Ronaldo Tenório, CEO e cofundador da Hand Talk, foi premiado como Empreendedor do Ano pela EY, empresa líder global em auditoria, impostos, transações e consultoria. O prêmio foi pelo reconhecimento de seu trabalho com sua SocialTech, na categoria Impacto Socioambiental. A startup é focada na inclusão da comunidade surda, com a missão de quebrar barreiras de comunicação entre pessoas surdas e ouvintes por meio da tecnologia. A 24ª edição da cerimônia do Prêmio Empreendedor do Ano ocorreu no dia 16 de fevereiro com transmissão online, e ao longo dos anos já homenageou mais de 300 brasileiros. A ideia para a criação da Hand Talk surgiu em 2008, durante um projeto de faculdade quando Ronaldo ainda estava estudando publicidade. Originalmente, o negócio consistia em um aplicativo tradutor de bolso de português para Libras (Língua Brasileira de Sinais), o que hoje é o Hand Talk App. Na época, o empreendedor viu a oportunidade de unir duas de suas paixões – a tecnologia e a comunicação – para resolver um problema global e ajudar milhões de pessoas. O projeto ficou guardado por quatro anos, até que tomou forma em 2012, quando Ronaldo se juntou a dois amigos, hoje seus sócios, Carlos Wanderlan (Analista de Sistemas) e Thadeu Luz (Arquiteto especialista em 3D). A startup cresceu, ganhou diversos prêmios e hoje é referência quando se fala de acessibilidade digital.
Ronaldo, o que a Hand Talk significa para você como empreendedor?
Para mim, a Hand Talk é a materialização de um legado que conseguimos deixar para o mundo.
Você acredita que a empresa é mais que um empreendimento?
Por meio de um negócio você consegue mudar a vida das pessoas. A Hand Talk é a prova disso. Não é a história do Ronaldo, do Tadeu e do Carlos, cofundadores, ou das setenta pessoas que trabalham aqui, mas a história de milhões de pessoas no Brasil e no mundo que foram impactadas pela nossa solução e que, de alguma forma, está contribuindo para que a vida de mais de 22 milhões de pessoas seja melhor.
A ideia surgiu em 2008. Qual foi o insight para o começo dessa empreitada?
A ideia para a criação da Hand Talk surgiu com um trabalho meu da faculdade. Com ele, eu vi a oportunidade de unir duas das minhas grandes paixões: a tecnologia e a comunicação. O projeto ficou guardado por alguns anos. Em 2012 me juntei aos meus sócios Carlos Wanderlan e Thadeu Luz para colocarmos a ideia em prática, começando pelo Hand Talk App.
O mercado da comunicação trata as pessoas com deficiência de modo satisfatório?
Não, está longe disso. Pelo fato das pessoas desconhecerem a acessibilidade e não sentirem a dor das pessoas com deficiência, muitas vezes os recursos não são colocados para este público. Por sua vez, pessoas com deficiência carecem de comunicação acessível. Acredito que este jogo está começando a mudar tendo em vista que os temas de inclusão, diversidade e acessibilidade são cada vez mais debatidos, assim como ESG. Ainda há muito espaço para as organizações serem mais acessíveis.
Quais as lacunas que a Hand Talk está suprindo em sua visão?
A Hand Talk está ajudando a quebrar uma barreira de comunicação que existe entre surdos e ouvintes. As organizações precisam se comunicar com este público, pois, é um público que quer ser cliente, quer consumir dessas empresas, mas há uma barreira gigantesca. Os surdos, por sua vez, precisam ter acesso a este conteúdo. A acessibilidade digital ainda tem muitos problemas para com as pessoas com deficiência. A Hand Talk está auxiliando através do Hugo e da Maya a poderem conectar essas pessoas.
Quais os pilares da startup?
Primeiro: ser acessível é cumprir uma lei. Existe uma lei brasileira de inclusão que obriga sites a terem acessibilidade. Segundo: ser acessível é uma oportunidade de trazer inovação para o seu negócio. A Hand Talk é uma ferramenta super premiada, inovadora, que utiliza Inteligência Artificial e foi reconhecida no Brasil e no mundo pelo trabalho que vem sendo desenvolvido e trazer um plugin inovador é um diferencial competitivo também.
Terceiro: responsabilidade social. Hoje se fala em ESG e acessibilidade. Ser acessível deixa de ser filantropia para ser uma oportunidade. Hoje as empresas perceberam que havia um público que queria consumir delas. Então a acessibilidade surge como algo inovador e, ao mesmo tempo, algo que cumpre a lei. Isso faz essa “conta fechar” e gera mais oportunidades às organizações.
Incluir uma comunidade em torno de uma proposta requer quais tipos de esforços?
A gente criou um movimento chamado “Site Amigo do Surdo”, que gira em torno de tornar os sites mais acessíveis para a comunidade surda. Acredito que é necessário a criação de uma rede de engajamento e que tenham players que sejam exemplo para a sociedade. Por exemplo, uma vez que fechamos com o Magazine Luiza, grande parte dos e-commerces do Brasil vieram procurar a Hand Talk para serem acessíveis também. Fechamos com o Vagas.com, a Catho e várias outras organizações entraram neste movimento.
