Daniel Dantas: trajetória marcada por disputas

Daniel Dantas é um banqueiro conhecido por ser o proprietário do Grupo Opportunity e por sua fortuna estimada em R$1,8 bilhão. Ele é considerado uma figura polêmica e veterano em brigas judiciais, tendo se envolvido em disputas notórias, como a aquisição da Brasil Telecom na década de 1990. Além disso, Dantas também atua como especulador de propriedades rurais.

Formado em engenharia pela Universidade Federal da Bahia, Dantas prosseguiu seus estudos de pós-graduação em economia na Fundação Getulio Vargas (FGV), onde teve a oportunidade de ser aluno do renomado ex-ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen. Com uma impressionante trajetória acadêmica, concluiu o mestrado e o doutorado em apenas dois anos, na própria FGV, obtendo seu doutorado em 1982.

Antes de fundar o Opportunity em 1994, Dantas atuou como diretor-executivo da holding do Banco Icatu, a partir de 1988. Sua vasta experiência como administrador de recursos incluiu posições executivas no Bradesco Seguros S.A., nas corretoras de valores Triplik e Prosper, e na empresa de consultoria econômico-financeira Simposium, do professor Mário Henrique Simonsen.

Dantas ficou conhecido por realizar investimentos bem-sucedidos, como a aquisição de commodities, como café, laranja e cacau, pouco antes da implementação do Plano Collor, em março de 1990. Esse plano resultou no confisco de ativos financeiros bancários, mas Dantas conseguiu exportar as mercadorias que havia adquirido, obtendo recursos para enfrentar a crise de liquidez que afetou outros empresários e banqueiros.

No campo político, Daniel Dantas desenvolveu uma estreita relação com Antônio Carlos Magalhães (ACM), tornando-se seu afilhado político e principal conselheiro financeiro. Ele foi encarregado por ACM de negociar uma solução para o Banco Econômico com Pedro Malan e Gustavo Loyola, então presidente do Banco Central. Através dessa conexão, ele criou laços com o Partido da Frente Liberal (PFL) hoje União Brasil.

Dantas antecipou que o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso adotaria políticas de privatização, e investiu em ações de empresas estatais prestes a serem privatizadas, especialmente a Telebrás, obtendo lucros extraordinários para o Banco Icatu.

Em 1994, Daniel Dantas deixou o Banco Icatu e uniu-se a Dorio Ferman para fundar o Opportunity, uma das primeiras empresas de gestão de recursos independentes do Brasil. O patrimônio sob gestão inicial do Opportunity foi de 70 milhões de dólares. O grupo expandiu rapidamente, e sua irmã, Verônica Dantas, assumiu a parte administrativa do Asset Management, sendo a pessoa em quem Dantas mais confia.

O Opportunity destacou-se na gestão de fundos de Private Equity, participando ativamente nas privatizações da década de 90 e no desenvolvimento do mercado de investimentos no exterior. A rentabilidade dos recursos geridos pelo Opportunity foi reconhecida com prêmios e altas classificações em rankings nacionais e internacionais. Atualmente, o grupo administra aproximadamente R$37,989 bilhões.

Ao longo de sua carreira, Dantas enfrentou diversas controvérsias e disputas judiciais. Um dos casos mais notórios foi a disputa societária envolvendo a Brasil Telecom, que resultou em acusações e disputas entre o Opportunity, a Telecom Italia, fundos de pensão e o Citigroup.

Apesar das acusações e controvérsias, Dantas obteve decisões favoráveis em alguns processos. Em 2011, a Operação Satiagraha da Polícia Federal, que resultou na condenação de Dantas por corrupção ativa, teve seus procedimentos anulados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Posteriormente, em 2016, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) decretou o arquivamento da ação penal relativa aos crimes financeiros imputados ao Opportunity na Operação Satiagraha.

Além de suas atividades no setor financeiro, Dantas expandiu seus investimentos para os setores de infraestrutura, mineração e agropecuária. Sua trajetória é marcada por sucessos, controvérsias e uma influência significativa no cenário econômico e político do Brasil.