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Christian Barbosa fala sobre o ócio criativo

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Christian Barbosa é empresário, bacharel em Ciências da Computação e investidor-anjo. É considerado o maior especialista em produtividade no Brasil, além de ser autor de 6 livros best-sellers. Apaixonado por produtividade e alta performance, oferece uma solução prática e mensurável, para quem deseja uma vida mais equilibrada e resultados consistentes. Há mais de uma década desenvolve uma série de pesquisas que transformaram o método Tríade em referência de produtividade para as maiores empresas globais. No seu livro “A Tríade do Tempo”, essas esferas são divididas em urgente, importante e circunstancial – e que o equilíbrio dessas categorias está diretamente relacionado à nossa qualidade de vida. Para manter a harmonia na Tríade composta por família, trabalho e lazer, o autor faz você repensar como tem distribuído seu tempo e o ajuda a ter melhores resultados nessas três esferas. Este livro apresenta uma inovadora metodologia de gestão de tempo, fruto de pesquisas e estudos com milhares de pessoas sobre os atuais problemas de produtividade e organização pessoal. O resultado é uma ferramenta simples e totalmente adaptada aos dias de hoje. A prática dessa metodologia, já testada e aprovada por milhões de pessoas, vai permitir que você encontre um modelo para respirar entre uma tarefa e outra e consiga se dedicar ao que é realmente importante para sua vida.

Christian, qual o maior vilão que “come” a produtividade nos tempos atuais?

Acho que o maior vilão (se a gente for colocar um) se chama informação. O vilão da informação que chega através do WhatsApp, que chega através das redes sociais, que chega através de e-mails e outras fontes, ele está consumindo o tempo das pessoas hoje porque é excessivo, tem demais, e a gente não consegue fazer bons filtros. Quando a gente vê está se perdendo completamente nesse volume de informações que estão chegando todo tempo pra gente. Então, obviamente se a gente parar para pensar hoje (para você ter uma ideia), o que você absorve na leitura de um jornal em único dia, é o mesmo volume de informações que um habitante na Inglaterra no século XIX teria em toda sua existência. É um jornal por uma existência! Temos informação demais e sem filtro perdemos muito tempo com isso e esse tempo consome a nossa glicose, consume o nosso poder de cognição, e quando a gente vê a gente está perdendo o nosso resultado.

Num mundo com tantas opções e distrações, como gerenciar o tempo de uma forma correta?

Temos que parar para pensar naquilo que é importante para gente não é verdade? Se você não tem clareza do que você quer, você simplesmente fica perdido. Quando falo clareza, muitas vezes elas (pessoas) pensam na vida, e pensar na vida hoje é difícil demais, porque a vida está mudando muito com tanta coisa que está surgindo. Quando falo de ter clareza falo: “pra esse trimestre, o que vou aprender? O que quero focar? O que eu preciso ganhar? O que eu preciso parar de fazer?”. Isso ajuda a gente a tirar um pouco dessas distrações, diminuir o volume de opções e a partir daí começar a colocar o nosso tempo nas coisas certas.

Qual a sua análise a respeito da teoria do ócio criativo do italiano Domenico de Masi?

Em primeiro lugar, muita gente me pergunta se classifico o ócio criativo como circunstancial na classificação da Tríade do Tempo que são o importante, o urgente e o circunstancial. E muito pelo contrário, o ócio criativo é importante. É aquele tempo que você para pra literalmente fazer nada, mas é o momento onde você descobre coisas. Às vezes você faz uma autoanálise para descobrir o que é importante para você, por exemplo, para fazer uma leitura, para se desenvolver, pra você curtir, pra jogar um tênis, para ir para um esporte, pra ir para uma praia, pra ficar com sua família, pra ficar com os seus amigos ou simplesmente ficar com você mesmo vendo uma série que você quiser. A gente precisa ter esse ócio criativo, essa pausa, esse momento só pra gente e aí você complementa do jeito que você quiser, mas você precisa entender que é vital! A minha análise é que é fundamental para as pessoas serem produtivas.

