Felipe Matos tem mais de 20 anos de experiência na área do empreendedorismo tecnológico. As iniciativas que liderou já apoiaram mais de 10 mil startups e geraram mais de R$ 600 milhões em investimentos. Ao longo de sua carreira, tem desempenhado múltiplos papéis, como empreendedor em série, acelerador, investidor anjo, venture capitalist, gestor de programa de política pública, escritor, palestrante, consultor, pesquisador e evangelizador, com atuações no Brasil e em mais de 10 países, o que lhe dá uma visão ampla e diversa sobre os desafios do empreendedorismo inovador em mercados emergentes. É fundador da aceleradora Startup Farm e do grupo Instituto Inovação, do qual fazem parte a consultoria Inventta e a gestora Inseed Investimentos. Foi diretor do programa Startup Brasil, no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações. Fundou aos 16 anos o primeiro aplicativo móvel da América Latina, o Girando. Atua como conselheiro de diversas empresas e iniciativas no Brasil e exterior. Palestrante reconhecido, busca apresentar sempre casos reais em suas falas sobre startups, ecossistemas de inovação, transformação digital e futurismo. É autor do livro “10 mil startups – Guia prático para criar e crescer sua startup”. Atualmente é Head of Startup Ecosystem da empresa pernambucana de tecnologia de localização In Loco. “Não basta ser inovador para ter sucesso”, afirma.
Felipe, empreender é um “esporte” de alto risco?
Acho essa uma comparação perigosa. Até porque, a estabilidade profissional dos empregos tradicionais também vem sendo cada vez menos real nesse mundo em constantes transformações. É claro que empreender envolve riscos. Mas também gera aprendizado e evolução pessoal e profissional de forma incomparável. Falando nisso, qual o “risco” de tornar-se muito bem-sucedido em 2 ou 5 anos trabalhando num emprego fixo?
Como o empreendedor deve lidar com o risco?
Risco faz parte de qualquer negócio, se for inovador então, é quase uma premissa. Para lidar com ele, é preciso primeiro, entender que todos os elementos do seu modelo de negócio, especialmente no começo, são dinâmicos. Trate-os como hipóteses a serem validadas. Teste antes de investir muito tempo em uma direção, assim, se der errado, você falha rápido e usa o aprendizado para direcionar melhor os próximos testes.
E você, como lida com o risco?
Acho que mudando a relação que a maioria das pessoas tem com a falha. Falhar é o único caminho para o acertar. O importante é fazer isso de forma controlada e rápida, minimizando os dados e maximizando os aprendizados. Cair e se machucar faz parte do processo. É preciso saber caminhar por esse processo com mais leveza.
O empreendedorismo tornou-se um assunto glamourizado em alguns veículos midiáticos?
A mídia precisa chamar atenção para vender. Histórias de sucesso vendem. O que não aparece com essa frequência é que para cada história de sucesso, há inúmeros fracassos. Não conheço nenhum empreendedor bem-sucedido que não passou por vários perrengues e negócios malsucedidos antes. Empreender dá trabalho, exige muito esforço, comprometimento e dedicação e a recompensa demora.
Como um empreendedor pode avaliar uma mentoria que fará uma diferença real para o seu negócio?
Na verdade, não acho que dá para “avaliar uma mentoria” antes de tê-la. E também não acho que nenhuma mentoria faz diferença para o negócio sozinha. É o que o empreendedor vai aprender com ela e como vai aplicar, na prática, esse aprendizado. Um bom caminho para uma boa mentoria é ter em mente boas perguntas e indagações sobre o negócio. Muitas vezes, os empreendedores chegam numa mentoria sem clareza de quais são os problemas que estão buscando resolver e aí ela pode se tornar pouco produtiva.
Existe alguma política pública de apoio ao empreendedorismo no Brasil que podemos destacar?
Existem várias boas iniciativas, como o Startup Brasil do MCTIC, o InovAtiva do MDIC, Seed do Governo de Minas Gerais, o programa Conexão Startup Indústria, da ABDI… O principal problema para mim, é que essas políticas públicas acabam tendo vida curta, por serem muito dependentes dos tempos de mandatos dos governos. É importante que tenhamos políticas públicas mais perenes, com visão de longo prazo. Nesse sentido, o BNDES através dos fundos Criatec tem feito um bom trabalho, mas que precisa ser expandido.
O que faz você investir em uma ideia?
Nada. Não invisto em ideias. Invisto em pessoas e sua capacidade de execução. Ideias valem muito pouco, sem uma boa equipe, não valem nada. Dito isso, é importante que os projetos busquem resolver problemas claros, em mercados que sejam grandes o suficiente para absorver o crescimento futuro de uma grande empresa. Uma boa equipe em um bom mercado transforma uma ideia ruim em um bom negócio (depois de algum tempo de aprendizado e mudanças de rumo). O contrário não é verdade. Uma ideia maravilhosa com uma equipe fraca não dá em nada.
A cultura startup está bem difundida em nosso país?
Vem crescendo muito nos últimos anos. Casos de sucesso, a mídia, o crescimento do setor e as tendências de transformação digital tomando conta de diversos aspectos da nossa vida contribui para isso, mas ainda há muito caminho pela frente.
Que pilar você acredita ser o principal dessa cultura?
São vários. O crescimento do uso da internet e as transformações que ela trouxe nas novas gerações, que encaram a conectividade, o aprendizado e o próprio trabalho de forma muito diferente são alguns elementos dessa mudança cultural. A cultura startup é mais dinâmica, flexível, informal, rápida, que vê o trabalho de forma mais conectada com um propósito.
Como tem sido o papel das aceleradoras neste cenário?
As aceleradoras têm contribuído fortemente para a disseminação dessa cultura, preparação dos empreendedores e descoberta dos novos negócios nas fases iniciais.
Inovação é a palavra-chave para uma startup que queira obter êxito em sua jornada?
Acho que não. Execução é a palavra-chave. Não basta ser inovador para ter sucesso. Aliás, nem é necessário, embora desejável. Capacidade de entregar, com competência, associada à resiliência e flexibilidade para enfrentar os muitos obstáculos, são muito mais importantes.
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