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Alberto Pfeifer analisa os eventos climáticos

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Alberto Pfeifer é Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (FFLCH), Master of Arts em Relações Internacionais, Fletcher School of Law and Diplomacy, Tufts University (EUA), Mestre em Economia Aplicada (Agrária) pela Universidade de São Paulo (ESALQ/USP). Possui Especialização MBA em Finanças, Comitê de Divulgação do Mercado de Capitais (Codimec), Fundação Getúlio Vargas (FGV/RJ) e Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais (IBMEC) e é Graduado em Direito e em Engenharia Agronômica, Universidade de São Paulo. Atuou como Membro de diversas organizações, tais como: Comitê das Rotas de Integração da América do Sul (Crias), Conselho Consultivo da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex) (2007-2009), Coalizão Empresarial Brasileira (CEB), Fórum Empresarial Mercosul-União Européia (MEBF), Advisory Group for Latin America da Fletcher School of Law and Diplomacy (Tufts University), Grupo de Análise de Conjuntura Internacional (GACINT-USP), International Studies Association (ISA), American Political Science Association (APSA), International Political Science Association (IPSA). É fundador do Centro de Estudos das Negociações Internacionais (CAENI/USP) e Membro-fundador do Compromisso “Todos pela Educação”. Diretor Executivo do Conselho Empresarial da América Latina (CEAL) no Brasil e Coordenador Executivo do CEAL Internacional (18 países).

Professor, o que modificou de fato para o Brasil no cenário internacional, com a mudança do Governo Dilma para o Governo Temer?

Embora perfeita do ponto de vista legal, a mudança na chefia de Governo, pela maneira que se deu, suscita questionamentos quanto à legitimidade do atual Governo. Este sempre constituirá fator debilitante para atual gestão, que procedeu a reorientação de afinidades ideológicas, amenizando a aproximação do Brasil com regimes ditos bolivarianos na América Latina e com os vínculos ao redor do eixo Sul-Sul no plano global.

E na região, o Brasil ainda é um líder, mesmo com toda turbulência econômica?

Considerando-se as regiões Mercosul, América do Sul e América Latina, o Brasil, graças a suas dotações intrínsecas de fatores de poder, derivadas de seu tamanho físico, demografia, fronteiras terrestres, plataforma oceânica e perfil produtivo, sempre reunirá os atributos de liderança, mesmo que não a queira, de modo explícito exercer. É mais consentâneo com o perfil externo brasileiro atribuir-lhe o perfil de um Primus inter pares [expressão latina que significa o primeiro entre seus iguais], de um indutor, coordenador ou coorganizador dos assuntos regionais. A turbulência econômica, embora reduza temporariamente excedentes econômicos para a materialização de tal vocação, não quita a legitimidade permanente do Brasil no concerto regional.

Cuba se abrirá definitivamente ao capitalismo depois da morte ainda recente do líder Fidel Castro?

É muito provável que de modo gradual, controlado, parcimonioso e ajustado ao contexto externo e aos posicionamentos dos EUA, que Cuba adote paulatinamente preceitos do capitalismo pleno – livre iniciativa, competição, liberdade ao fluxo de capitais – em processo sob firme controle estatal.

Voltando ao Brasil, considera que uma vitória de um candidato mais à esquerda nas próximas eleições presidenciais, poderá ter complicações com os EUA de Donald Trump?

Se se refere às eleições presidenciais no Brasil de 2018, creio que não.

Qual o principal legado deixado pelo Governo Obama aos EUA?

O respeito inequívoco aos Direitos Humanos e, apesar da fragilidade dos resultados, à institucionalidade da governabilidade global, sob grave risco no governo Trump.

Alguns analistas afirmam que o assessor sênior de Donald Trump, o polêmico, influente e inteligente Stephen Bannon, é o homem que vem comandando o gigante da América do Norte junto com Donald Trump. Com a sua experiência, considera isso um fato, ou não vê tanto poder assim no estrategista?

À ausência de destacada capacidade de formulação estratégica de Donald Trump respalda a hipótese de sua vulnerabilidade à influência de assessores próximos, dentro os quais pontifica, por sua atuação pública na campanha presidencial, o Sr. Bannon. É provável, contudo, que dada a complexidade da gestão do governo federal dos EUA e da agregação de novos conselheiros, que tal, inadequada influência, venha diluir-se.

Qual o impacto real do discurso realizado por Donald Trump no Congresso americano recentemente?

O impacto foi positivo, no sentido de representar a primeira peça pública de oratória de Trump preparada e apresentada de modo sereno e organizado na presença dos demais poderes da nação. Seu impacto, contudo, desvaneceu-se e corre o risco de assim perder-se a seguir a impulsividade e a falta de discernimento do Sr. Presidente. Lançou, contudo, amarrações de sensatez à gestão, ou seja: quando bem assessorado, Trump poderá realizar um governo minimamente aceitável – algo ainda questionável a manter-se o padrão de deliberação atual do executivo.

Vamos falar um pouco da mídia nacional. O senhor considera que ela vem fazendo um bom papel quando relata sobre o que acontece no exterior, ou sua cobertura dos fatos é rasa em sua visão?

A cobertura da mídia tradicional brasileira no que tange a assuntos externos é ainda insuficiente e rala, apesar de avanços nos últimos anos. As novas mídias, por sua vez, pouco ou nada contribuem, ou melhor, prejudicam a compreensão do público brasileiro – em particular o monoglota – quanto às realidades e tendências mundiais, aprofundando nosso isolamento mental e nossa incapacidade de, como sociedade, gerir nosso lugar no sistema internacional.

Qual deverá ser o caminho da União Europeia (UE) depois do Brexit?

Como tudo na UE, da normalidade burocrático-institucional, na qual as disputas políticas se consumem.

Na França podemos ter a vitória de Marine Le Pen nas eleições realizadas entre abril/maio deste ano; nos EUA temos o governo do controvertido Donald Trump e o Brexit na UE. Os países estão se tornando mais nacionalistas do que outrora, ou acredita que isso são apenas movimentos normais de populações que querem ser mais protecionistas, em todos os aspectos que essa palavra possa ter?

A razão de fundo não é ser mais ou menos protecionista, nem mais ou menos nacionalista. Protecionismo e nacionalismo, não são fins em si mesmos. Nacionalismo é justificativa e protecionismo é meio – ambos parciais e equivocados – de se alcançar bem-estar material e segurança pessoal em sociedades em que ocorrem agravamentos da desigualdade de riqueza e estagnação de renda e deterioração de acesso e qualidade de serviços públicos essenciais. Prosperidade em baixa torna a população sensível a explicações rasteiras, superficiais e medidas impactantes, mas de duvidoso efeito.

Existe algo no horizonte, que pode trazer abruptamente, preocupações para a comunidade internacional?

Sim, o sol. De fato, o aquecimento global e suas incontornáveis consequências é a maior ameaça ao bem-estar e à segurança internacional. Eventos climáticos extremos e alteração da normalidade meteorológica causarão profundas alterações no modo de viver e na distribuição do poder mundial nas próximas décadas. Seus efeitos recairão sobre toda a Humanidade, com distribuição assimétrica dos danos e riscos em desfavor dos mais pobres. Este será o grande fator desestabilizante do mundo.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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