As empresas têm algum tipo de problema na hora de colocar as suas prioridades no papel?

Esse é um dos piores problemas. A gente tem muitos líderes que mudam a prioridade da empresa e da estratégia da empresa conforme o seu bel-prazer. Ou seja, hoje ele acordou pra pegar no pé de alguém, então ele muda completamente as prioridades e acha que aquilo é o certo. As empresas hoje acabam tendo problema de execução e a liderança não consegue entregar os resultados que precisa porque elas não têm clareza de prioridade e do que tem que ser feito. E aí tem todo um processo sobre isso. Quando eu fazia consultoria para grandes empresas, fazíamos o que eu chamava de pirâmide de alinhamento de prioridades, onde a gente cascateava isso da alta direção até o pessoal que era estagiário da empresa.

Quando o senso de urgência pode “matar” o gerenciamento de tempo?

Essa é uma definição interessante. As pessoas têm que ter esse senso de urgência (que elas precisam ir lá, fazer no momento certo e aproveitar a oportunidade). Chamo isso de senso de importância, ou seja, você aproveitar a oportunidade que apareceu nesse momento. É você estar preparado para alguma coisa que você tem oportunidade de fazer diferente, de ter mais resultados, isso é fundamental. O que eu não gosto é do urgente, da correria, da pressa, do stress, daquela loucura que deixa as pessoas trabalhando duro demais. A gente tem que parar de trabalhar duro e começar a trabalhar no que é importante. Sou totalmente contra o senso de urgência. Eu sou a favor do senso de importância, já que é isso que faz a gente ter resultados com equilíbrio.

Quais os principais pilares de um gerenciamento de tempo eficaz?

Na Metodologia Tríade, eu defino cinco pilares: 1 – Identidade. Saber aquilo que é importante e estar alinhado para aquilo que é prioritário; 2 – Definir para onde você vai através das metas e indicadores (isso é fundamental para você sair do lugar); 3 – É você aprender a planejar. As pessoas planejam errado e por planejar errado não conseguem ter tempo; 4 – Organização e automação. Isso significa manter o seu ambiente de trabalho e de vida organizado e, ao mesmo tempo, automatizar ao máximo as suas tarefas usando tecnologia e inteligência artificial; 5 – Execução. É você no dia a dia aprender a priorizar, aprender a focar, aprender a dizer não, aprender a lidar com as urgências que aparecerem e fazer o planejamento acontecer. Esses são os cinco pilares.

Uma empresa home-based pode ser uma solução para a produtividade num século mutável como o nosso?

Quando a gente fala em home-based ou home office, mesmo os funcionários e empresas que estão trabalhando de casa, acho que isso é uma tendência de mercado. Com o trânsito caótico das cidades, se você quiser reter talentos, esse talento não precisa estar mais fisicamente num ambiente para conseguir ser um talento. Acredito muito que a reunião virtual e as tecnologias que a gente tem hoje, dão 100% conta daquilo que a gente precisa e a gente pode estar fazendo na nossa rotina de trabalho. Eu sempre brinco com isso: se não vai me cheirar, não vai me agarrar e não vai me beijar, a reunião pode ser virtual que dá o mesmo resultado. Temos que parar para repensar isso e eu acho que empresas home-baseds são um bom começo, só que vai chegar uma hora que elas vão ganhar volume e aí elas vão precisar sair desse espaço.

Quais os riscos do trabalho home office na hora de gerenciar o tempo profissional e pessoal?

