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Edmundo dos Santos Silva fala do agronegócio

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O grupo VideiraInvest elabora projetos financeiros e planos de negócios, promovendo parcerias estratégicas que viabilizem operações agropecuárias e atividades pesqueiras sustentáveis. Alinhada com o fato de o Brasil ser hoje uma potência no agronegócio e um dos principais exportadores de commodities agrícolas, a empresa desenvolveu a plataforma AGROVIVA, que tem como objetivo buscar soluções financeiras e operacionais para o Agronegócio. A prioridade da AGROVIVA é o financiamento de negócios direta e indiretamente vinculados à produção de alimentos, a partir do desenvolvimento de arranjos produtivos locais e à infraestrutura rural. A plataforma fomenta a relação entre os produtores rurais e seu mercado consumidor urbano. Para isso, disponibiliza apoio técnico, comercial e de logística, integrando empreendedores, proprietários de terras e produtores rurais com distribuidores e varejistas. Tudo realizado em um ambiente de governança e de transparência nas relações, o que favorece uma entrega de produtos de qualidade e atrai investidores e parceiros estratégicos. A plataforma oferece ferramentas de desenvolvimento para produtores agronaturais, trabalhando com as características geográficas de cada município. “O agronegócio vem se destacando sem dúvida e pode crescer muito mais, sobretudo a partir do agro de precisão”, afirma Edmundo dos Santos Silva, sócio da VideiraInvest.

O agronegócio é o grande motor da economia nacional. Como o grupo VideiraInvest está alocado nesse mercado competitivo?

O agronegócio vem se destacando sem dúvida e pode crescer muito mais, sobretudo a partir do agro de precisão, maior beneficiamentos das “commodities” e especialmente pela inclusão de produtores de pequeno e médio porte. Estes, bem organizados, unidos por projetos colaborativos que busquem o beneficiamento da produção conjunta local, com melhores condições de armazenamento, “packing”, distribuição e comercialização de seus itens, podem rapidamente dobrar o tamanho atual do agronegócio. Produtores reunidos por estruturas que combinam perfil cooperativo e sistemas de governança corporativa, atraem parceiros, empreendedores, investidores e consumidores interessados em adquirir ou negociar produtos que tenham qualidade superior e maior valor agregado. Atualmente, o PIB anual do agronegócio brasileiro não alcançou US$500 bilhões. Se pararmos para comparar friamente, este montante é praticamente metade ou menos do PIB do estado americano de Nova Iorque, ou do Texas, ou da Califórnia.

Ou seja, ainda temos muito espaço para crescimento, e a proposta da VideiraInvest é buscar soluções de integração e estratégias para o aumento do valor agregado de nossas “commodities”, inserindo produtores de menor porte no mercado de forma competitiva, pelo fortalecimento de Arranjos Produtivos Locais, os “APLs”.

A sustentabilidade é o grande pilar do grupo em suas parcerias estratégicas?

Sustentabilidade, na prática, significa consumir bens ou serviços que não ultrapassem os limites de capacidade de produção do planeta. Ultrapassando este conceito, o desequilíbrio se apresenta. Um ótimo engenheiro que colabora com nossa equipe, o Guilherme França, fez uma ótima reflexão: “até que ponto um carro elétrico é sustentável, no momento em que toneladas de lítio, que é um recurso finito, vem sendo consumidas em escala muito acima do “sustentável?”

Temos nos inspirado muito naquela máxima do economista inglês E.F. Schumacher: “Satisfazer os desejos humanos com recursos distantes, em vez de usar fontes próximas, significa fracasso e não sucesso”. Por isso que nosso foco está absolutamente concentrado no fortalecimento de uma trama de relações entre empreendedores, sejam produtores, proprietários de terras ou prestadores de serviços diversos de um determinado local no interior do Brasil, a partir da conscientização coletiva que desperte reflexões sobre as vocações naturais e as aptidões geográficas daquela determinada região.