Acredito que a gente precisa criar articulações com grandes players para eles influenciarem os outros e gerarem um efeito dominó. Quem fica de fora percebe que está se isolando de um movimento que está sendo criado em prol de algo que não tem mais volta. Quando você assume o compromisso, deixar de ser acessível é um retrocesso. Este é o ponto chave para a criação desta rede para gerar mais oportunidades em torno de um movimento e da acessibilidade digital.
E quais as barreiras devem ser superadas?
A barreira do desentendimento de que a acessibilidade é oportunidade para todos e não filantropia. Você não está ajudando só o surdo, mas ajudando a sua empresa também. Uma vez que você abre as portas para este público, se consegue trazer oportunidades para o seu negócio, como uma organização que quer ter o site acessível, por exemplo. A acessibilidade está muito ligada à pessoa com deficiência, mas não necessariamente, ser acessível é somente focar em pessoas com deficiência. Ser acessível é tornar o conteúdo, informação e espaço mais prático e fácil para que a experiência das pessoas seja melhor, por exemplo. Muitas vezes observamos rampas de acessibilidade e pensamos que ela foi feita só para cadeirantes. Mas se você estiver com um carrinho de bebê ou uma mala, você utilizará a mesma rampa que foi construída inicialmente com o pensamento de servir os cadeirantes. No mundo digital é a mesma coisa, tornar o conteúdo mais simples e acessível vai ajudar não só as pessoas com deficiência, mas também outros públicos.
Fale um pouco mais sobre o Hand Talk App.
O Hand Talk App funciona como um tradutor de bolso, traduzindo texto e voz automaticamente para Libras e ASL (Língua Americana de Sinais), com a ajuda de nossos tradutores virtuais, Hugo e Maya. O app também possui uma seção educativa Hugo Ensina – uma série de vídeos que ensinam sinais e expressões em Libras para os interessados na língua. Hoje, o app já tem mais de 5 milhões de downloads.
Qual o grande diferencial desse produto?
É importante deixar claro que hoje a Hand Talk oferece duas soluções. Uma é o aplicativo, que é uma espécie de Google Tradutor para língua de sinais, uma ferramenta que faz traduções automáticas de fala e escrita. Existem vários recursos dentro do app que auxiliam no aprendizado das primeiras palavras de LIBRAS e ASL (língua americana de sinais), como o dicionário, aulas com o Hugo (tradutor virtual) e outras ferramentas para complementar esse aprendizado. O plugin é uma ferramenta de acessibilidade para os sites. É um botão que após acionado faz a tradução do site para língua de sinais.
O aplicativo é o mais conhecido do mundo nesta categoria. Possui mais de 5 milhões de downloads e foi super premiado, inclusive pela ONU, como melhor aplicativo social do mundo, em 2013. O plugin também utiliza o mesmo recurso de tradução do aplicativo, com o uso de Inteligência Artificial. É a ferramenta mais avançada em tradução automática e que vem tornando mais de 800 sites de grandes empresas acessíveis só no Brasil.
O que significa para você o prêmio de empreendedor do ano oferecido pela EY?
Receber o prêmio da EY foi muito marcante para todos nós da Hand Talk. Primeiro pelo fato do processo ter sido minucioso e termos feito várias entrevistas. O júri foi composto por empreendedores que já foram premiados pela EY. Este crivo foi muito importante para nós. Além de que a gente sempre olha essas premiações como sendo mais uma organização e mais pessoas acreditando no nosso trabalho. Isso faz com que a gente siga em frente e continue fazendo a diferença, assim como temos feito nos últimos anos. Foi muito gratificante, principalmente depois dos dois últimos anos que foram muito difíceis por conta da pandemia. Isso fez com que a gente continuasse acreditando que estamos no caminho certo e que nosso trabalho está sendo bem avaliado por pessoas que tem muita experiência no empreendedorismo. Tudo isso me deixou satisfeito e emocionado no momento da conquista desse prêmio.
Eder Fonseca é o publisher do Panorama Mercantil. Além de seu conteúdo original, o Panorama Mercantil oferece uma variedade de seções e recursos adicionais para enriquecer a experiência de seus leitores. Desde análises aprofundadas até cobertura de eventos e notícias agregadas de outros veículos em tempo real, o portal continua a fornecer uma visão abrangente e informada do mundo ao redor. Convidamos você a se juntar a nós nesta emocionante jornada informativa.
A Guerra do Contestado (1912–1916) é um dos episódios mais significativos e complexos da história…
Poucos criadores na história da televisão podem reivindicar um impacto cultural tão duradouro quanto Marta…
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) é um marco na história…
A presença feminina na política sempre foi marcada por desafios históricos, sociais e culturais. Durante…
O fim de Nicolae Ceaușescu, o ditador que governou a Romênia com punhos de ferro…
A confiança na Polícia Militar (PM) brasileira tem sido um tema de intenso debate nos…