Os riscos são se a pessoa não tem o perfil de home office. Tive a oportunidade de implementar vários projetos de home office em grandes empresas do país e uma das coisas que via é que as pessoas queriam forçar o home office para funcionários que não tinham o perfil. Quando eu falo de não ter o perfil, por exemplo, a casa dele não tem o espaço para ele trabalhar e ele trabalha na mesa da cozinha. O que acaba acontecendo é que ele fica com dor nas costas, ele cansa mais rápido, fica improdutivo, não rende o que poderia render numa mesa adequada e numa cadeira adequada no trabalho. Iluminação, ambiente livre de barulhos, qualidade de internet, enfim, fora as distrações de casa… A pessoa tem que ter o perfil para trabalhar com home office. Nem todo mundo tem perfil, e se ele não tem o perfil, não tem nada de errado ele trabalhar no escritório. Os riscos do trabalho home office é ele não ter o perfil e aí ele confunde as coisas, se distrai, toda hora quer comer, toda hora faz interrupções, não consegue focar no que precisa fazer. É um treino!

O equilíbrio físico, mental, emocional e espiritual, também são fundamentais na hora de se ter uma alta performance?

Sem dúvida! Esses quatro elementos formam a nossa capacidade de ter energia, de ter vitalidade e de fazer o nosso dia render. A gente precisa aprender a planejar, precisa aprender obviamente a organizar os nossos horários, nosso dia a dia, nossas atividades, mas se a gente não tiver disposição, saúde e uma tranquilidade emocional, física, espiritual e mental para conseguirmos performar bem, a gente vai performar pior do que poderíamos. Então, a gente tem que todo dia buscar o seguinte: como eu posso ser um pouco melhor na minha energia? E não existe aquela frase que esses babacas motivacionais falam tipo “você tem que sempre estar na sua melhor performance”. O general americano Colin Powell, falou uma coisa que eu gosto muito: “só os medíocres estão sempre na sua melhor performance”. É uma verdade.

Você não consegue ter sempre a melhor performance. Você aprende como melhorar a sua performance e aí você acaba fazendo com que isso seja uma evolução consistente e constante do nosso dia a dia. Existem momentos que você vai estar pior… e existem momentos que você vai saber o que fazer para melhorar e aí você vai melhorar um pouquinho.

Existe procrastinação boa?

Existe. A procrastinação é natural do ser humano. Ninguém elimina a procrastinação. Não tem aquela coisa “vou cancelar minha procrastinação”, isso é uma mentira, não dá pra fazer isso. O que existe é o seguinte: tem a procrastinação que te prejudica, aquela que impede você de ter os resultados e o equilíbrio que você precisa; e você tem a procrastinação que você escolhe o melhor momento de realizar a tarefa. Essa é a boa. Você chega de manhã e diz que está super cansado e que não está no seu melhor nível de energia, porém, você tem tempo para essa tarefa e ainda pode adiar essa tarefa para amanhã sem nenhum tipo de prejuízo para a atividade. Isso é a procrastinação positiva.

Como ter mais foco e persistência para se concentrar no que é importante?

Acho que quando a gente realmente sabe o que importante e coloca isso na cabeça, ajuda demais a termos foco naquilo que precisamos. Eu quando vou começar a trabalhar eu penso o seguinte: cara, o que eu quero obter na minha semana? O que eu quero ganhar nessa semana? Talvez é um ganho em desenvolvimento pessoal, às vezes é ganhar um cliente novo, às vezes é ganhar alguma questão financeira, às vezes é ganhar uma parte maior de lazer ou de saúde, enfim, a gente precisa pensar sempre naquilo que é fundamental para gente, já que isso dá um autoengajamento. A motivação tem que ser interna, não dá pra gente se motivar por fatores externos. A gente tem que buscar na gente o que faz a gente ser motivado, porque esse motivo leva a gente a ter foco. Obviamente ajuda a gente ter persistência para alcançar os nossos objetivos. É entender o que é importante, ter um plano muito bem alinhado pra isso, saber que vão ter momentos que você vai estar melhor e momentos que você vai estar pior, e que isso faz parte da jornada. É isso que ajuda você a ter tempo.


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