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Camila Farani fala de dinâmica e aprendizado

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Camila Farani é um dos “tubarões” do Shark Tank Brasil. Premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016, ela é fundadora do Grupo Boxx (alimentação) e FizCon (inovação). Em 2014 cofundou o Mulheres Investidoras Anjo de incentivo a mulheres empreendedoras. De 2016 a 2018 presidiu o Gávea Angels, um dos primeiros grupos de investimento-anjo do Brasil. Recentemente fundou a butique de investimentos G2 Capital para continuar apostando em novas empresas de tecnologia (startups). É advogada, com pós-graduação em Marketing e especializações em empreendedorismo e inovação por Stanford e MIT. “No meu primeiro empreendimento totalmente montado com o meu capital voltado para alimentação saudável, eu fiz tudo errado. Só percebi quando estava tudo às moscas. Logo nas primeiras semanas fiz um conselho de clientes para saber o que estava errado e descobri que cometi equívocos desde a escolha de cores até a maneira de comunicar. Segui os feedbacks pertinentes e em pouco tempo tinha fila no meu estabelecimento. Se eu não tivesse tomado essa atitude de escutar o meu público, certamente eu teria entrado nas estatísticas de empresas que fecham com menos de um ano de atividades. Por toda minha carreira como executiva nesta área, sempre ouvi toda e qualquer manifestação das pessoas”, afirma a empreendedora.

Camila, empreender é um “esporte” de alto risco?

Se empreender estiver fazendo bem para a pessoa, então está em prática um “esporte saudável”. Se for um empreendedor em série, podemos chamá-lo de “maratonista”. (Risos!) Eu prefiro levar as coisas com leveza e bom humor porque tal como esporte no nosso cotidiano, empreender é um estilo de vida para pessoas que gostam de fazer acontecer. Mas nem todas gostam de correr riscos. É um perfil de empreendedor, aquele que gosta de segurança. Se no esporte temos gente que pratica Wing Walking, Bing Wave Surf e Base Jump que são considerados os três esportes mais perigosos do mundo, no empreendedorismo temos aqueles que gostam de correr riscos, explorar lugares com ações que nunca ninguém fez antes ou não querem apostar.

O que eu vejo em comum nas comparações das duas áreas – esporte e empreendedorismo – é que você tem que ter um preparo resultante de uma caminhada de muito aprendizado para poder ter manobras arriscadas. Pois, os resultados são proporcionais ao risco. No esporte pode-se pagar com a vida. No empreendedorismo, com uma perda financeira que pode ser irreparável. Mas quando o resultado é positivo, os ganhos compensam toda a tensão.

Como analisa o momento do empreendedorismo em nosso país?

Estamos em um dos melhores momentos da nossa história para empreender, um cenário de recessão que é quando as ideias – principalmente as inovadoras – encontram um terreno fértil para se desenvolverem. O contexto em que vivemos está exigindo que pessoas busquem soluções para problemas complexos, porque os fáceis todo mundo resolve. Até pouco tempo atrás a pessoa ia empreender com certo desânimo por necessidade em razão da perda de emprego e insucesso na recolocação do mercado e isso mudou completamente. Hoje se percebe uma geração de pessoas que empreendem porque querem. Prova disso são as palestras lotadas de gente interessada no tema e estudantes nas universidades que já falam em abrir o próprio negócio. Isso é muito empolgante!

Aos 16 anos, você fazia todas as funções na tabacaria de sua família. Como esse alicerce foi importante em sua vida profissional?

Foi extremamente importante porque a base que eu tive vivenciando os problemas reais de se empreender em um país como o nosso eu tive lá. Inclusive um dos maiores aprendizados: me propus a aumentar em 30% o faturamento da tabacaria em um determinado prazo. Se conseguisse, ganharia porcentagem da empresa. Consegui 26%, mas minha mãe resolveu me recompensar porque eu provei que eu tinha capacidade de “execução”. Essa palavra eu levo comigo até hoje e é a primeira coisa que observo ao analisar o negócio, quem está botando a mão na massa. Esse aprendizado fez eu trilhar o caminho também da educação empreendedora, compartilhando conhecimentos com as pessoas.

