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Fisioterapeuta cria healthtech de prevenção

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A TechBalance foi fundada pela fisioterapeuta Fabiana Almeida, especialista em traumatologia e ortopedia, a partir do seu histórico na assistência de pacientes com dores e lesões. A família de Fabiana sempre foi de negócios e do seu marido, de TI. Quando a TechBalance surgiu, ela buscava uma nova aplicação para sua prática profissional, motivo pelo qual, se aplicou a um mestrado. Ela não entrou no mestrado e abriu uma empresa, com o projeto científico já bem encaminhado, com patente e validações, já dentro do mercado. Para a primeira prova de conceito clínica da TechBalance, Fabiana trouxe sócios complementares e capital: a POC foi desenvolvida em parceria com profissionais da Amil, HC, UFRJ, encaminhando desde o início para esta interseção entre as áreas de negócios, ciência e tecnologia. Os novos desafios, como desenvolvimento de equipe, mercado e captação de mais recursos trouxeram a dinâmica de trabalho que Fabiana buscava, mas esta jornada foi cheia de altos e baixos e contou com dois “quase quebrar” no percurso. Primeiro na fase de MVP, pelo recurso insuficiente frente à complexidade do produto que estava sendo desenvolvido; depois, no rompimento do desafio dos primeiros clientes pagantes. O projeto precisou ser pivotado 100% do original, de um hardware de monitoramento contínuo para o risco de quedas entre idosos, para um software aplicativo e site de diagnóstico preditivo digital para exames de risco de quedas e lesões.

Fabiana, a TechBalance é o negócio da sua vida?

Sim, tanto é que estou dedicando os anos mais produtivos da minha vida.

Por que é tamanha a convicção na healthtech?

Porque no mercado de saúde brasileiro, quem dita as regras é a demanda, regulada pelo compliance das empresas. A demanda por exercício e prevenção de lesões e quedas é latente, agora agravada pela pandemia, entre jovens do corporativo e idosos, em geral. TechBalance é uma solução viável para escalar e engajar as pessoas para os programas preventivos. O mercado estava reticente para abordar a prevenção, por desinteresse financeiro, mas agora o assunto começa a se tornar prioritário, com os custos do envelhecimento batendo na porta e o problema da baixa produtividade dos funcionários nas empresas, ligada à insatisfação. Não tem como, a solução é atividade física.

Como a TechBalance se encontra nesse setor?

É uma empresa nascente que começa ser reconhecida e a ganhar escala. A praticidade na execução do teste e a boa comunicação do laudo com a linguagem dos profissionais é um diferencial.

Quais são as características que você considera como únicas nesse ramo?

Entregar valor real. Existe muita dificuldade em abrir mercado e catequisar sobre uma nova forma de pensar saúde e gerar receita. Quando se fala em inovação tecnológica num país como o Brasil, de baixa estrutura e fomento, o nível de dificuldade se eleva ainda mais. As barreiras para se alcançar um produto inovador com valor real para saúde são muitas. Chegar no nível de fazer diferença real para o negócio, profissional e usuário, envolve eficiência tecnologica, de gestão e técnico-científica aplicada. É bastante coisa complexa para se coordenar e acertar.

A prevenção da saúde com o auxílio da tecnologia mudou com o aparecimento da Covid-19?

Sim. Ficou claro o poder da prevenção. Hoje li um artigo com mais de 1M de participantes que comprovou que praticantes de atividade física tiveram desfechos menos lesivos, nos casos Covid. Dado que o cliente do mercado de saúde está impactado por essas novas certezas, o mercado será obrigado a se adequar, ou vai perder terreno. O cliente está de olho nisso e o mercado atende o cliente.

As quedas foram menores com essa prevenção?

