O Cambada Mineira, que está completando 20 anos de estrada, comemora com show ‘Mineirês’, no Teatro Rival, na Cinelândia, Rio, amanhã (22/10). Liderado por Amarildo Silva e João Francisco Neves o grupo apresenta uma música vibrante, com belos vocais e vigorosos violões e suas deliciosas releituras dos clássicos mineiros. No novo show, agora com o time reforçado por Tiago Mainenti na voz e violão, o Cambada passeia por seu repertório autoral extraído de seus CDs e releituras. O primeiro disco do grupo foi lançado em 1999 quando ainda era uma espécie de cooperativa de músicos mineiros residentes no Rio. Em 2000, o segundo CD “Cambada 2” foi lançado. Em 2003 gravou o “Ao Vivo”, no Teatro Nelson Rodrigues no Rio de Janeiro e esse disco concorreu ao prêmio SHARP de música daquele ano. Em 2006 o Cambada Mineira lançou o CD “Meu Recado” contando com a luxuosa participação de grandes músicos como Wagner Tiso, Toninho Horta, Vitor Biglione, Marcio Montarroios, Zé Renato e foi premiado como o terceiro melhor disco de MPB do ano, ficando atrás do primeiro colocado, Chico Buarque e do segundo colocado, Caetano Veloso. Graças a esse CD o Cambada mostrou sua música por todo o país. Em 2012 lançou o CD e DVD “Urbana Fanzine Agora”. Com nova formação, o grupo retorna ao palco e cai na estrada em turnê nacional, além de estar preparando um novo disco.
Amarildo, muitos dizem que a música salva. Em que momento a música lhe salvou?
A música me salva sempre, pois, é a minha fé, minha religião, mas o momento mais significativo foi ainda na minha adolescência, pois, ali descobri que eu ficaria junto com ela pelo resto da vida.
Como a influência de Minas transborda em sua música?
Minas é a fonte de inspiração, meu horizonte cultural e o Clube da Esquina a escola que continua me ensinando.
Qual o principal pilar do Cambada Mineira depois desses 20 anos?
Fazer música de qualidade, não transigir diante dos modismos e oportunismos baratos que guiam o cenário da MPB nos últimos tempos.
Como esse pilar é irrigado para que ele nunca se perca?
Pra não fugir desse pilar é preciso ter muita certeza de qual é o papel da música na sua vida. A música é um elemento de preservação da memória cultural e de identidade de um povo, de acúmulo de conhecimento e de autoafirmação. Por isso ela tem que estar sempre ligada de alguma forma à nossa memória cultural.
Qual a sua influência como líder da banda, ou seja, quando a sua visão musical e experiência orientam o todo?
Não sou líder da banda, o Cambada Mineira é um grupo que desde o início buscou a horizontalidade nas discussões sobre a nossa trajetória musical, discutimos tudo e sempre buscamos o consenso, temos muitas afinidades e o compromisso com a qualidade musical.
Quais as maiores dificuldades em se fazer música em nosso país?
Não existe uma política governamental que entenda a cultura como algo essencial na construção de uma nação. Por isso não existem incentivos para dar vazão a tantos talentos que existem, tanto na música, como em outras áreas da cultura, como, por exemplo, o cinema, o teatro e a literatura. Então, o que prevalece é a arte voltada para o consumismo impulsionada pelas grandes mídias, que, na verdade, não tem compromisso com qualidade.
E as maiores alegrias?
As maiores alegrias, são quando o artista tem o retorno das pessoas que ouvem sua obra e lhe ajudam a reproduzi-la de uma forma desinteressada, somente pelo prazer de se estar multiplicando algo que lhes deixam felizes. Aí o artista olha e sente que nem tudo está perdido.
Do repertório da Cambada, gostamos muito da música “Laranjeira”. Como se deu a criação da canção que teve participação do violinista Nicolas Krassik (que também já entrevistamos)?
Essa canção é autobiográfica, fala da minha infância em Minas Gerais. Foi logo quando cheguei no Rio de Janeiro, no início dos anos 80. Bateu uma saudade muito grande de casa e então saí escrevendo sobre essa saudade, depois musiquei.
No mundo musical sempre se fala em legado. Existe algum legado que é cultivado diariamente pelo Cambada Mineira?
Existe uma preocupação diária nossa, com a qualidade musical, com a verdade. A música tem que trazer sempre a verdade dos sentimentos, esse é o nosso legado.
Quais elementos são absorvidos quando músicos renomados simpatizam e cooperam com um trabalho como o seu?
Acho que qualidade da obra do Cambada foi o que despertou o interesse e carinho de artistas importantes da nossa música, como Toninho Horta, Fernando Brant, Wagner Tiso, Tulio Mourão, Lô Borges e tantos outros. Também essa ideia da música como elemento agregador de amizades e bons sentimentos, que foi a máxima do Clube da Esquina.
O que lhe move para continuar fazendo o seu trabalho com tanto apuro e excelência?
A certeza de que primeiramente a música é como o ar que respiro, é essencial à minha vida. E também a compreensão de que é através da arte que poderemos alcançar grandes transformações na construção de uma sociedade mais justa e voltada para a humanidade.
Eder Fonseca é o publisher do Panorama Mercantil. Além de seu conteúdo original, o Panorama Mercantil oferece uma variedade de seções e recursos adicionais para enriquecer a experiência de seus leitores. Desde análises aprofundadas até cobertura de eventos e notícias agregadas de outros veículos em tempo real, o portal continua a fornecer uma visão abrangente e informada do mundo ao redor. Convidamos você a se juntar a nós nesta emocionante jornada informativa.
João Augusto Amaral Gurgel, conhecido como João Gurgel, foi um visionário da indústria automobilística brasileira.…
Ao longo da história, as celebrações e eventos excessivos refletem os costumes e valores de…
Nos últimos anos, o Mato Grosso tem despertado a atenção de investidores e especialistas em…
A década de 1990 foi um marco na televisão brasileira. A disputa pela audiência entre…
No cenário do luxo e da alta moda italiana, poucos nomes carregam tanto peso e…
A figura de John Montagu, o 4º Conde de Sandwich, é mais associada à invenção…