Vamos falar um pouco sobre a sua mãe. Ela é a peça central e a sua maior inspiração como mulher e como empreendedora?

Ela é o exemplo como mulher, empreendedora, mãe… A história que acabei de contar dela me dando porcentagem da empresa foi apenas uma das grandes lições que ela me ensina até hoje em pequenos atos. Perdi meu pai aos 4 anos e a força daquela mulher foi tão incrível que me inspiro nela para superar as dificuldades e seguir acreditando na vida. Ela é doce e gentil, mas firme. E nunca deixou a gente esquecer de onde viemos, mas também diz : “Sonhe alto e mantenha seu pé no chão”. Gratidão é algo indispensável na vida e nos negócios. Eu sou muito grata ao universo – sem medo de ser piegas – em ter uma mãe como a Dona Fátima e continuar vivendo e aprendendo com o seu convívio até hoje.

Como obter a excelência em um negócio?

Sendo excelente em todos os aspectos: organizacionais e pessoais.

Quais os principais pilares que devem rodear a vida de um empreendedor que queira obter sucesso em sua jornada?

Esteja confortável com o risco. Seja dinâmico e sedento por aprendizado, mas mantenha a humildade para entender que não tem todas as respostas.

Qual destes pilares foram os mais determinantes em sua jornada?

Os três sem dúvida.

Os negócios na área de alimentação sempre lhe rondaram de alguma forma. Quais os maiores aprendizados que obteve neste setor?

Sem dúvida foi escutar o cliente. No meu primeiro empreendimento totalmente montado com o meu capital voltado para alimentação saudável, eu fiz tudo errado. Só percebi quando estava tudo às moscas. Logo nas primeiras semanas fiz um conselho de clientes para saber o que estava errado e descobri que cometi equívocos desde a escolha de cores até a maneira de comunicar. Segui os feedbacks pertinentes e em pouco tempo tinha fila no meu estabelecimento. Se eu não tivesse tomado essa atitude de escutar o meu público, certamente eu teria entrado nas estatísticas de empresas que fecham com menos de um ano de atividades. Por toda minha carreira como executiva nesta área, sempre ouvi toda e qualquer manifestação das pessoas. Depois eu analisava com calma se aquilo era válido ou não.

Quais os maiores equívocos das pessoas sobre o papel do empreendedor em nossa sociedade?

Responderei essa pergunta falando pouco, mas dizendo tudo em apenas um equívoco: a de achar que empreendedor serve apenas para abrir negócios.

Você é uma investidora-anjo. Como você sente o faro de um negócio que tem um grande potencial para se estabelecer no mercado?

Eu faço uma triangulação de três fatores. O começo de tudo é quão grande é o problema, analiso que tipo de complexidade a pessoa está se propondo a resolver. Repito: complexo, de difícil resolução, pois, os fáceis há um exército de pessoas querendo resolver muitas vezes pensando apenas no financeiro. Depois levo em conta a escalabilidade dessa solução. Tem mercado? Se sim e for gigantesco, já começo a ficar alerta que tem negócio bom para investir na minha frente, mas falta ainda o terceiro fator decisivo para eu querer entrar como investidora: liderança. Analiso friamente quem está por trás do empreendimento, se tem perfil não apenas de líder, mas também saiba colocar a mão na massa e fazer acontecer. Quando esses três aspectos estão em harmonia, sinto que a startup pode bombar.

O que ainda tem da menina que aos 16 exercia todas as tarefas na tabacaria da mãe e que hoje tornou-se uma das mulheres de negócios mais admiradas e respeitadas do país?

Quando comecei a trabalhar com minha mãe, o caminho mais fácil era eu me acomodar no negócio da família. Mas não, eu quis ser protagonista da minha própria história, ter domínio sobre a minha vida e dona do meu próprio destino. E senti com o passar do tempo que tudo o que aprendi pode ser compartilhado para ajudar outras pessoas a serem protagonistas de suas histórias. E como tem história linda por aí! Quando dizem que se inspiram e me admiram bate uma sensação de realização, pois, nada melhor que escutar que seus exemplos motivam outras pessoas. Mas nunca esqueço de onde tudo começou e que vivo em um constante estágio de aprendizado.

Última atualização da matéria foi há 9 meses


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