é um desses momentos em que política e mitologia se misturam de tal forma que é impossível separar fato de ficção. E, seis décadas depois, ainda reverbera, como um lembrete de que nenhum país está imune ao espetáculo trágico da própria narrativa. Talvez porque, no fundo, a humanidade adore acreditar em versões alternativas — especialmente quando a verdade parece simples demais para ser verdade.
Brasil Soberano, Gás do Povo e R$ 1,54 bi em autoelogio: o Governo descobre que comunicar é caro — e que, às vezes, comunicar demais custa ainda mais
O Governo Lula decidiu que 2025 será o ano da autonarrativa, aquela arte de contar histórias sobre si mesmo com um orçamento de cinema épico. Com R$ 1,54 bilhão reservados à comunicação oficial, a Presidência abocanhou sozinha R$ 876,8 milhões para campanhas institucionais — os conhecidos slogans de época, como “Brasil Soberano” e “Gás do Povo”, que soam como trailer de filme patriótico. Enquanto isso, apenas 43% da verba ficou para ações de utilidade pública — campanhas de vacinação, prevenção de desastres e outros temas que geralmente interessam mais ao cidadão do que ao marketing governamental. A comunicação institucional virou protagonista absoluta, refletindo uma tendência de Governo que precisa repetir seu próprio nome para garantir que o eco não morra no caminho. A disputa entre divulgação útil e propaganda épica mostra que Brasília ainda acredita que o país se governa não apenas com políticas, mas também com slogans performáticos. E se 2025 será o ano da publicidade federal, parece que o brasileiro deverá se preparar para uma enxurrada de peças com bandeiras tremulantes, famílias sorridentes e vozes em off que prometem um país que só existe em campanhas.

Correios, déficit bilionário e empréstimo de R$ 20 bi: a estatal tenta se reinventar antes que vire apenas memória afetiva de carteiros simpáticos e serviços atrasados
Os Correios anunciaram um plano de reestruturação que parece misturar pragmatismo, desespero e esperança: reduzir déficit, vender imóveis, cortar custos, modernizar sistemas e, no meio disso tudo, pegar emprestado até R$ 20 bilhões com bancos públicos e privados, sob bênção do Tesouro. O objetivo é garantir sobrevivência até 2026 e lucratividade em 2027 — uma meta ousada para uma estatal que acumula prejuízos desde 2022 e viu a situação piorar nos dois primeiros trimestres de 2025. O novo presidente, Emmanoel Schmidt Rondon, herdou uma bomba-relógio logística e tenta desarmá-la com PDV, racionalização de unidades, expansão no e-commerce e possibilidade de fusões e aquisições — um gesto ambicioso para uma empresa que sempre foi tratada como símbolo do Estado, não como competidora. A defesa oficial é conhecida: só os Correios chegam a todos os municípios do Brasil, inclusive lugares onde o mercado simplesmente não vai. E é verdade. Mas verdade também é que o mundo mudou mais rápido que a estatal. O plano tem cheiro de último suspiro antes da metamorfose. Resta saber se vira borboleta digital ou fósforo apagado da infraestrutura nacional.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.




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