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Domo Invest e os caminhos do capital

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Rodrigo Borges é sócio-fundador da DOMO Invest, fundo de venture capital focado em investimentos early stage no Brasil. Foi cofundador do Buscapé e também foi responsável por diversos investimentos em startups, entre elas Hotmart e Gympass. A DOMO Invest é uma das principais Gestoras de Venture Capital no país. Surgiu a partir da aliança entre empreendedores bem-sucedidos e executivos com vasta experiência em M&A, Mercado de Capitais e estruturação de fundos, para contribuir com a profissionalização desse mercado no Brasil. No ano passado o fundo fez um aporte na Nobli, primeira fintech dedicada ao crédito com garantia de investimentos. Rodrigo destacou o potencial da startup: “A Nobli possui um modelo inovador, sem similar no mercado, 100% dedicados ao CGI. A partir do que já foi feito pelos founders, e o domínio do entendimento de mercado apresentado, temos enorme confiança de que vários novos produtos (casos de uso do CGI) serão desenvolvidos adequando assim as diversas necessidades que os clientes apresentam”, afirma. Ele ainda diz: “O cenário de captação de startups, nesse momento, passa por uma normalização. 2021 foi um ano com excesso de liquidez, e esse excesso gerou uma irracionalidade no mercado, principalmente em valuations e tamanho de rounds. Concomitante a isso, o mercado está voltando a múltiplos de valuations que eram normais em 2020”.

Rodrigo, os rumos do Venture Capital em 2022 estiveram de acordo com o que esperava para o ano?

O ano de 2022 começou com uma expectativa de desaceleração e isso se comprovou ao longo do ano. Vimos um declínio em relação ao entusiasmo dos investidores na bolsa de valores, desaceleração em startups 100% digitais e a retomada da economia tradicional, além de reflexos do fim da pandemia e da jornada de aumento de juros nos mercados nacional e internacional. Apesar de o Venture Capital não estar 100% correlacionado com a bolsa, ela exerce uma grande influência. É como a locomotiva do trem que direciona os demais estágios de investimento. O desafio era entender o quanto isso iria impactar no VC, especialmente no early estage, no qual operamos. Entendo que a queda foi em linha com o que imaginávamos. O maior recado que passamos para as startups do nosso portfólio foi o de preservação de caixa, estendendo o run away como foco principal, dado que não teriam rodadas no médio/longo prazo, e deixando como foco secundário o crescimento.

O que mudou no cenário de 2021 para o ano de 2022?

No ano de 2022 vimos juros altos tanto nos EUA quanto no Brasil para combater a inflação, guerra na Ucrânia bagunçando os preços dos combustíveis e outras commodities. O período foi marcado por contínua instabilidade econômica e política. Os ativos líquidos em “equity”, especialmente ações ligadas à tecnologia, também tiveram desempenho bastante negativo, abrindo um “gap” significativo quando comparado a bonança de 2021. Este cenário levou gestores de Venture Capital a atuarem de forma mais seletiva.

Como os fatores externos têm pressionado as ações do capital de risco atualmente?

Em 2022, devido ao processo de normalização das condições monetárias e processo de alta de juros em curso, o investimento daqueles que possuem dry powder, capital comprometido que ainda não foi investido, apresenta-se mais cuidadoso e seletivo, preferindo startups sustentáveis, com unit-economics positivo, que reconhecem a atual realidade e assim mantém seu cash-burn controlado. O “flight to quality” das startups continua a prevalecer, além da normalização dos valuations nos mesmos patamares da pré-pandemia. Fundamentalmente, o mercado voltou ao conceito tradicional de Venture Capital: investir em founders resilientes, que “sonham grande”, mas que tenham atenção no caixa e na rentabilidade, prezando pela sustentabilidade do negócio no longo prazo. A manutenção dessa tese nos permitiu navegar períodos incertos com certa tranquilidade. Em tempos de “bull market” muitas startups conseguem financiamento, mesmo sem ter um plano claro e objetivo. Porém, os tempos atuais exigem investimentos mais cautelosos, valuations mais baixos e de acordo com a dinâmica de mercado. Os exits, por sua vez, tendem a ocorrer em um horizonte de tempo maior, a fim de permitir a maturação da startup sem utilizar necessariamente ferramentas mais arriscadas, como “over leverage”, ou compra de crescimento a qualquer custo.

O que deve ser feito pelos investidores que atuam com o capital de risco num momento em que são observadas várias tensões?

