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Edome Cosméticos aposta na maquiagem vegana

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Impulsionada pelo propósito de expandir seus negócios, a jovem empreendedora Fernanda Stasczak de 29 anos fundou a Edome Cosméticos, marca de maquiagem vegana e cruelty-free voltada para a geração Z e pele masculina. Seu principal objetivo é apoiar a diversidade, o empoderamento feminino, a igualdade de gêneros, o crescimento econômico circular e a industrialização sustentável. Durante anos, para arcar com o curso superior em Direito, comercializava maquiagens de porta em porta e por meio de plataformas digitais. Em 2020, trancou a faculdade no último semestre para dar continuidade ao seu projeto de vendas de cosméticos, surgindo a ideia da criação de produtos naturais, o “veggie moderno”, livres de crueldade animal, com ingredientes 100% veganos e de matérias-primas brasileiras, como frutas, plantas e óleos. “Muitos jovens se tornaram empreendedores, trazendo inovações e inspirando outras pessoas diante do cenário de uma crise econômica. O progresso também é fruto de um sistema de tentativa e erro, de pessoas que trabalham de forma individual em busca de seus objetivos independente do cenário que lhes é apresentado. A constância é a palavra-chave para que, mesmo em meio a grandes desafios, o empreendedor jovem consiga conquistar sua fatia de mercado”, diz Fernanda. Inspirada em renomadas marcas internacionais, os produtos atendem o público jovem e mulheres modernas.

Fernanda, em que momento da sua vida você quis empreender?

Nasci e cresci em um meio em que o papo dentro de casa era a carteira assinada, bater ponto, seguir os passos dos demais. Quando fiz 14 anos ganhei uma CTPS de presente do meu pai (juro) e aos 17 para 18 me mandaram ir morar sozinha, ser adulta (hoje agradeço). Tive que me virar.

Como ganhava pouco, resolvi olhar o que as blogueiras estavam usando (era o auge dos blogs) e comprar alguns itens com alguns bicos que eu fazia. Comecei a revender no estágio, na república onde morava, montei um Instagram e anunciei em marketplaces. Colocava tudo em uma mala marrom pequena e saía de ônibus pela cidade atrás das clientes.

Chamava-se Divina Maquiagem, nunca vou esquecer. Dali para frente as coisas foram amadurecendo e um dia tomei a decisão de somente tocar meu próprio negócio (o que foi mais ou menos um ano antes de aparecer o investidor). Tive que ir contra tudo que tinha aprendido desde pequena e contra todos que diziam que eu era maluca em largar o curso de Direito e um bom emprego para vender maquiagem pela internet. Isso lá por 2017.

Como surgiu a ideia de criar uma marca de maquiagem vegana?

Fazia Reike na sobreloja de uma loja de produtos naturais e esse foi meu primeiro contato com maquiagens veganas. Fiquei extasiada com todos os benefícios para a pele e para o meio ambiente. Comecei a pesquisar a concorrência e vi que havia poucas marcas, pouca diversidade e nenhum produto vegano masculino. Daí pra frente fui atrás de dinheiro, fábrica, aprender sobre rotulagem, embalagem, instrumentos regulatórios da Anvisa, marketing, contabilidade – todo esse processo durou uns 2 anos e meio.

A partir dessa vontade que surgiu a Edome Cosméticos?

Tenho muitos amigos homens que usam maquiagem feminina para sair e se queixam que não havia muitos produtos feitos para a pele deles, que é diferente, e também tem a questão da inclusão e diversidade. Existe todo um mundo underground que é sufocado pela nossa sociedade, mas que existe, e clama por visibilidade e aceitação.

Quais os maiores obstáculos até o lançamento da marca?

A parte regulatória, sem dúvidas, junto com a burocracia. Foram meses estudando recortes de leis esparsas em nossa legislação, tentando montar esse quebra-cabeças. Foi o único momento em que sentei e chorei. Pensava, tinha vindo tão longe, logo aqui, por quê?

Foi o momento de pedir ajuda para mentores, o que também não foi nada fácil. Levei muitos e muitos nãos por não possuir bens, por ser muito nova, por ser mulher… mas nunca desisti. Depois da regulatória, a logística pesa um pouco, mas nada comparado.

O que norteará a atuação da marca no mercado?