Estamos testemunhando uma era de grandes mudanças. O êxito urbano é uma tendência inexorável. Por décadas, vimos grandes instituições financeiras financiarem indústrias químicas nocivas, armamentos pesados de guerra, exploração de trabalho praticamente escravo, e a mídia, e o próprio depositante do dinheiro que alimenta um banco jamais se preocuparam em se questionar sobre para onde vão os recursos que são confiados ao sistema financeiro tradicional. Atualmente, parece estar acontecendo um despertar em busca de novos valores, se tornando inevitável o crescimento de “Mercado de Capitais de Impacto”, com a migração de recursos de investidores interessados não apenas em rentabilidade, mas também cientes do poder de uso de seus recursos alocados em negócios e projetos que impactem o desenvolvimento humano e responsabilidade ambiental, obviamente sem se desconsiderar o trinômio: segurança, liquidez e rentabilidade. Plataformas como a AGROVIVA são imprescindíveis para o desenvolvimento e tração desta economia local dentro destes novos valores, que facilitam a circulação da prosperidade entre os seus participantes, integrando-os aos potenciais consumidores, tanto urbanos como os do exterior e investidores conscientes.

Quando surgiu a ideia de criar uma plataforma com o objetivo de buscar soluções financeiras para o agronegócio?

Embora o PIB do agro esteja em franca expansão, pequenos e médios produtores brasileiros não foram alcançados com suficiente irrigação de crédito. Isto não é exatamente culpa da esfera de poder público seja esta liderada por grupos políticos de direita, esquerda ou centro. O que se trata é do acesso ao crédito. Dinheiro é uma mercadoria rara, nobre, cara, de difícil acesso e de compreensão ainda maior. Se você se colocar na posição dos banqueiros tradicionais com suas óticas secas sobre os critérios de análise de liberação de empréstimos, há de se concordar que emprestar recursos para pessoas simples como o homem do campo, o agricultor familiar, é praticamente impossível dentro dos padrões convencionais dos comitês de crédito. Mas é imprescindível se mudar os critérios de avaliação.

Este público, embora promissor, não dispõe de garantias suficientes, normalmente tem problemas de cadastro com restrições, não possui contratos formais de vendas de sua produção diminuta, cenário que torna remota a possibilidade de criarem histórico capaz de tomar empréstimos. O “ticket” baixo se comparado aos dos grandes produtores, também dificulta e torna caro o sistema gerencial do “back office” de departamentos de análise de crédito. Por isso que o modelo proposto pela AGROVIVA se concentrou em eleger como personagem central os CACs – Centros Agroindustriais Colaborativos. O CAC é um CNPJ constituído pelos participantes dos APL, que permite a integração dos produtores de determinado local, organizando-os de modo a não ficarem isolados entre si.

Miramos nos exemplos das adegas do Alentejo e de outras regiões de Portugal; das fábricas de cooperativas de azeite espanholas, dos produtores associados de laranjas da Califórnia e de tantos outros bons casos de sucesso, onde o poder colaborativo de pessoas unidas pelos mesmos objetivos, fazem com que diferenças sejam superadas e os esforços se concentrem na estruturação de equipamentos industriais que representem e consolidem esta massa de empreendedores, associações, cooperativas e produtores independentes, todos organizados neste determinado CNPJ, com instalações bem planejadas que valorizam seus catálogos comerciais. Embora tenha um espírito cooperativo, o CAC AGROVIVA é uma companhia comercial, constituída sob a forma de S.A. de capital fechado, moderna, com Estatuto Social escrito dentro dos padrões de governança exigidos por investidores e pelos próprios participantes do APL, de modo a se criar um ambiente favorável à atração de recursos de investidores que raramente aprovariam crédito de forma individualizada. O apoio da plataforma AGROVIVA colabora na construção deste cenário, e sua remuneração advém do êxito dos resultados dos APLs.

Quais são as características que fazem dessa plataforma uma opção única em seu mercado de atuação?

Esperamos que a AGROVIVA não seja a única opção. Quanto mais participantes promoverem este espírito de reintermediação comercial que beneficie a inclusão de pequenos e médios produtores brasileiros, melhor! São 5.570 municípios, destes, há pelo menos 1.500 que podem se redesenhar a partir de uma reflexão sobre suas aptidões geográficas ou potencialidades. Alguns se destacarão pela capacidade de produção agrícola, pecuária ou pesqueira. Outros pela geografia que beneficia ser um centro natural de distribuição e logística ou ainda pela cultura, patrimônio histórico, esporte, potencial turístico, polos de mineração, cinturões de siderurgia, ou mesmo serviços, com destaque para o desenvolvimento de “softwares”, seguros e mercado de capitais. Se após a provável análise sobre as suas potencialidades, cidades e países inóspitos como Las Vegas, Israel ou Dubai deram certo mesmo sendo verdadeiros desertos, por que não por aqui? Entendemos que o principal diferencial da AGROVIVA será sempre o permanente exercício de compreender a dor de cada APL, e buscar soluções para superar as dificuldades levantadas. Sem este propósito em mente a plataforma seria mais um mero “market place” apenas com objetivos comerciais.