Comprovamos com mais de 1100 pacientes acompanhados por um ano numa parceria com Unimed Rio Preto, que eles melhoraram 60% da parte motora. Na minha prática profissional com mais de 20 anos trabalhando diretamente com prevenção física de lesões e reabilitação eu sei que este cenário irá se traduzir em prevenção efetiva de quedas (em números). Estamos mapeando para objetivamente comprovar, mas prevenção é estilo de vida. Para mapear desfechos de estilo de vida é necessário bastante estrutura, como, por exemplo, as políticas públicas de prevenção de doenças do coração, que possuem interesses de negócio por trás, para sustentar o modelo. O que estamos desenvolvendo também para a prevenção de quedas.

Como os dados moldam essa tecnologia em sua visão?

Através dos dados é possível conhecer a realidade em massa. Apesar de muito relevantes, os estudos acadêmicos nem sempre representam a prática de vida cotidiana ou a massa populacional, pois, estão quase sempre reduzidos às amostras de 100-200 vidas com método de estudo em ambiente controlado. Os dados são o contrapeso de massa para os assertivos conhecimentos gerados pelos estudos acadêmicos. No caso da TechBalance, usamos os dados para unir o conhecimento de massa aplicado na técnica acadêmica: por exemplo, usamos machine learning hoje para vistorias. As avaliações conduzidas por fisioterapeutas e em breve, as avaliações poderão ser totalmente automatizadas, com um nível de assertividade igual a de 13.000 profissionais qualificados, deixando o tempo deles, para os pacientes e não para o procedimento.

Quais as grandes descobertas que a TechBalance fez com o uso desses dados?

Que a artrose é mais prevalente entre idosos brasileiros que a diabetes, por exemplo (9% dos idosos possuem artrose e 6% diabetes). Atualmente temos politicas públicas para prevenção do diabetes e não temos para a artrose, por exemplo. Que a análise postural consegue anteceder em 20 anos o risco de lesão das pessoas. Estamos nos aprofundando nesse segundo dados, mas isso explica porque pessoas de 60-65 anos totalmente ativas e independentes não se sentem parte da necessidade de prevenção, afinal, eles não estão sentindo quase nada que crie consciência nelas, que talvez elas precisem de uma mudança no estilo de vida. No entanto, os dados apontam, que a análise estabilométrica realizada pela TechBalance aponta essas informações antes mesmo da consciência dos avaliados.

O alcance da healthtech está dentro do previsto?

Não. Infelizmente fomos surpreendidos com a pandemia em um mercado imaturo para o desenvolvimento de inovação tecnológica. Entendo que esse resultado é generalizado e no mundo todo. A realidade é que inovação é uma jornada de “dois quereres”: quem desenvolve e quem compra. No entanto, não vejo isso como negativo: A TechBalance tem a vantagem de ter se desenvolvido com baixo investimento. Significa que deve menos que outras healthtechs altamente capitalizadas. Apesar do tempo para o retorno dos investimentos realizados estar se caracterizando como maior que o esperado, estamos muito próximo do equilíbrio das contas e receitas, já com um entendimento maduro sobre a proposta de valor e mercado, pontos necessários para uma escala com lucro, que é o que interessa e quase nenhum negócio de inovação no mundo, mesmo os mais conhecidos e grandes, está conseguindo.

Como tem sido o engajamento dos usuários?

Cada vez mais relevante. O nosso acesso ao mercado começou a crescer agora, mas tem mostrado bastante potencial, já que aqueles clientes que conseguem operacionalizar o negócio Techbalance em sua prática, conseguem de fato ver o valor percebido da solução; agregando tanto como novas receitas pela redução de sinistros ou revenda de laudos, mas também no impacto e fidelização dos usuários, que gostam e se sentem bem atendidos pela nossa tecnologia.

Quais os avanços esperados pela TechBalance para o ano de 2022?

Implementamos o machine learning para desvincular os exames de modelos definidos de celulares e fazer auditoria das avaliações dos fisioterapeutas, como aprendizado de máquina. Entramos no corporativo e validamos o potencial de predição de risco para qualquer idade de paciente, mesmo entre pessoas de 20 anos, por exemplo. Iremos atingir o breakeven para sustentabilidade do negócio e crescimento eficiente, daqui para frente.


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