César Souza é presidente e fundador do Grupo Empreenda® e do EdE-Espaço do Empreendedor. É considerado um dos maiores experts brasileiros em Estratégia, Liderança e Gestão, Cultura da Clientividade e Empreendedorismo. Tem ampla experiência no Brasil e exterior, inclusive com residência nos EUA e em Portugal. Em 1992, o World Economic Forum o nomeou como um dos “200 Global Leaders for Tomorrow”. É autor de diversos best-sellers, que figuram em várias listas na categoria Negócios (tendo vendido mais de 400 mil exemplares nos últimos 5 anos). Dentre eles estão: “Você é o Líder da sua Vida”, “Você é do Tamanho dos seus Sonhos”, “A NeoEmpresa”, o provocativo “Clientividade®: Como oferecer o que o seu cliente quer” e o recém-lançado “Jogue a Seu Favor: Vire a Sorte Trabalhando por Conta Própria”. Criador dos inovadores conceitos e programas de Clientividade, Reflexão Estratégica, Team Business (em vez do tradicional Team Buinding) e do Líderes em Ação, César Souza foi apontado pela revista Exame e pelo jornal O Globo como um dos palestrantes mais requisitados do Brasil e, desde 2010, vem sendo indicado como um dos 5 “Palestrantes do Ano”. A revista Você RH o listou como um dos 8 entre os melhores experts mundiais em gestão de pessoas. É idealizador e protagonista da Série “Líderes em Ação” na ManagemenTV da HSM, a primeira série sobre liderança na Televisão Brasileira.
César, o que é necessário para as empresas triunfarem num mundo altamente conectado como o atual?
Será necessária uma profunda transformação no modelo de negócios e no modelo de gestão. As empresas ainda não aprenderam a trabalhar em um mundo altamente conectado, interdependente. Precisam praticar atitudes mais colaborativas, num ambiente em que fazem parte de um ecossistema integrado com prestadores de serviços, fornecedores, distribuidores, revendedores e comunidades onde operam. Precisam aprender a desempenhar um papel de articuladora, de integrador de soluções, como uma plataforma que une de um lado fornecedores aos clientes que precisam ter suas necessidades atendidas. Assim, mesmo que não seja tecnológica, uma empresa precisa se ver como uma “plataforma” de integração de necessidades com ofertas. Terceirizar serviços e fazer outsourcing de recursos será uma das competências centrais na “Economia do Compartilhamento e do Acesso”, muito diferente da “Filosofia da Posse” de ativos e recursos que tínhamos no passado.
O que você considera ser uma gestão de pessoas ideal para os novos tempos?
Ideal, não sei, mas a mais adequada para o momento exige maior grau de investimento nas pessoas, capacidade de mobilizá-las através de um propósito e de valores. Não é mais adequado inspirar pessoas pela hierarquia ou pelo carisma. O que conta são os valores, como integridade, transparência e respeito. Além do propósito e valores, fundamental na gestão de pessoas é o investimento no desenvolvimento das equipes e em cultivar um clima onde prevaleça o espírito de colaboração, meritocracia e inovação.
Estamos com carência de líderes?
Sim, vivemos um verdadeiro “Apagão de Liderança”, expressão que premonitoriamente cunhei há uns cinco anos. No mundo político basta olhar ao redor. Em todo o mundo, notamos líderes desorientados, incapazes de construírem um senso de propósito comum nos seus países e comunidades. No mundo educacional, nas famílias, nas comunidades, há uma grande escassez de líderes. No mundo empresarial chega a ser gritante. Em enquete que realizei no final do ano passado, cerca de 78% dos presidentes de 150 empresas revelaram que não possuem líderes. Isso tanto em quantidade, como em qualidade para executar a estratégia de suas empresas nos próximos cinco anos. Agora essa situação se agravou, pois, vemos que líderes que brilhavam em uma época de abundância parecem perdidos nesse momento de escassez de recursos. Outros líderes, muito participativos e simpáticos, que eram admirados há alguns meses, são considerados hoje como complacentes porque não conseguem tomar as decisões corajosas que precisam tomar e não conseguem fazer as coisas na velocidade que o momento exige. Sucessão continua sendo o “calcanhar de Aquiles” na maioria das empresas, especialmente nas empresas familiares que não resistem ao desaparecimento do fundador.