Que ferramentas são oferecidas pela AGROVIVA?

A plataforma possui 4 módulos de integração: o primeiro, cuida das relações entre agrônomos, veterinários, ictiofaunistas ou engenheiros florestais e o local de produção, que são as fazendas, sítios, assentamentos, viveiros de mudas, criatórios de peixes e alevinos, fazendas marinhas e outros. Na sequência, há o módulo o controle da entrega desta produção até o Centro de Beneficiamento. Em paralelo, a AGROVIVA consolida sistemas de rodízio de tratores e demais implementos; de intermediação imobiliária de interessados em aquisições ou arrendamento de locais de produção, e ainda, apoia na gestão logística do frete rural-urbano. A quarta ferramenta aproxima os CACs ou mesmo os produtores de forma direta – pois, ele pode optar em não beneficiar sua produção, com seu público consumidor urbano ou do exterior, dando suporte à formalização de contratos comerciais, produção por encomenda e outras parcerias que se crie durante a negociação. A gente costuma brincar que a AGROVIVA mistura um pouco de tudo. Lembra o Airbnb, o Uber e o iFood em um mesmo ambiente de integração, que certamente vai facilitar a vida destes empreendedores rurais.

Como os agrônomos e veterinários podem usufruir das soluções da plataforma?

Os sistemas da AGROVIVA ajudam o trabalho diário destes profissionais. É importante se ter o controle do que se plantou em determinado talhão, lembrar sobre quando deve fazer o manejo mediante média de chuvas, calcular quanta mão de obra será necessária para a colheita, o mesmo se repetindo para os processos da pecuária de corte ou leite, ou produção pesqueira em tanques, ou na logística de alto-mar até o Centro de Beneficiamento Pesqueiro idealmente construído “taylor made” para a colônia de pesca local. Têm sido fundamental as orientações recebidas de órgãos como a EMBRAPA, EMATER, PESAGRO, CNA, SNA, Secretarias de Agricultura e entidades de classes, como, por exemplo, a FEPERJ – Federação de Pescadores e Aquicultores do Estado do Rio de Janeiro e AEARJ – Associação de Engenheiros Agrônomos do Rio de Janeiro, que desde 2017 vêm nos dando um imprescindível apoio técnico para a estruturação da AGROVIVA.

Quais dados são utilizados para que o sistema de gestão operacional seja assertivo?

Estruturar APLs requer levantamentos concretos. Dados sobre a previsão de quantos produtores se pode contar inicialmente, o que eles produzem, o que podem produzir, qual a capacidade de produção global, qual o investimento por hectare em média, quais implementos, máquinas e veículos seriam interessantes se dispormos sob a forma de rodízio. Canais de comunicação social são muito importantes, por isso, se promover palestras e seminários e “workshops” que desafiem as pessoas-chaves a refletirem sobre as Vocações Naturais e as Aptidões Geográficas e outros pontos que despertem o pertencimento e caminhos viáveis é fundamental para o processo.

Somente após esta fase prévia sobre as potencialidades concretas do local, é que os técnicos da AGROVIVA começam de fato a estruturar o projeto. É preciso realizar orçamentos, dimensionar a capacidade instalada inicial do CAC, planejar sobre os caminhos de vendas, perfil de compradores, catálogo de produtos que serão ofertados, pensar nas embalagens ideais, aprovar os produtos que serão beneficiados nos SIF/ MAPA, dentre outras ações. Para investidores, é importante se apresentar as projeções financeiras para os próximos anos, com levantamento do capital de giro necessário, inclusive financiamento do plantio dos produtores parceiros. Todos estes itens são coordenados pela AGROVIVA, sem se descuidar sobre aspectos das relações humanas entre os participantes.

Ainda falando sobre o ecossistema da plataforma, o principal foco da AGROVIVA seria o agricultor familiar e o pequeno produtor rural?

Todos estes, mas não se exclui o grande produtor. Não se pode alienar grupos de maior porte do processo. Além da experiência, estes podem colaborar como uma das importantes lideranças da estruturação, investindo inclusive nos estágios preliminares. Muitos proprietários de grandes áreas eventualmente podem ter terras ociosas. Neste caso, a AGROVIVA atua como interveniente destas relações, dando oportunidade para que empreendedores rurais possam explorar estas áreas sob o regime de melhores esforços, combinando entre si as relações comerciais sobre a divisão dos resultados durante o período que estes acordos estiverem em vigor. Vale lembrar que o êxito urbano tende a mudar muito o perfil do tradicional “homem do campo”. E apostamos nesta tendência para assessorar estes empreendedores que “pivotaram” suas carreiras em busca destes novos desafios no interior do Brasil.

