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Cacahuatl com expressão nacional e no exterior

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Natural de Vitória (ES), André Scampini há algum tempo nutria certa paixão pela fabricação de destilados. O então profissional de TI viu na produção de cacau de seu sogro uma grande oportunidade de empreendedorismo: uma aguardente feita a partir das sobras de cacau. O município de Linhares, no ES, é responsável por 85% da produção de cacau do estado. No entanto, apenas parte do fruto é aproveitada para a produção da matéria-prima do chocolate: a amêndoa de cacau. Foi nesse cenário que André percebeu uma maneira de unir empreendedorismo e sustentabilidade. Movido pela paixão por destilados, dedicou-se a estudos, pesquisas e experimentos de destilação até chegar na receita final. “Os produtores de cacau tinham uma demanda por um melhor aproveitamento do fruto, do qual somente a amêndoa era utilizada na produção do chocolate. Foi quando resolvi aproveitar meus conhecimentos na fabricação de destilados e fazer algumas experiências que resultassem em um produto de qualidade e, ao mesmo tempo, visasse a sustentabilidade.” – explica André. A aguardente de cacau, batizada de Cacahuatl (“suco amargo” em Asteca), teve amostras enviadas para os EUA, Portugal, Bélgica, Suiça, e participou como convidada de três feiras na Alemanha. A aguardente está disponível no mercado nacional e no exterior desde novembro do ano passado.

André, em que momento o hobby se tornou um negócio?

Vislumbrei a oportunidade de negócio quando percebi a qualidade da bebida, seu sabor diferenciado, seu aroma marcantemente frutado, e, principalmente, a impressionante receptividade das pessoas, que me pediam garrafas para consumo próprio, e até para dar como um presente especial para amigos, clientes e parentes. A partir daí providenciei o depósito do pedido de patente e o consequente registro da marca junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Intelectual), e então comecei a planejar o empreendimento.

O que faz da Cacahuatl uma bebida singular?

Nada melhor do que as próprias pessoas que experimentaram para responder essa questão. Primeiramente elas se surpreendem por ser uma bebida feita do cacau — algo inesperado para elas. Não se trata de uma mistura com a cachaça (que é feita da cana-de-açúcar), mas sim de um puro destilado do cacau. Depois que provam a bebida se surpreendem positivamente com o seu aroma, com o sabor da fruta inteiramente preservado na bebida, com notas de chocolate. Especialmente as mulheres apreciam muito a aguardente.

Em que pontos a sua experiência na área de TI, influenciou os rumos do seu negócio?

Prestei serviços para várias empresas na área de TI., e já trabalhei em Operadoras de Telecomunicações, e os meus vários anos de experiência me ensinaram a importância da qualidade em tudo o que se faz. Participei de projetos de implantação de tecnologias de transmissão de longa distância para grandes empresas, e tal experiência me ensinou a importância de se planejar tudo com muito cuidado. É preciso foco, disciplina e uma visão clara sobre os objetivos que se pretende alcançar. O sucesso não é casual nem acidental. Quando se sabe exatamente o que se quer, e onde se quer chegar, as ações ficam muito mais eficientes, pois, a pessoa consegue determinar precisamente como fazer para chegar lá. E, além disso, cercar-se de uma equipe séria, profissional e engajada com o projeto é crucial para o seu sucesso. Não se barganha com a qualidade: ou você se compromete com o que está fazendo e se dedica a isso, ou não terá um bom resultado no produto final.

Como o cenário em que a Cacahuatl está inserida foi fundamental para a ideia florescer?

A inovação que a bebida traz consigo, e as oportunidades de trabalho e renda para o produtor e o trabalhador rural, respectivamente, entusiasmaram as pessoas que conheceram a ideia, inspirando-me a prosseguir com o projeto. Sem a maravilhosa receptividade que a bebida teve, logo nos seus primeiros dias, talvez eu não estivesse aqui, agora.

O que foi fundamental para uma bebida que antes era estigmatizada ser apreciada tornando-se um produto sofisticado?

