A ascensão da extrema-direita em diversos países ao redor do mundo é um fenômeno complexo, impulsionado por uma interseção de fatores econômicos, sociais e culturais. Políticos carismáticos, como Geert Wilders na Holanda, Jair Bolsonaro no Brasil, Donald Trump nos EUA, Javier Milei na Argentina, Viktor Orbán na Hungria, Matteo Salvini e Giorgia Meloni na Itália e Marine Le Pen na França, emergiram como líderes desses movimentos, cada um capitalizando aspectos específicos do descontentamento público.
A globalização, por um lado, trouxe prosperidade econômica, mas, por outro, exacerbou as disparidades sociais. A desigualdade econômica crescente alimenta a insatisfação entre as classes trabalhadoras, criando um terreno fértil para a mensagem populista da extrema-direita. A promessa de restaurar a soberania nacional e proteger os interesses dos cidadãos “esquecidos” ressoa entre aqueles que se sentem marginalizados pelo avanço econômico globalizado.
A imigração também emerge como um tema central. Em um mundo onde as fronteiras estão se tornando cada vez mais permeáveis, a preocupação com a perda da identidade nacional é explorada habilmente pelos líderes da extrema-direita. A mudança demográfica rápida e a diversidade cultural resultante criam um terreno propício para o surgimento de movimentos que prometem preservar a “essência” da nação.
A ascensão da extrema-direita está intrinsecamente ligada à promessa de restauração de uma ordem social que, na percepção desses movimentos, está sob ameaça. A retórica nacionalista, muitas vezes acompanhada por apelos à supremacia cultural, atrai eleitores preocupados com a perda de valores tradicionais e a diluição da identidade nacional.
A retórica incendiária de líderes como Jair Bolsonaro no Brasil e Donald Trump nos EUA (com a mentoria tácita do controverso Steve Bannon) também desempenha um papel fundamental. A polarização política intensa, caracterizada por uma abordagem “nós contra eles”, contribui para uma fragmentação social que favorece a ascensão de líderes autoritários. Esses políticos frequentemente apresentam-se como defensores da “verdade” contra uma elite globalizada e corrupta, criando uma narrativa simplificada que ressoa com eleitores desencantados.
Além disso, a disseminação de notícias falsas e teorias da conspiração alimenta a desconfiança nas instituições tradicionais, fortalecendo a narrativa anti-establishment da extrema-direita. A descrença nas instituições democráticas e a percepção de que a política tradicional falhou abrem caminho para propostas autoritárias que prometem uma nova ordem baseada na suposta vontade do povo.
No cenário internacional, líderes da extrema-direita muitas vezes encontram apoio mútuo. O exemplo de Viktor Orbán na Hungria, que promove uma visão de “democracia iliberal”, encontra eco em outros líderes populistas. O intercâmbio de estratégias e ideias entre esses movimentos contribui para a consolidação de uma rede global de políticos nacionalistas.
Em síntese, a ascensão da extrema-direita em diversos países é resultado de uma combinação complexa de fatores. A globalização, a desigualdade econômica, a questão da imigração, a polarização política e a retórica populista formam uma teia intrincada que sustenta esses movimentos. Compreender essa dinâmica é crucial para enfrentar os desafios que a ascensão da extrema-direita apresenta à estabilidade democrática e à coesão social.
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