Quando esse foco foi definido?

Estruturar a plataforma requer tempo, vem de erros e acertos que temos testado. Vivenciamos estas experiências desde a década de 90, quando éramos sócios de uma fábrica de bebidas não alcoólicas, cujo principal produto era o isotônico Guaraplus. Naquela época nosso principal desafio era sobre como uniformizar a produção para que ela fosse realizada em âmbito nacional, mantendo a mesma qualidade e sabor, nos valendo de produtores locais como fornecedores-parceiros. Veio daí a semente das ideias que fizeram brotar a AGROVIVA. Naquele tempo, os celulares eram muito obsoletos, a internet inconsistente, redes sociais não existiam, mas a necessidade de se estruturar Encadeamentos Produtivos ficou na memória.

Quais os próximos passos da plataforma?

Nosso objetivo de curto prazo é finalizar a fase de estruturação do “show-room” em Silva Jardim, município que fica a cerca de 130km da capital do Rio de Janeiro. Lá estamos construindo a CAC AGROVIVA – um local que no primeiro piso ficam as linhas de beneficiamento, câmaras frias com pátio de logística e no segundo pavimento, um espaço para a administração da plataforma, que terá bancada de análises para agrônomos, sala de atendimento técnico, auditório para cursos, palestras e reuniões, espaço coworking e café e ainda, sala para “podcasts” e redação do TRIBUNA DA IMPRENSA®, jornal cuja marca é detida pelo grupo VideiraInvest. Estamos testando os sistemas de integração e amadurecendo a relação com fazendas e sítios, que aos poucos, estamos construindo as pontes, compreendendo as demandas. Não é um trabalho simples, requer investimentos e comprometimento. Nossa expectativa é a de que no momento em que tivermos este “show-room” em funcionamento, a AGROVIVA amplie sua atuação em mais 3 municípios fluminenses com claras aptidões verificadas, testando o modelo e preparando a segunda etapa do projeto, que é o lançamento da marca SABORES BRASIL AGRONATURAL, que tem como objetivo representar os esforços de produção beneficiada destes produtores reunidos.

Por que acreditam que esses movimentos serão fundamentais para a ampliação dos serviços da AGROVIVA?

Certamente, pois, teremos os modelos testados, com os softwares já em fase de uso e aprimoramentos. Outro ponto é o amadurecimento da modelagem jurídica dos CACs: a ideia é a de se constituir uma S.A. moderna, transparente, com critérios de governança, políticas de rodízio de Diretores, Conselho de Administração e Fiscal, cada ação com direito a voto, cláusulas que protejam minoritários, prevendo distribuição justa de resultados e capital pulverizado. O aspecto inclusivo é preponderante: produtores, por mais simples que sejam, podem subscrever ações e integralizar capital com contratos de fornecimento futuro, CPR, por exemplo.

Em média os investimentos para se estruturar um CAC montam em R$10,0 milhões por APL em sua fase preliminar, considerando aquisição e adaptação do imóvel onde funcionará o Centro Agroindustrial. Este montante poderá ser captado através de plataformas de Investimentos Participativos “Crowdfunding”, conforme Resolução CVM nº 88/2022 ou outras modalidades assemelhadas, inclusive estamos analisando a possibilidade legal de se captar estes recursos por meio de “token” que terá os ativos reais e recebíveis gerados pelo CAC com lastro.

Cooperativas e Associações de Produtores, Produtores independentes, profissionais liberais como: advogados, contadores, lojistas, médicos, dentistas, as escolas, hospitais, funcionários públicos, enfim, todos os economicamente ativos podem fazer parte da constituição desta Sociedade Anônima local, que tem fundamentos sólidos, perfil altamente agregador, equânime, transparente e profissional que equilibra os interesses de todos, conciliando a capacidade de atrair investidores, sejam estes locais ou os representados por gestores de fortunas, grandes fundos de investimentos ou plataformas “Crowdfunding”, mudando de modo impressionante o cenário daquele determinado município que contou com o apoio da AGROVIVA em sua estruturação bem planejada. Chegou a vez do interior do Brasil!

*Com participação do sócio-administrador do grupo VideiraInvest Rodrigo Rocha Barbosa.


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