Não posso falar da minha aguardente, pois, ela é muito nova no mercado. Mas em se tratando da cachaça, o mais brasileiro dos produtos, e opinando enquanto sincero apreciador dessa bebida, a crescente conscientização do produtor nacional o fez perceber que a qualidade superior de seu destilado lhe abre portas e traz oportunidades de bons negócios, tanto nacional quanto internacionalmente. Produzir bebidas sem qualidade, sem os cuidados necessários com a produção, e sem o compromisso de agradar o paladar do consumidor restringe-lhe o horizonte de possibilidades, mantendo seu negócio no terreno do amadorismo. Hoje em dia a cachaça — nada menos do que o primeiro destilado que surgiu nas Américas, o que deve ser motivo de muito orgulho para nós! — é uma bebida de qualidade excepcional, e que traz a reboque características que a tornam única no mundo, aumentando imensamente seu potencial de abrir mercados e conquistar consumidores em todos os continentes.

Quais os principais valores agregados da bebida?

No quesito do produto, propriamente dito, seu aroma e sabor totalmente diferentes daquilo que o consumidor já conhece; e na questão da sustentabilidade, a bebida já nasce de um sistema de plantio que explora a terra racionalmente, sem abusos e desmatamentos desnecessários, bem como traz novas oportunidades de ganho para o produtor de cacau e para o trabalhador do campo.

Acredita ser esse o maior diferencial?

Sim. Sem dúvida nenhuma!

Quais os maiores desafios da Cacahuatl no mercado até agora?

O ineditismo da bebida faz com que as pessoas tenham dificuldade de compreender o que ela realmente é — uma aguardente de fruta, com alto valor agregado —, e até mesmo de “enquadrá-la” no rol das bebidas de grande valor, por causa dos estereótipos atualmente existentes para bebidas destiladas. Ou seja, há o estigma de ser uma bebida “barata, por ser ‘cachaça'” (o que ela não é, pois, cachaça é feita de cana), e há o estigma de se duvidar da sua qualidade, por ser “nacional” (bebidas estrangeiras são muito mais valorizadas).

Estamos vivendo num cenário de instabilidade econômica. Como a Cacahuatl tem superado esse e outros desafios?

Acima de tudo acreditando no seu potencial, e mantendo firme sua visão estratégica de mercado. Além disso, a pandemia do Covid-19 abriu novas oportunidades de negócios, devido às alterações nos hábitos de consumo das pessoas, e isso foi rapidamente percebido por nós.

A preocupação com a sustentabilidade se faz presente em um negócio como esse. Essa preocupação também se torna um norte a ser seguido?

Para nós a sustentabilidade é algo que é natural e intrínseco ao negócio. É parte da produção, da rotina. A produção do cacau que, ao mesmo tempo, preserva mata nativa (sistema de plantio CABRUCA), e que racionaliza a utilização da terra ao fazer o consórcio com outras culturas (sistema SAF – Sistema Agro-Florestal), já é uma realidade. Isso já acontece nos dias de hoje; não é algo a ser feito. Mas o que tornou o negócio realmente surpreendente, logo em seu início, foi muito mais do que simplesmente as características organolépticas da bebida (aroma, sabor, retrogosto), mas também as oportunidades que se mostraram diante de nós, e que permitem que outras pessoas possam se usufruir desse novo horizonte que se abriu.

O que vislumbra para a Cacahuatl num futuro próximo?

Foi criada outra receita para a aguardente de cacau, totalmente inédita no mundo, e que será lançada este ano; também partiremos para um Gin à base de cacau (a receita já está criada), e também teremos a linha das aguardentes envelhecidas, incluindo “blends” exclusivos. Além disso, concluímos nosso treinamento no programa “PEIEX”, da APEX (agência de estímulo às exportações, do Ministério das Relações Exteriores), e já estamos fazendo contatos com possíveis compradores estrangeiros. O céu é o limite, e nós só estamos começando.


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