Daiane Andognini é formada em Psicologia pela Unisul com especialização em Negócios e Comportamento, atuando há 20 anos com gestão de pessoas. Com passagens por Ambev e ContaAzul, fundou em 2016 a HUG, consultoria de gestão de talentos e desenvolvimento de cultura e liderança, da qual é CEO. Com formação em Coaching pelo IBC, Comportamento de Grupo pela SBDG e MBA em Gestão Empresarial pela FGV, atua como mentora em Liderança e Gestão de Talentos pela ACE e Google Launchpad e é professora de Gestão de Pessoas na Cesusc. Fundada em 2016 em Florianópolis (SC), a HUG é uma consultoria de gestão de pessoas que ajuda startups e empresas de tecnologia a criarem uma estrutura escalável em gestão de talentos. Atua também no desenvolvimento da cultura e dos líderes para elevar a startup a outro nível de negócios. Com clientes por todo Brasil, desenvolveu projetos em empresas como a MaxMilhas, Studio Sol, Way2 Hiper e SocialBase, e conta com uma metodologia de sucesso, baseada no entendimento das dores e expectativas da empresa, em um processo de cocriação com colaboradores e lideranças para que todos participem da definição e execução do que será o futuro da organização. “As necessidades das empresas mudaram, principalmente em temas como prioridade à saúde mental, trabalho remoto, motivação da equipe, performance… então o nosso trabalho tem sido para atender a essas novas demandas”, afirma a CEO.
A pandemia do coronavírus colocou as pessoas no centro das atenções. Julga que essa é uma preocupação que veio para ficar ou que acaba assim que a Covid-19 for controlada?
Sim, veio para ficar. As empresas estão aperfeiçoando suas estratégias de retenção e desenvolvimento dos times e a questão da saúde mental converge com isso. Percebo que o feedback dos colaboradores em relação ao apoio emocional foi positivo, contribuiu para agregar uma visão positiva da empresa e sua preocupação com pessoas.
Qual o primeiro passo que as empresas devem dar para incluir esse cuidado em sua gestão de pessoas?
Antes de qualquer iniciativa específica para a questão mental, as empresas precisam criar uma reflexão sobre como estão fazendo a sua gestão de pessoas. É importante que, quando a empresa criar algum tipo de cuidado em relação à saúde, exista uma coerência entre a cultura da empresa e as estratégias que serão usadas para que as pessoas se sintam bem. Percebemos que houve uma desconfiguração da maneira de trabalhar durante a pandemia e passamos a fazer as coisas de um jeito diferente. E isso terá reflexo em como as pessoas se sentirão.
Como avaliar a saúde mental de um colaborador?
Apenas os profissionais capacitados, como médicos psiquiatras e psicólogos, têm condições de avaliar a saúde mental das pessoas. Mas, dentro da empresa, podemos ficar atentos ao tema. Quando você identificar alguma dificuldade do colaborador em relação ao trabalho, o primeiro passo é conversar com ele para entender o que está acontecendo e, se necessário, encaminhá-lo a um profissional especializado para cuidar do caso com segurança. Mudanças de comportamento sem causas aparentes costumam ser sinais de alerta.
Que iniciativas as empresas podem fazer para ajudar a manter sãos seus colaboradores?
As empresas têm disponibilizado profissionais de saúde mental para atendimento dos colaboradores, seja através de novos benefícios ou pelo plano de saúde empresarial. Dependendo do caso, a área de gestão de pessoas também faz um acompanhamento do profissional, no sentido de fornecer suporte para eventuais necessidades. Oficinas de meditação, gerenciamento do estresse, gestão do tempo e produtividade também são ações adotadas que colaboram para um melhor bem-estar mental. Uma das primeiras coisas que a empresa pode fazer é criar um canal para as pessoas falarem como estão se sentindo. Essa ação simples já entrega valor.
Algumas empresas estão investindo em espaços de descompressão para seus colaboradores. Até que ponto esses espaços são bons e que prevenções devem ser tomadas para não transformar a empresa em um verdadeiro caos?
As empresas constroem esses espaços como forma de criar um ambiente de trabalho mais leve e prazeroso. Em alguns casos, o espaço de descompressão por vezes se transforma em um local diferente para reuniões do dia a dia. Geralmente, o caos é instalado nas empresas quando uma situação desagradável se repete ou são negligenciadas. No caso do uso indevido dos ambientes de trabalhos disponíveis, o ideal é que seja conversado com o profissional que apresenta este comportamento inadequado para que o seu exemplo, não seja seguido pelos demais.