Como nasce um líder?
A gente não nasce líder, a gente aprende a ser líder. E a melhor forma de desenvolver líderes é na relação líder-liderado, que começa em casa, depois na escola e na comunidade e finalmente no trabalho. O líder molda seu estilo e suas crenças a partir do que observa, convive e aprende com pais, professores, amigos, formadores de opinião, figuras públicas, vizinhos e em uma empresa. Importante é cada um descobrir o líder que tem dentro de si e desenvolver o seu estilo próprio e situacional capaz de atuar em diferentes tipos de circunstâncias.
Qual a diferença sutil entre um líder e um engodo?
O divisor de águas é a coerência entre o que a pessoa diz e o que faz. A legitimidade vem quando há grande coerência. O engodo aparece quando há discrepância e a pessoa joga para a plateia.
Em que países a Cultura da Clientividade está mais sólida?
Não existe um país. Existem empresas aonde a Clientividade é praticada mais intensamente do que outras. No Brasil, Magalu é um exemplo. Nos EUA e no mundo, a Apple. A Clientividade ocorre quando colocamos o cliente no centro do nosso modelo mental, das nossas decisões, do nosso coração. Cada empresa tem um certo grau de clientividade. Precisam aumentar muito essa capacidade de colocar o cliente no centro de tudo.
Que fatores são necessários para implantar essa cultura?
Líderes inspiradores que acreditem na Arte de Servir. Muito treinamento. Paixão pelo que faz. Respeito pelo outro.
Este momento é favorável para empreendedores de modo geral ou cautela seria a tônica daqui em diante?
Depende do negócio. Tem negócios que possuem enormes oportunidades pela frente e empreendedores com boa dose de intuição, de informação e capacidade de perceber as “dores” de certo nicho de clientes podem ter grande sucesso. Em outros negócios, melhor cautela é consolidar a posição junto aos clientes já conquistados, gerenciar o caixa internamente, manter-se saudável e líquido. Ou seja, depende do negócio, mas os mais bem-sucedidos serão aqueles que souberem se reinventar e inovar para atender aquilo que os clientes de fato valorizam.
Empreender como funcionário é possível em meio a tantas incertezas?
Sim, o intraempreendedorismo é bastante possível, mas a curto prazo a ênfase vai ser no aumento da eficiência operacional, gestão de riscos e garantir o equilíbrio eco-financeiro das empresas. Mas alerto que empreendedorismo não é sinônimo de CNPJ. Empreendedorismo é um estado de espírito. Posso ser um bom empreendedor pilotando um projeto de redução e custos dentro da minha empresa. Ou mudando os processos e sistemas dentro de uma unidade. Um gerente de projetos é um empreendedor interno.
O que é essencial para empresários no cenário turbulento em que estamos inseridos?
Um conjunto de atitudes: Protagonismo, Inovação, Foco, Coragem, Senso de Prioridade, Determinação, Perseverança, Solidariedade, Compaixão e Amor.
Como avalia a conjuntura no pós-Covid-19?
A história contemporânea vai ser dividida em dois momentos: ACV e DCV – Antes do Coronavírus e Depois do Coronavírus. Acho que a letra da música “Como uma Onda” do Lulu Santos retrata bem esse período: “Nada do que foi será”. Nada será como antes. Esse é o Hino do Pós-Covid. Falam no “Novo normal”, para mim, viveremos um “Novo (A) Normal”. A única certeza que tenho é que será muito diferente do mundo que conhecíamos. Estamos defronte da possibilidade de sermos coautores e de escrevermos uma nova página na história das empresas, da nossa carreira, das nossas famílias, uma nova página na história da humanidade!
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