O cenário de captação de startups, nesse momento, passa por uma normalização. 2021 foi um ano com excesso de liquidez, e esse excesso gerou uma irracionalidade no mercado, principalmente em valuations e tamanho de rounds. Concomitante a isso, o mercado está voltando a múltiplos de valuations que eram normais em 2020. Adicionalmente, por conta dessa readequação do mercado, os fundos tendem a se tornar mais seletivos e os processos de análise, talvez, levem um pouco mais de tempo para serem concluídos. Com certeza as startups serão mais estudadas, ou seja, terão que passar por uma análise mais rigorosa.

Qual o potencial do Brasil para o crescimento do capital de risco?

Enxergamos o Brasil como um ecossistema crescente e que performa, cada vez mais, como uma alavanca para o desenvolvimento do país. A maturidade do ecossistema aumenta a cada ano, e a qualidade dos founders também. Estamos com viés positivo, somos players de longo prazo.

Como a DOMO Invest está operando nesses movimentos?

Sempre fomos extremamente rigorosos nas análises com relação aos unit economics. Na nossa visão, uma startup deve ter uma estrutura financeira de produto e serviço que gere margem positiva, para que possam acelerar seu crescimento. Nosso portfólio reflete essa política.

A experiência de gestores experientes faz a diferença num mercado cada vez mais volátil como o atual?

Com certeza. Gestões experientes são um ativo importante quando se trata de Smart Money. Apesar de existirem muitas oportunidades no mercado de VC, poucas empresas realmente superam expectativas e conseguem levantar mais rodadas de investimento. A estratégia de investir direto em startups no early stage requer tempo e dedicação que um investidor comum raramente possui. Por isso entendemos que a melhor forma de investir em Venture Capital é através de gestores profissionais. Os gestores da DOMO acreditam ser humanamente impossível um investidor individual acompanhar o mercado de perto e tomar decisões acertadas de investimento baseados em fundamento. A DOMO foi criada com o intuito de investir dinheiro dos sócios e de terceiros em empresas nascentes com times espetaculares. Além de capital, os sócios gestores aportam todo o conhecimento e experiência obtidos em mais de 20 anos trabalhando com tecnologia para auxiliar os empreendedores a crescer de forma rápida e sustentável.

Vamos falar de investimentos. Por que a Nobli despertou o interesse da DOMO Invest?

Podemos começar pelo mercado em que a empresa atua. O crédito com garantia de investimentos (CGI) é um produto maduro nos países desenvolvidos, e somente nos EUA representa quase 5% do mercado de crédito pessoal não-residencial. Acreditamos que o potencial de mercado no Brasil é ainda maior, pela maior competitividade do CGI em relação às linhas tradicionais de crédito, e pelo maior número de casos de uso em que o CGI pode ser utilizado aqui no país. A Nobli fornece uma solução completa para originar e gerenciar contratos de CGI, em um modelo digital capaz de atender qualquer investidor em território nacional, independentemente de onde ele mantém seus investimentos, ou seja, são capazes de atender clientes de qualquer banco ou corretora. Esse modelo é totalmente aderente ao conceito de Open Banking promovido pelo Banco Central, e evita uma série de conflitos de interesse que acontecem quando um investidor contrata crédito na mesma plataforma em que faz investimentos. O time da startup também chamou nossa atenção pela experiência dos founders, que possuem décadas de experiência no mercado financeiro. Todos foram executivos de bancos, gestoras e até da bolsa.

Como tem enxergado o potencial da startup?

Alto. É um modelo escalável, dentro um mercado grande e que está só no começo. Ainda existe um desafio educacional, pois, o CGI não é totalmente conhecido do publico investidor, mas temos percebido um awareness cada vez maior sobre o produto, como ele funciona e os benefícios que ele traz para o planejamento financeiro de quem o utiliza.

Ter um modelo inovador foi algo que pesou na decisão dos investimentos da DOMO na Nobli?

Sim. Não encontramos nenhum outro modelo de negócios parecido, no Brasil ou no exterior. Geralmente, o CGI é oferecido pelos grandes bancos aos seus clientes de alta renda. A Nobli, no entanto, é 100% dedicada ao CGI, atende investidores oriundos de qualquer plataforma e está totalmente integrada ao mercado de capitais, atuando inclusive com estruturas próprias de securitização.

Como enxerga a Nobli nos próximos anos?

Vemos a Nobli ganhando cada vez mais reconhecimento no mercado, especialmente pela liderança e especialização no produto. Acreditamos que, no futuro, os consumidores de serviços financeiros vão escolher os melhores provedores para cada tipo de produto ou necessidade, e quando precisarem de alavancagem rápida e barata, certamente a Nobli será uma das primeiras opções.


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