A saúde mental de um profissional tem influência financeira em uma empresa?
Diversas pesquisas apontam os benefícios econômicos dessa preocupação. A OMS, por exemplo, calculou que a depressão e a ansiedade causam uma perda de aproximadamente US$1 trilhão na economia mundial por ano. Por outro lado, a mesma pesquisa afirma que, para cada US$1 investido na saúde e bem-estar mental dos colaboradores, US$ 4 são percebidos em ganhos com o aumento da produtividade. Esses dados nos ajudam a mostrar a importância disso para as empresas e profissionais como um todo. Além do cuidado com o ser humano, essa também é uma questão financeira.
Como a HUG tem passado por todo esse período de pandemia?
Temos ressignificado nosso papel nesse período. As necessidades das empresas mudaram, principalmente em temas como prioridade à saúde mental, trabalho remoto, motivação da equipe, performance… então o nosso trabalho tem sido para atender a essas novas demandas. Diferente do início da pandemia, não acreditamos mais que essas demandas serão pontuais e desaparecerão: elas vieram para ficar. Entendemos que essas demandas são permanentes e o nosso desafio é conseguir ajudar as lideranças a ter mais segurança nas decisões que eles tomam sabendo que o formato e modelo de trabalho mudaram.
É mais desafiador implementar uma cultura em momentos turbulentos?
Criar, desenvolver ou fortalecer uma cultura é desafiador em qualquer momento da empresa, porque precisamos mobilizar as pessoas para um propósito. O mais desafiador nos momentos turbulentos é conseguir encontrar um propósito e criar artefatos suficientes que façam as pessoas se engajarem com aquilo. E isso passa por ter uma liderança que consiga comunicar e engajar as pessoas nesse propósito. Então o mais desafiador é fazer com que a cultura da empresa tenha significado independentemente do momento que ela esteja vivendo. Empresas com uma cultura forte tendem a passar por momentos turbulentos com uma estabilidade e segurança maior.
As expectativas das empresas têm sido revistas durante a pandemia?
Elas têm sido sim revistas. Lideranças estão aprendendo a como trabalhar com a equipe remota, empresas estão aprendendo a criar políticas e fazer a gestão de pessoas que não estão mais 100% presenciais – e muitas delas não definiram ainda qual vai ser o modelo de trabalho adotado, nesse momento ou no pós-pandemia: se será remoto, presencial ou híbrido, o que por vezes também causa insegurança aos colaboradores em relação ao futuro. Essas demandas mudaram, o que está em evidência mudou, mas de certa forma o que está por trás e que garante que empresas e startups sobrevivam continua o mesmo: recrutar as melhores pessoas, desenvolver uma marca empregadora que seja positiva e atrativa, ter líderes preparados para fazer a gestão de suas equipes e dos negócios.
Qual a importância da metodologia da HUG para que as dores e as expectativas dessas empresas sejam sanadas?
A importância da nossa metodologia é que criamos uma cadência de coisas que precisam ser feitas e uma sequência dessas coisas, que vão gerar mais estabilidade e sustentabilidade para o negócio. Acreditamos num modelo onde as empresas precisam ter uma certa consistência nos seus processos. E a nossa metodologia garante essa consistência: a estruturação de uma área de pessoas que seja sustentável, que permaneça forte depois que a consultoria saia; a preparação dos líderes para o desafio de crescimento e o estabelecimento de uma cultura clara, porque a cultura é a base de tomada de decisões de todas as áreas do negócio.
O que a HUG vislumbra para 2021 quando se coloca a gestão de pessoas no centro dos negócios?
2021 reforça o conceito de colocar as pessoas no centro de tudo. E quando colocamos essas pessoas no centro dos negócios automaticamente nos tornamos cada vez mais atentos ao nosso impacto como empresa do ponto de vista social, ambiental, de governança. O olhar da HUG está em garantir que as empresas e os empreendedores tenham esses conceitos muito claros do ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), por exemplo, e que isso seja refletido na metodologia que desenvolvemos. Pensamos que as empresas não têm mais uma escolha sobre ser sustentável ou não: elas precisam criar essa cultura sim ou sim e isso não é feito da noite para o dia. Por isso nosso trabalho acaba sendo tão importante: porque, no final de todo trabalho e todo esforço, são as pessoas que fazem as coisas acontecerem.
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