Acredito que muitas marcas nascem unicamente de interesses econômicos, ou já são consolidadas no mercado e vendem apenas pelo marketing. Cuidei de cada detalhe, desde a construção da formulação em conjunto com a farmacêutica produto a produto, pedi rigorosamente que os testes microbiológicos fossem feitos quantas vezes fossem necessários, fui rigorosa com minha equipe na construção de uma imagem que representasse essa geração que está vindo aí, que não se sente totalmente representada pelas marcas atuais, seja pelo preço, seja pelos princípios. Também filmei cada etapa do processo para que o público pudesse participar e principalmente opinar na fabricação do produto. Neste momento estamos terminando de montar nossa primeira sede não terceirizada em São Paulo, com muito sacrifício. Também faço parte dessa geração nova de empreendedores e quero servir como exemplo para os demais, provar que não somos tudo de ruim que falam sobre nós, e também empoderar mulheres e abrirem seus próprios negócios, mesmo que não tenham muito dinheiro, através do conhecimento que compartilho nas redes sociais.

Por que a palavra constância é tão importante para você?

Pois, ter ideias, todo mundo tem. Energias aos arrancos, todo mundo faz. Difícil é ir trabalhar doente, brigado com alguém, com dor, sem dinheiro ou devendo pra fornecedor, sem ter ninguém pra te apoiar… é aí que a maioria desiste… sempre há uma saída, por mais difícil que possa parecer, às vezes, o que precisamos é esfriar a cabeça para que venham novas ideias. Pra ser constante você precisa ser duro consigo mesmo, às vezes. Motivação só serve para te lembrar o porquê de ter começado.

Como a diversidade fará parte do seu negócio?

Gostaria que as pessoas se identificassem conosco, que a marca foi feita pra essa geração com muito carinho, pensada em cada detalhe, da formulação ao pós-venda, que apoiamos as causas que eles apoiam, que estamos ali como um lugar de acolhimento, que ninguém em nossas futuras lojas irão julgá-los por terem um cabelo colorido, ou um gênero neutro, e sim, que todos somos parte de um todo, que somos acima de tudo, seres humanos em evolução e transformação mútua.

Quais os pontos mais interessantes dessa diversidade em sua visão?

Incluir para não separar. É muito comum hoje as marcas levantarem bandeiras de certas tribos urbanas para seu próprio marketing pessoal. O que queremos mostrar é que quando mais se segrega, pior é. Por isso a marca é para todos, no nosso caso, todes – no gênero neutro mesmo. Acredito que o mundo mudou e que a maioria das marcas ainda não acompanhou totalmente que essa geração que está aí necessita de conexões reais, voltando aos velhos tempos em que as blogueiras realmente demonstravam seus produtos com veemência, e não apenas por um publipost. Por mais fundos reais, gente de verdade, gente que agrega, o off-line realmente no on-line.

Como a sustentabilidade está impregnada no DNA da Edome?

Nossa fábrica tem sede na Alemanha e no Brasil e é premiada mundialmente nesse quesito. Demorei meses para achá-la, mas consegui. É uma das poucas no Brasil, senão a única, a fabricar produtos totalmente isentos de qualquer resíduo animal, inclusive os conservantes. Isso elevou um pouco o preço da nossa fabricação, mas valeu a pena. O produto saiu com uma qualidade excelente, resistente a altas temperaturas e umidade, com emoliência e principalmente com muitas cores legais – é difícil fazer cor em produto vegano em que não vá nem um aditivo animal ou com traços de origem animal. Também cuidamos para que as embalagens fossem feitas de um plástico aceito na reciclagem, e não tivesse muitas cores nesse plástico, para torná-lo viável de reciclar. Além disso, a outra metade das embalagens é feita de papelão, o que torna o produto 100% reciclável; também contamos com uma política reversa que irá em nosso site, quando inaugurarmos.

A economia circular também faz parte desse DNA?

Sim, pois, todos os itens desde a embalagem, o saquinho de algodão biodegradável (que vira adubo quando se enterra na terra ou pode ser utilizado como bolsinha) e a caixa são recicláveis. Precisamos ensinar as próximas gerações de que não existe “jogar fora” em nosso planeta.

O que a você vislumbra para a Edome ainda em 2022?

Sendo bem “pé no chão”, validar nossos produtos, ver quais irão agradar o público ou não, ver onde erramos e acertamos, alinhar nossa equipe com a cultura da empresa e trabalhar duro para que nossos clientes tenham a melhor entrega, o melhor produto e pós-venda que pudermos fazer. E claro, continuar incentivando nossa geração a pensar fora da caixinha e irem atrás de seus sonhos.


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