Ricardo Mansur, empresário amplamente conhecido nos anos 90, foi o protagonista de uma história notável, mas por razões não tão positivas. A sua trajetória está intrinsecamente ligada ao declínio de dois impérios no varejo nacional, o Mappin e a Mesbla. Os empreendimentos que já foram sinônimo de sucesso e prosperidade enfrentaram uma queda catastrófica, deixando uma marca indelével na história do comércio brasileiro.
O Mappin, em 1995, ainda era a única loja de departamentos completa do Brasil, oferecendo mais de 85 mil itens distribuídos em diversas seções, como Eletrodomésticos, Eletrônicos, Eletro-portáteis, Confecções, Móveis, Esportes, Lazer, Bazar e Cama/Mesa/Banho. No entanto, todos esses investimentos acabaram trazendo prejuízos substanciais, totalizando quase 20 milhões de reais, o que sinalizou um grande passo em direção à venda da empresa, que ocorreu no ano seguinte.
Em 1996, o Mappin passou pelo seu momento mais difícil, com um aumento no prejuízo registrado no Balanço Financeiro, levando ao fechamento da loja e demissões em massa. Diante da situação desesperadora, na tentativa final de salvar o Mappin, aceitou a proposta do investidor Ricardo Mansur, conhecido por recuperar empresas, e vendeu a loja para o mesmo.
Ricardo Mansur, por sua vez, tinha um plano aparentemente perfeito, contando até mesmo com o aval do presidente do Bradesco (que depois foi caluniado em e-mails pelo amante e praticante do jogo de polo), presente na assinatura do Contrato de Venda. No entanto, as estratégias para salvar a loja não deram certo. Mansur perdeu mais dinheiro do que quando entrou no negócio. Suas empresas entraram em processo de liquidação.
No início de 1999, a real situação do Mappin veio a público, revelando a péssima situação financeira da empresa, que passou a atrasar os pagamentos de fornecedores. Os meses seguintes marcaram o fechamento das lojas São Bento e São João.
Em 29 de julho de 1999, o Mappin encerrou suas atividades, após 86 anos de sua fundação, com uma dívida de 1,2 bilhão de reais. Ricardo Mansur, após essa debacle, fugiu com o dinheiro do caixa do Mappin, dando calote na praça e, principalmente, nos funcionários, que não receberam seus direitos trabalhistas.
Além do Mappin, a Mesbla também estava nas mãos de Mansur. Em 1997, com dívidas superiores a um bilhão de reais, a Mesbla pediu concordata. Nove meses antes, Mansur havia comprado as lojas do Mappin, com a intenção de fundir as duas empresas, torná-las rentáveis e revendê-las com lucro.
No entanto, o empresário polêmico, conhecido pelo seu estilo agressivo e gosto pela ostentação, enfrentou desafios intransponíveis. A falta de dinheiro no caixa era mais grave do que se pensava, com atrasos crônicos no pagamento de fornecedores. Pedidos de falência e ameaças de despejo se acumularam em todos os shoppings onde as lojas exibiam suas marcas.
Mansur tentou usar seu prestígio político e a pressão dos funcionários da Mesbla e do Mappin, por meio de passeatas, para conseguir dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um banco público. Ao mesmo tempo, buscava grupos estrangeiros interessados em adquirir as lojas. Sua credibilidade, no entanto, foi abalada quando começou a divulgar informações falsas para concretizar o negócio.
Paralelamente, a administração de seu banco (Crefisul) passou a ser investigada, revelando práticas fraudulentas que resultaram na sua liquidação. Mansur foi preso e teve seus bens bloqueados. A situação piorou quando sua ex-mulher pediu sua prisão por falta de pagamento de pensão alimentícia.
Diante de tantos problemas, Mansur se desinteressou da sorte da Mesbla e do Mappin. Voou para Londres e nunca mais voltou ao Brasil. A falência de ambas as empresas foi decretada em julho de 1999. Após a decretação da falência, Mansur colocou seu estoque em promoção para pagar os salários dos 750 funcionários que a empresa tinha na época. As ordens de despejo foram executadas, levando ao fechamento das lojas em diversos shoppings e, em 24 de agosto de 1999, a última loja da Mesbla fechou suas portas.
Atualmente, Ricardo Mansur cumpre prisão domiciliar em sua residência na capital paulista (às vezes em Bragança Paulista). Sônia Cosette Domit Alves, a antiga proprietária da Mesbla, reside nos Estados Unidos e recebeu o dinheiro da venda da empresa. A história de Ricardo Mansur, do Mappin e da Mesbla é um exemplo marcante de como as ambições empresariais e estratégias inadequadas podem levar à queda de impérios históricos no mundo dos negócios.
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