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Daniel Santiago faz da guitarra o seu norte

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Daniel Santiago é reconhecido nacional e internacionalmente, como um grande violonista, guitarrista, compositor e produtor musical. Teve seu primeiro contato com a música aos sete anos de idade, sofrendo influências que vão do choro ao jazz, da MBP ao rock. Com mais de 20 anos de carreira, contribuiu com alguns dos maiores nomes da música brasileira como Milton Nascimento, João Bosco, Hamilton de Holanda, Hermeto Pascoal, além de artistas internacionais como Lee Ritenour, Gregoire Maret, Cassandra Wilson, dentre outros. Possui 3 álbuns solo lançados nos EUA e participou de diversas gravações como produtor, instrumentista e arranjador. Ao lado de Hamilton de Holanda recebeu prêmios e indicações importantes no Brasil e nos EUA, além de terem se apresentado em alguns dos principais festivais internacionais e nacionais. Em 2018, lançou o seu quarto álbum nos EUA, intitulado “Union”, produzido em parceria com o jovem multi-instrumentista Pedro Martins. O álbum conta com a participação de Shai Maestro, Gregoire Maret, Rafael Vernet, dentre outros artistas. No próximo dia 20 estará em Dallas, para se apresentar pela primeira vez no Eric Clapton’s Crossroads Guitar Festival, organizado pelo gênio da música mundial, Eric Clapton, e que conta com as participações de gigantes como Peter Frampton, Jeff Beck, Billy Gibbons, Joe Walsh, Jimmie Vaughan entre outros.

Daniel, qual a sua visão pessoal sobre o seu ofício?

A música é a minha vida desde muito novo. Na minha adolescência passei a me dedicar mais, sempre com o sonho de poder tocar com meus ídolos e viajar pelo mundo com minha música. Esse sonho aconteceu. Eu sou muito grato à música. Acho que ela de uma certa maneira me salvou.

O poeta Paul Claudel, dizia que a música é alma da geometria. Como você definiria a música?

Gosto dessa imagem… Existe uma beleza na matemática, no funcionamento do universo, nas leis da física que relaciono com música. A música é uma abstração com uma matemática profunda.

A guitarra é um instrumento mágico. Como foi o seu primeiro encontro com esse instrumento?

Desde de muito pequeno eu comecei a gostar de guitarra, principalmente por conta do rock and roll muito presente nos discos em casa. Acho que começou aí. Falo mais ou menos de quando tinha entre 4 e 5 anos… no primeiro Rock in Rio com as bandas de fora, mas também com o Pepeu Gomes.

O que você ainda traz para a sua carreira daquele primeiro encontro?

Tenho a semente do rock cravada na minha alma… mesmo hoje tocando jazz, música brasileira, MPB, etc. Certa vez conversando com o João Bosco, falamos da importância do rock na formação. Ele adora o Led Zeppelin, e eu também…

Quais os principais elementos que não podem faltar em uma música composta por você?

Uma bela melodia, uma boa harmonia com naturalidade, menos cerebral possível. Também uma certa melancolia que faz parte da minha natureza.

Você se apresentou ao lado de nomes importantes da música nacional e internacional. O que você absorveu desses encontros?

As trocas são sempre muito importantes pro nosso crescimento tanto como profissional e como pessoa mesmo. Tive a sorte de conviver com alguns dos grandes artistas da nossa música e alguns me tornei amigo. É o caso do João Bosco, Guinga, Hamilton de Holanda, Milton Nascimento entre outros. Fiz também alguns amigos fora do Brasil, principalmente músicos de jazz e recentemente recebi um convite do Eric Clapton pra tocar no festival dele que acontece agora dia 20 setembro em Dallas. O curioso é que fui num show dele com meu pai aos 10 anos e 30 anos depois vou conhecer ele pessoalmente.

Falamos da guitarra, agora vamos falar um pouco sobre o violão. Ser considerado um dos grandes violonistas da nova geração é um peso (no sentido de responsabilidade) ou uma leveza (no sentido de admiração)?

É uma responsabilidade que me dá muito prazer. Busco sempre manter minha cabeça aberta e quando tenho oportunidade, falo sobre isso. A importância de não se fechar.

Foco é a palavra essencial para se tornar um exímio violonista como você se tornou?

Eu dediquei um período grande da minha vida a música e ainda dedico (são pelo menos uns 30 junto dela). Não conheço outra forma. Também tive a sorte de muito jovem ter amigos e pessoas que me ensinaram bastante.

Críticos dizem que você tem uma linguagem de guitarra e de violão que é singular. Em que momento acredita que esse modo único de tocar “desabrochou?”.

Talvez pelo fato da minha escola ter sido muito heterogênea e parte autodidata. Teve rock, jazz, MPB, choro, essa mistura toda. Além disso, talvez venha do fato de eu me considerar um compositor tocando violão e guitarra. Sou mais isso do que um especialista no assunto violão/guitarra.

O que você trouxe dos seus álbuns anteriores e que foi aplicado em “Simbiose”, seu trabalho com o também guitarrista Pedro Martins?

A minha linguagem de composição, a raiz, vem da mesma fonte, porém, o Simbiose é como se fosse o desenho original. Aquele traço que o Niemeyer faz primeiro. Somado à isso, o Pedro é o cara que mais conhece a minha linguagem. Tocamos uma vez as músicas e gravamos como se fosse um show.

Você afirmou que colaborar com o outro é fundamental. O que você recebeu como colaboração e que passou para outros músicos como forma também de colaboração?

É o principal! Desde muito novo algumas pessoas me ajudaram a fazer meu trabalho ser conhecido. Por exemplo, um baterista de Brasília chamado Leander Motta, me apresentou ao Hamilton. Hoje tenho 10 discos com o Hamilton. Meu primeiro disco foi produzido e bancado pelo Hamilton e seu empresário Marcos Portinari.

Resolvi produzir um disco do Pedro Martins quando ele tinha 16 anos. Convidei músicos incríveis que conhecia e depois consegui lançar o disco dele em um selo nos EUA. Estou sempre envolvido em projetos da nova geração. Dando força e ajudando como posso. Tenho muito orgulho de ter muitos amigos dessa nova geração no Brasil todo.


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